Já foi provado: somos seres movidos pelo gozo. Quase tudo o que fazemos tem, no fundo, o mesmo propósito — um pouco de dopamina. Esse neurotransmissor, associado ao prazer e à motivação, rege nossas escolhas mais simples e, às vezes, as mais perigosas.
Nos últimos anos, o palco da vida mudou drasticamente. O que antes era brincadeira no quintal, na rua, na calçada, agora se restringe ao ambiente interno dos quartos. As crianças de hoje cresceram imersas em um mundo digital, onde a interação com o outro ocorre por meio de telas. Nessas novas “brincadeiras”, não há toque, cheiro, nem o encontro de olhos que humaniza e aprofunda as relações. Em muitos casos, nem há outro humano do outro lado: apenas a máquina.
A Máquina do Prazer: O Design por Trás dos Jogos
Os jogos eletrônicos se tornaram os novos companheiros de infância. Mas não são apenas passatempos inocentes. Eles são cuidadosamente projetados para satisfazer. A cada fase, a cada vitória, há uma descarga de dopamina, o sistema de recompensa cerebral se acende como fogos de artifício, reforçando o comportamento. A criança sente prazer. O cérebro aprende que aquele estímulo vale a pena.
Mas a satisfação não é neutra. Muitos dos jogos mais populares hoje envolvem lutas, guerras, batalhas de conquista. Para avançar, é preciso eliminar o outro. E, aqui, acende-se um novo alerta: não se trata apenas da alegria de vencer, mas também da excitação envolvida em destruir.
A pergunta é inevitável: estamos treinando, desde cedo, a mente para associar o ato de aniquilar ao sentimento de prazer?
“Aquilo que é repetido com prazer se inscreve fundo na alma.”
A mente infantil, ainda em formação, grava não apenas o gesto, mas o que ele desperta. Quando o prazer está ligado ao ato violento, cria-se um caminho neurológico que busca, compulsivamente, reviver a sensação.
Gozo e Poder: Quando a Violência se Torna Desejo
Somos, em parte, mamíferos primitivos. Reagimos a estímulos com impulsos emocionais intensos. Quando um jogo proporciona uma sensação de domínio, de poder, ele alimenta não só o ego, mas um instinto arcaico de sobrevivência e supremacia.
Em certos contextos, o prazer não vem da vitória, mas do ato violento em si. É um desvio sutil e perigoso. A criança, o adolescente, o adulto que joga, começa a desenvolver uma relação afetiva com a violência: ela não é apenas um meio, mas um fim desejável. O gozo pelo dano causado passa a ser o objetivo, mesmo que inconscientemente.
E sabemos: tudo aquilo que gera prazer tende a se repetir. Esse é o ciclo do vício. A dopamina vicia. E, quando a violência é a fonte do prazer, o vício pode ser nela.
A repetição contínua de ações violentas como entretenimento desgasta a empatia. Aquilo que era inaceitável se torna trivial. O que era perturbador, vira costume.
Consequências Reais: A Violência Que Transborda da Tela
O que vemos nas ruas, nas escolas, nas famílias, pode ter raízes mais profundas do que imaginamos. A crescente agressividade entre crianças e adolescentes, os conflitos explosivos nos ambientes escolares, os surtos de violência aparentemente sem motivo entre adultos: tudo isso pode ser, em parte, fruto de um processo silencioso de dessensibilização.
Quando o prazer se mistura com o dano ao outro, quando a violência se torna entretenimento diário, os limites morais se embaralham. A mente deixa de distinguir com clareza o que é jogo e o que é vida real. Ficamos, então, com uma pergunta crucial — ou talvez, com uma resposta que se impõe:
Será que o prazer associado à violência digital está formando uma geração emocionalmente condicionada ao ataque?
O Que Estamos Alimentando?
Somos movidos por prazer. Isso é humano. Mas também somos os únicos seres capazes de refletir sobre nossos próprios impulsos, e educá-los.
A tecnologia não é vilã. Os jogos não são monstros. Mas é nossa responsabilidade — como sociedade, pais, educadores, criadores de conteúdo — entender o que está sendo cultivado dentro das telas. O que estamos ensinando, sem perceber? Que sensações estamos reforçando?
A mente humana é fértil. Aquilo que nela plantamos, cedo ou tarde, floresce, para o bem ou para o mal.
