
Nossa mente experimenta as sensações que o nosso corpo proporciona a medida em que o cérebro se desenvolve e assim o permite. Para cada momento que a criança está vivendo, seu cérebro também está se desenvolvendo e permitindo que ela perceba o mundo ao seu redor, novas partes do corpo e novas sensações. Você pode ficar tranquila que para essas novas vivências e aprendizados a mente tem uma resposta adequada, um programa capaz de proporcionar a ela uma experiência equilibrada. Assim como a mente da criança fez com que ela respirasse no exato momento em que foi cortado o cordão umbilical, a mente também é capaz de guiá-la nas demais necessidades.
Sexualidade é diferente de sexo
A sexualidade é uma das experiências naturais e mais bonitas que todo ser humano poderá vivenciar em sua vida. Está deturpada e vulgarizada, mas a criança – ao se desenvolver – está sendo naturalmente preparada para a experiência natural e intrínseca da sua espécie. O que pode desviá-la deste caminho é a exposição ao que se vive hoje neste quesito: uma exposição anti-natural e exagerada.
Muitos pais se assustam diante das primeiras constatações de uma sexualidade latente em seus filhos pequenos e não sabem lidar com isso. A verdade é que deviam se alegrar, pois lhes mostra que a criança está se desenvolvendo corretamente. Sexualidade não é sexo. Sexualidade é a capacidade que o todos deveriámos ter de vivenciar um relacionamento sexual equilibrado. A sexualidade é natural, pessoal e saudável. Através do desenvolvimento equilibrado da sexualidade infantil é que nos tornaremos adultos capazes de uma vida sexual ativa e prazerosa. E uma vida sexual dentro desses parâmetros é que vai evitar muitos dos desvios e adoecimentos psicológicos que abarrotam os consultórios nos dias de hoje.
Sexualidade é um processo que prepara o seu filho para o sexo futuro. Simples assim. Nada há de pecaminoso ou passível de punições. Sexualidade é individual, sexo é a dois.
Como se dá a sexualidade na infância

A medida que a criança cresce o cérebro vai se desenvolvendo e permitindo que sua mente perceba partes do corpo que lhe proporcionem prazer. O corpo libera esta energia acumulada por vários canais. Porém a mente da criança, por o cérebro ainda estar em desenvolvimento, não registra esta liberação em todos os canais imediatamente. Isto vai acontecendo aos poucos. No início a criança só consegue perceber isto através da boca. Isto pode ser observado quando o bebê mama pois você consegue perceber claramente como ele,além de se alimentar, se acalma e entra numa espécie de torpor e logo adormece com um semblante de prazer total. Isto acontece porque ele se livrou do que a incomodava: a sensação de fome.
Logo depois o cérebro se desenvolve mais um pouco e a mente então pode registrar a sensações anais. A sensação de prazer quando as fezes passam pelo esfíncter, pois neste momento ele sente o quanto esta energia densa dentro dele causa incômodo e quando liberada a deixa leve.
Após esta fase, o cérebro então se desenvolve mais e permite agora que a criança perceba as sensações genitais. Ela vai perceber que ao tocar nesta parte do corpo sente algo diferente, uma espécie de “choquinho” por isso ela se toca. Ela faz isto sem qualquer conotação com o sexo em si. Ela ainda não tem conhecimento sobre sexo em toda a sua extensão.
É um erro punir a criança nestes momentos em que está se tocando. Não há maldade nisso.
Ela está apenas experimentado novas sensações. Entendendo isso fica claro que nestes momentos o mais importante é direcioná-los para outras fontes de prazer.
O que fazer quando percebo que a criança está descobrindo sua sexualidade?

Este momento normalmente ocorre por volta dos 2,5 a 3 anos de idade. Quando você presenciar estes primeiros momentos em que a criança estiver se tocando, saiba que isso é normal e você deve tratar este momento como algo normal de fato, oferecendo à criança outras “opções” sem dar muita ênfase ao ato. Diga a ele ou ela:
“venha cá meu filho tem a brincadeira mais legal que essa. Venha que eu vou lhe mostrar.”
E brinque com ele(a) de outra coisa. Realizar este trabalho é especialmente importante. Isso porque a criança vai registrando em suas memórias a informação de que esta experiência é apenas uma entre outras tantas fontes de prazer, ao invés de criar um registro de “algo proibido” ou “algo que não deve ser feito” ou mesmo algo “de extrema importância” .Ela registra este fato como mais uma experiência natural em sua vida, o que torna este momento saudável e encaminhado de maneira simples.
Por quê é importante tratar a sexualidade de maneira natural?

Aquilo que consideramos “maldade” em relação à sexualidade ainda não faz parte do mundo da criança. O que ela está fazendo quando se toca ou se masturba é experimentar uma das sensações que o corpo lhe proporciona. Caso seja punida severamente nessas primeiras experiências pode registrar numa memória de que esta fonte de prazer é proibida e então sua mente tentará protegê-la de punições futuras anulando as sensações nesta parte de seu corpo.
Assim, uma vez adulta, quando o sexo lhe for permitida e for algo de importância crucial em sua vida, sua mente a impedirá que ter prazer. E então você vai encontrar mulheres que são incapazes de obter orgasmos e doenças ligadas ao sistema reprodutor, homens com impossibilidades de ereção, ejaculação precoce e tantas outras dificuldades relacionadas à prática sexual.
Para finalizar
Entenda que em cada fase, seu filho apresentará comportamentos que são apenas consequências de seu desenvolvimento. Fique atenta para a maneira como VOCÊ vê o mundo não ser a maneira como você julgará suas atitudes. A vida é leve e deve ser vivida com leveza. Sem opressões indevidas, sem julgamentos e punições desnecessárias. A criança continuará se desenvolvendo e sua mente continuará preparando-a para a vida adulta no ritmo dela. Deixe que isto aconteça naturalmente. O seu papel é direcionar os seu caminhos para o equilíbrio. Equilíbrio é o ponto de saúde mental. Então, apenas direcione seus aprendizados com clareza sem incentivos descabidos, sem sexualizá-la mas também sem amedrontá-la com castigos, punições e principalmente, cadeias mentais de pecados que só existem mesmo na imaginação de quem os analiza.