Pense nisso: o que você está ajudando a florescer nas próximas gerações? O que o conteúdo que você cria, o trabalho que você faz, os comentários, as palavras que usa ou mesmo as emoções que expressa está imprimindo nas mentes e corações dos mais jovens?
Na semana do dia dos namorados, muitos casais celebram o amor. Mas, ao observar atentamente os casais ao nosso redor, percebemos algo desconfortável: há casais que já não se olham com paixão, que compartilham a casa, os filhos, as contas — mas não mais o encantamento. A admiração, ingrediente essencial do amor romântico, parece ter desaparecido.
Curiosamente, esses casais costumam estar juntos há anos. E é comum perceber que o distanciamento parte, com frequência, da mulher. Muitos podem contestar esse ponto dizendo que os homens também são responsáveis, que há infidelidades, omissões, desrespeito. Tudo isso pode ser verdade. Mas o que queremos refletir aqui é por que tantas mulheres perdem o interesse e a admiração por seus maridos especialmente após a chegada dos filhos.
Quando a Mulher Vira Mãe do Marido
Há uma verdade silenciosa em muitos relacionamentos: mulheres carregam, além das responsabilidades do lar e da maternidade, o fardo de serem também mães emocionais de seus parceiros. Em vez de serem cuidadas, elas cuidam. Em vez de serem protegidas, elas protegem.
Esse desequilíbrio se agrava quando a mulher se torna mãe de verdade. Antes da chegada do filho, ela até sustenta esse papel ambíguo com certo prazer — sente-se importante, necessária. Mas ao segurar seu próprio filho nos braços, tudo muda. Ela experimenta a maternidade autêntica e, de repente, percebe que não há mais espaço para dois filhos em sua vida. O marido, agora visto como alguém fraco, dependente, perde o status de parceiro. Torna-se um peso.
“Uma mulher só deseja o homem que ela pode admirar. Quando a admiração se vai, o amor romântico acaba.”
O Colapso do Triângulo Amoroso
O homem, sem entender o que aconteceu, sente a distância crescer. Tenta se reaproximar, tenta reconquistar, mas muitas vezes o estrago já está feito. A mulher, agora fortalecida pela nova identidade de mãe, se sente completa em cuidar do filho — e já não vê o marido como parte essencial do núcleo.
Esse afastamento silencioso gera um novo arranjo familiar. A criança ocupa o lugar central da relação. A mulher se torna figura de liderança, de proteção, de direção. O homem passa a ser tratado como um coadjuvante, às vezes como uma criança. E ele, por falta de consciência ou por comodismo, aceita esse papel.
O Fim da Admiração e a Morte do Enamoramento
O Dia dos Namorados se torna então uma data vazia para esses casais. Trocam presentes, postam fotos, mas há um abismo entre o que se mostra e o que se vive. A frase mais ouvida entre eles é: “Já fomos namorados, hoje somos casados.” Como se o casamento viesse com a cláusula de renúncia ao amor leve, ao encanto, à admiração. Mas isso não precisa ser assim.
O amor amadurecido não deveria anular o enamoramento, mas sim elevá-lo. O casamento não é o fim do romance — é a oportunidade de torná-lo ainda mais profundo. Quando um homem se torna verdadeiramente parceiro, forte em sua vulnerabilidade, presente com responsabilidade, ele continua sendo visto como o protetor. E quando uma mulher pode descansar em sua feminilidade, sentindo-se amada, ela continua sendo amante e companheira — não apenas mãe.
Ainda É Possível Estar Enamorado?
Sim. Mas exige consciência. Exige que o homem assuma o seu papel de forma madura, sem delegar à parceira o trabalho emocional que é dele. Exige que a mulher reconheça que não precisa carregar tudo sozinha — e que, para isso, pode escolher se vulnerabilizar com quem é digno da sua confiança.
Amor não é só cuidado — é também admiração, inspiração, desejo, respeito. E o Dia dos Namorados pode ser uma excelente oportunidade para que os casais reflitam: ainda nos admiramos? Ainda nos vemos como parceiros? Ou estamos apenas dividindo responsabilidades?
“Estar casado não é sinônimo de ter deixado de ser namorado. O verdadeiro desafio é continuar enamorado apesar da rotina, das dores e da passagem do tempo.”
Que cada um reflita: em meu relacionamento, ainda há espaço para o amor adulto, aquele que respeita, admira e deseja? Ou deixamos que o vínculo se perdesse na zona de conforto dos papéis mal definidos?
Entre a Liberdade e a Prisão: As Contradições do Nosso Tempo
O que está havendo conosco? Esta pergunta ecoa no ar, como um sussurro inquieto da consciência coletiva. Vivemos tempos estranhos em que lutamos pelo direito de não sermos mães — levantando bandeiras como a legalização do aborto — e, simultaneamente, ansiamos intensamente pela experiência da maternidade direcionando nosso olhar a filhos pets e bebês reborn.
Nos vemos presas em armadilhas que nós mesmas construímos. Rejeitamos a masculinidade, clamamos por homens mais frágeis que demonstrem menos força e mais afeto. E, ao mesmo tempo, absorvemos para nós mesmas as cargas da rigidez, da dureza, da pressa e do desafeto que antes criticávamos neles. Lutamos por liberdade, mas criamos novas prisões — internas, invisíveis, alimentadas por expectativas que não vêm da natureza, mas da norma.
“A liberdade que não reconhece os próprios limites logo se transforma em uma nova forma de opressão.”
O Grito da Natureza: Quando a Simplicidade É Suficiente
Nos declaramos imparáveis, independentes, livres. E de fato somos. Mas será que não estamos nos afastando demais de algo essencial? A natureza, que nos formou e nos abriga, continua sussurrando verdades simples e poderosas. Ela nos mostra que há beleza e equilíbrio em cada papel, em cada função, em cada força que se manifesta no universo.
Há a força masculina, a força feminina — e nenhuma delas é superior ou inferior. Elas se complementam como o sol e a lua, como o mar e a areia. Quando se unem em harmonia, geram ondas imensas de criação, movimento e vida.
Negar o que somos por essência — não por construção, não por imposição — nos afasta da nossa própria alma. Ao rompermos com o natural em nome do normal, abrimos espaço para um vazio que nada consegue preencher.
A Dor da Desconexão: Quando Não Sabemos Mais Quem Somos
Nos transformamos tanto — por dentro e por fora — que às vezes não reconhecemos mais a pessoa que se olha no espelho. Modificamos traços, cabelos, expressões. Apagamos marcas do tempo que, em outro momento, seriam motivo de orgulho: sinais de superação, de experiência, de resistência.
Queremos nos livrar daquilo que somos sem saber, com clareza, o que desejamos ser. Perdemos a referência. Nos desconectamos da origem, da história, da identidade. E então a pergunta ressurge: o que está acontecendo conosco?
Essa crise não é apenas uma questão de gênero, de cultura ou de valores. É uma crise de essência. Uma busca desesperada por sentido em um mundo que nos oferece infinitas opções, mas quase nenhum silêncio.
“Quem não sabe de onde veio, nunca saberá para onde vai.”
A Verdadeira Força Está na Essência
Todos nós — homens, mulheres, e quem mais quiser ser o que desejar — estamos atravessando uma transformação. E, sim, a diversidade precisa ser respeitada. Mas também é preciso lembrar que, no fundo, existe apenas um caminho: o da essência.
Essa essência não é dual. Ela não é masculina, nem feminina. Não é animal, nem divina. É tudo isso junto. É a centelha original que habita cada ser e que cria, transforma, dá sentido. É o ponto de partida e também o ponto de chegada. A fonte onde tudo começa e tudo retorna.
Enquanto nos afastarmos dessa fonte, viveremos em desequilíbrio. Enquanto tentarmos substituir o natural pelo normal, estaremos apenas construindo versões de nós mesmos que não resistem ao tempo.
Você Está Sendo o Que Realmente É?
Talvez estejamos vivendo um grande paradoxo: ao mesmo tempo em que negamos a vida — defendendo, por exemplo, o aborto como escolha — também clamamos por novas formas de existência, como a criação de robôs-bebês, sexo sem conexão afetiva, sorriso sem felicidade. Estamos anestesiados pela cultura do imediato, pelo excesso de estímulos e pela necessidade constante de provar que tudo é normal.
Mas por que o natural nos assusta tanto? Por que precisamos anestesiar o que sentimos, esconder o que somos, substituir o ser pelo parecer?
Dizem que o mundo está perdido. Mas o mundo não se perdeu — ele continua girando, firme, em sua órbita. Somos nós que nos afastamos da essência, da simplicidade, da verdade que habita em cada célula nossa.
Então, fica a pergunta que não quer calar:
Você está vivendo de acordo com o que é natural em você — ou está tentando se adaptar a uma ideia de normal que nunca será suficiente?
De repente, alguém pensou que a natureza estava errada, que os machos deveriam ser mais frágeis e as fêmeas mais masculinas. Decidiu-se então por se criar filhos sob novos parâmetros, para que não sofressem e não fizessem sofrer. Compramos a ideia e as famílias mudaram: os meninos foram sendo protegidos e moldados para serem homens fracos, afinal sofrimento é também fonte de aprendizados e força; enquanto as meninas foram sendo ensinadas a serem mais insensíveis, de modo a se protegerem do sofrimento que a sensibilidade poderia lhes gerar, tornando-se então mais masculinizadas e inseguras.
Quizeram modificar tudo muito rapidamente sem compreender que esta mudança requer um processo, pois a natureza não dá saltos. Quando forçada em uma direção errada, se rebela para se ajustar à origem a que pertence. Mudamos de direção produzindo uma nova geração de homens e mulheres transtornados, e agora colhemos os frutos dos erros das últimas décadas. Torna-se necessário compreender a nova realidade e encontrar uma direção mais equilibrada.
Os homens da nova geração
Os homens buscando fidelizar-se com os novos padrões, chegaram à idade adulta perdidos dentro de si. Se conectaram às crenças que lhes foram incutidas de que poderiam ser o que quisessem independente das próprias características. Por conta desta desconexão consigo mesmos, viram apenas dois caminhos a que poderiam seguir: o dos mansos e o dos agressivos.
Os mansos tornaram-se presas fáceis nas mãos de mulheres também perdidas dentro de si mesmas. Mulheres que confundem empoderamento com promiscuidade, poder com agressividade. Transformaram-se em objetos para elas, fazendo com que a sensação de poder dessas mulheres as fizesse permanecer na ilusão de serem verdadeiramente poderosas. Apenas uma ilusão, porque o poder só existe no autodomínio e não no dominar o outro. Os agressivos, fazendo da agressividade sinônimo de força, transformaram suas mulheres em objetos de poder.
As mulheres da nova geração
As mulheres desta nova geração esqueceram que são cíclicas. Que não podem exigir de seus corpos uma constância de emoções, sentimentos e sensações. A própria natureza de seu ciclo menstrual determina seus estados emocionais, produtivos e reprodutivos, inclusive sua prontidão sexual. Escolheram também dois caminhos, o das liberais e o das empoderadas.
As liberais, ensinadas que podem e devem fazer o que querem, optaram por usufruir do que ser do sexo masculino oferecia aos meninos no passado. Foram para as ruas e baladas, embaladas no engano de poderem afrontar a própria singularidade. Alucinadas, deliram entre frenesis sensuais, bebidas, danças e sexo casual. Entregam-se à ilusão da liberdade conquistada, que se resume apenas em fazer o que querem que elas façam. Perdem o autocontrole e nessa perda a felicidade.
As empoderadas têm se tornado verdadeiras “rotas alteradas”, tentando enganar o tempo e a percepção de si mesmas. Confusas entre sucesso e riqueza, prosperidade e liberdade, criam suas próprias prisões transformando-se em verdadeiras máquinas de trabalho. Vão em busca do dinheiro e do sucesso como sinônimos de liberdade e poder. Abandonam a feminilidade e a maternidade em prol do prazer momentâneo. Adoecidas, perdem o senso e o bom senso e, cultuando esse equívoco, levam outras ao mesmo sofrimento, influenciadas pela ilusão de serem essas as tais “mulheres empoderadas”.
Consequência maior? Relações tóxicas
De pessoas transtornadas e distantes da própria natureza é esperado que surjam relações estranhas, para não dizer tóxicas. Ainda no meio deste caos, os homens se lembraram ou foram ensinados que, para serem homens, precisavam ter “pegada”. Se confundiram mais uma vez e acreditaram que a pegada se exercia na cama. Aprenderam a dar tapa na bunda, puxão de cabelo e tapa na cara. A sensação de domínio que essas atividades geram lhes confundiu ainda mais, fazendo com que se sentissem poderosos.
As mulheres ao lado deles, tentaram se adaptar, acreditando que era uma nova maneira de amar. Que suportar a dor, a submissão nesses momentos com certo controle, era sinônimo de força. Este equívoco as tornaram presas fáceis na ilusão de ser este comportamento sinônimo de liberdade. Enganadas, tiveram como resultado apenas o fato de serem ainda mais vulgarizadas.
É preciso ter “pegada” sim, mas pegada na vida
Vivemos hoje um momento sombrio. Afinal, homens precisam sim ter pegada, mas em outros termos: estamos falando de ter “pegada” na vida. Precisam ter força masculina para proteger, suprir e conduzir. Proteger suas mulheres, suprir suas crias e conduzir suas famílias. O problema é que guiados por novos e confusos conceitos de masculinidade, não aprenderam a ter esta capacidade. Sem ela, querem sempre dominar, e quando o objeto não quer mais se submeter, se vêem sem saída: sua solução é agredir e destruir. Os agressivos agridem seu objeto de poder, os fracos destroem a si mesmos.
Verdadeiros homens precisam ter essa pegada poderosa que toda mulher necessita: cuidado, proteção e suprimento. Com a masculinidade roubada, muitos não conseguem entender o que excita verdadeiramente uma mulher. São incapazes de compreender que um “eu resolvo” vale muito mais do que um “eu sou foda na cama”.
Não sabem como resolver porque com a busca dos pais por não permitir que sofressem, tiveram todos os seus problemas resolvidos. Não tendo memórias para lhes nortear na solução de situações que sempre ocorrem na vida, não têm condições de superar os problemas. Sem essa condição, são capturados pela agressividade. A outra parcela, aqueles que adotam a submissão, também não sabem como resolver as situações e delegam essas obrigações às suas mulheres. Ambos são fracos e deixarão marcas em suas parceiras, algumas visíveis e outras ocultas.
Mulheres que vivem com homens fracos se transformam
Mulheres que se masculinizam o fazem em busca de liberdade e poder. Elas teimam, apesar de evidências contrárias, que não há nenhuma diferença entre os sexos, que podem e devem viver e agir como os homens viveriam e agiriam. Logo acabam convivendo com homes fracos. Homens incapazes de resolver, incapazes de proteger, suprir e conduzir.
Elas podem se tornar submissas ou cada vez mais agressivas e castradoras. A fraqueza dos homens tira delas ainda mais a possibilidade de usufruir da sua feminilidade. Nesse impasse, vemos uma geração perdida, onde o amor deixou de existir com a sua beleza de conquista e entrega, de dar e receber, enquanto as famílias, sem a definição de papéis que norteiam o olhar dos filhos, produzem uma sociedade sem rumo.
Nos resta esperar que a natureza feche esse ciclo e tudo se equilibre, criando uma geração mais feliz. Afinal tudo é impermanente e caminha para o equilíbrio. Que a lei da impermanência nos ajude e que cada um possa identificar em si esses erros e corrigí-los para que possamos ter uma sociedade melhor e mais equilibrada. Não posso deixar de dizer que a terapia é uma ferramenta excelente para encontrarmos esses hiatos em nossa criação e ficarmos livres deles de maneira leve e ao mesmo tempo direta.
Nesse dia das mães nada mais oportuno que falar sobre elas, que além de mães são também mulheres.
Mulheres são cíclicas como a lua e também distintas como os quatro elementos. Existem mulheres que são ar, fogo, mulheres terra e água. Há também aquelas que misturam tudo em si mesmas, transformando sua natureza em um quinto elemento que é único, completo e de perfeita beleza.
Mulheres ar
O ar está presente todo o tempo, em todos os lugares e de maneira tão sutil que nem notamos o quão necessário é para que a vida permaneça em nós. Em total delicadeza se apresenta, se sustenta e oferece a vida que carregam em si sem nada pedir em troca. Se dá por completo. Se permite ser inspirado e em total entrega oferece existência mas em troca recebe em si o que poderia extinguir a vida.
Por ser tão sutil e amável deixa de ser percebido quando presente e somente na sua falta se compreende a sua necessidade.
Mulheres fogo
O fogo nada tem de sutil. É energia presente, ardente que seduz e aquece. É tão bom usufruir do seu calor que se quer mais e mais deste prazer. Porém, quando a proximidade acontece, seu calor não só aquece, também queima.
Mas a beleza de ser fogo está na chama que quando compartilhada, acende tudo ao seu redor sem perder nada de si. Fogo compartilhado cria novos focos à sua volta, iluminando a escuridão e aquecendo sem perder luz e calor. Fogo é soma sem subtrair.
Mulheres terra
A terra oferece tudo que se possa querer. Muitas vezes oferece mais do que se necessita. Ao fazer desse exercício injusto um hábito, se despoja de si mesma e com o tempo vai se tornando árida e sem vida.
A terra se dá sem limites, oferece vida mas em contrapartida exige a quebra da liberdade. So pode usufruir de tudo que ela dá aquele que se planta, se fixa e nela aprofunda suas raízes. Liberdade é palavra desconhecida nessa relação. Ela dá vida à semente contanto que cresça e nela permaneça. Faz da semente árvore frondosa, que se alimenta a esmo mas com restrições de movimento.
Mulheres água
A água é fluida, é a essência da existência. Entrega-se como fonte de vida capaz tornar tudo melhor. Lava, nutre, alimenta. Mas enquanto se entrega se esgota simultaneamente, até se perder por completo. É capaz de transformar-se de tal maneira que pode até deixar de ser vista, sentida. Evaporar-se.
Neste transformar-se, por vezes, pode se perder em ínfimas gotículas que se espalham sem a certeza de ser possível se aglutinarem novamente.
Todos os elementos em uma só
Mulheres elementares e de fases. Mulheres que minguam e crescem depois. Que em alguns momentos são ar, noutros terra, água e também fogo. Se enchem, minguam e depois de novo se renovam. Passam por momentos em que são todos os elementos ao mesmo tempo se tornando ainda mais especiais.
Mulheres que se conhecem, reconhecem e compreendem os seus momentos. Que enxergam além do que se pode ver. Sabem que são de fases e se adaptam a cada mudança sem tentarem se fixar em qualquer uma delas. Mulheres que dançam a dança do fogo, transformam o ar em vento, a água em chuva cristalina e a terra em mãe que a tudo abriga.
Mulheres que reconhecem que muito mais que complexas são completas, pois em si carregam o início e o fim. O alfa e o ômega da própria criação.
Dão à luz, carregam, cuidam, envelhecem, são cuidadas e fenecem. Como uma bela rosa deixam na memória marcas de seus espinhos em dedos desavisados mas também um perfume delicado, uma imagem colorida e intensa, calorosa e extensa em todos aqueles que têm o prazer e alegria de poder chamá-las de mãe.
Nossos adolescentes têm vivido tempos difíceis. Estão envolvidos em uma competição sem precedentes onde não há chances de vitória. Se nas gerações anteriores nos comparávamos aos filhos dos vizinhos e amigos da escola, hoje eles se comparam com adolescentes ao redor de todo o mundo. Saiba que isso é desesperador e os deixa sem chão.
Navegam pelas redes se nivelando a pessoas irreais em situações perfeitas, dentro de um padrão de beleza inexistente. O momento social que o mundo vive tem levado nossos rapazes e moças a quadros de ansiedade e depressão como nunca se viu antes. Eles estão vivendo um tempo de transição física e mental dentro de um mundo de padronização em todos os campos. Enquanto isso, nós (os pais) estamos nos despindo de aspectos importantes na educação dos filhos, o que tem contribuído para desequilibrá-los ainda mais.
Temos diminuído o número de rituais, mas eles são importantes
Os rituais sinalizam que um ciclo está se fechando para que se inicie outro. Hoje tudo é padronizado e continuado, até a educação se tornou continuada. Antes tínhamos o jardim de infância, o período da primeira a quarta série, o primeiro grau, o segundo grau, depois vinha o e vestibular e faculdade. Eram períodos bem marcados. A medida em que a criança se desenvolvia, ia paralelamente vencendo etapas para alcançar um novo ciclo. Haviam comemorações que marcavam os momentos de transição. Mesmo entre os próprios adolescentes haviam brincadeiras específicas para cada época. Até participar de determinadas diversões era uma conquista que só se obtinha em determinada idade. Vários desses ritos não existem mais ou não são comuns.
A importância do processo educacional anterior residia no fato de a criança perceber, dentro do fluxo, que estava crescendo, ficando mais velha porque já havia concluído determinado período e foi ela a responsável pelo seu progresso. Foi ela quem trilhou o caminho. A educação continuada com a obrigatoriedade de aprovação, juntamente com o desapego aos ritos e às tradições quebraram esta possibilidade. Tudo isso tem removido dos nossos filhos a possibilidade de compreender em que fase estão e como chegaram até ela. Talvez não tenhamos percebido o impacto destas mudanças, mas afirmo a vocês que é imenso.
É preciso deixar que os adolescentes se frustrem
Juntamente com a remoção dos ritos, surgiu uma lógica de criação de filhos que retira de seus caminhos qualquer possibilidade de sofrimento. É como se fossem criados em redomas, para experienciar um mundo perfeito, onde são perfeitos, não erram e nada de mal pode lhes acontecer. É preciso dizer abruptamente para os pais: esse mundo não existe e o fato de fingirmos sua existência tem feito muito mal aos jovens.
Buscamos minimizar o impacto das frustrações sobre nossos adolescentes sem levarmos em conta que a frustração é necessária para o amadurecimento.
Amadurecer é aprender lidar com as decepções. É aprender a evitar que elas aconteçam por meio do esforço pessoal. Assim as vitórias e conquistas passam a possuir um valor maior, pois houve um empenho para que ocorressem.
A cada conquista, a cada vitória reconhecemos os nossos valores. Aquele que não amadurece sua capacidade de lidar com as frustrações dentro dessa premissa, tentará outros meios para superá-las. Um deles já é comum entre nossos adolescentes: o uso de drogas.
Nossos jovens estão buscando aceitação, não por um grupo restrito como no passado, mas por um grupo que ultrapassa todas as fronteiras, estampando um sucesso ilusório e fútil cujos valores são “ter” e “ser igual“. Não nas roupas ou estilo apenas, mas nos rostos, nos corpos, nas características, no jeito de lidar com a vida. Viver assim os tem levado ao adoecimento, por isso vemos um número alarmante de púberes tomando doses cavalares de medicação psiquiátrica. Precisamos rever nossos conceitos de criação de filhos, precisamos aprender a enxergar quando nossos filhos precisam de ajuda.
Os sinais de que eles precisam de ajuda
Se formos capazes de perceber os sinais que eles nos dão poderemos ajudá-los. Observar e oferecer presença genuína com atenção plena é o que fará a diferença:
Se eles se mantiverem em seu quarto o tempo todo pode ser sinal de dificuldade de socialização;
Se não convivem com amigos da mesma idade e sim com amigos de idades muito acima ou abaixo das suas, fique atento pois em ambos os casos é sinal de desajuste;
Se evitam ou se negam conversar com os pais ou familiares podem estar se sentindo excluídos;
Se estiverem se machucando fisicamente é um sinal de que estão experimentando uma dor tão profunda que somente uma dor física pode aliviá-la;
Observe as companhias e os hábitos; muito sono e dispersão pode estar relacionado ao uso de maconha;
Agitação e bem estar seguida de angústia e desespero, ao uso de anfetaminas;
Falta de apetite e de sono sem causa aparente, olhar perdido, comportamento agressivo, nariz irritado, pode se associar ao uso de cocaína;
A agressividade pode ser também sinal de depressão. Eles podem ficar agressivos por não saber lidar com algumas emoções como a tristeza.
Todos os pais precisam de ajuda, mas poucos admitem
Adolescência é período de transformações e conflitos, não de tristeza e ansiedade. Se você observar algum desses sinais em seu filho, fique atenta e procure ajuda profissional. Um profissional competente ajudará seu filho e conhecer e reconhecer suas limitações e enxergá-las apenas como características pessoais que podem ser usadas positivamente. Vai ajudá-lo a perceber o seu próprio valor o que lhe devolverá o equilíbrio, a paz e auto confiança.
Admitir que precisamos de ajuda é um enorme sinal de amor em relação aos nossos filhos, é sinal de sabedoria, não de limitação.
Hoje observamos muitas mulheres financeiramente bem sucedidas, jovens e “empoderadas” nos divãs à procura de si mesmas. A pergunta que permeia esta realidade é:
Se hoje a mulher possui tamanha liberdade, é sexualmente ativa e livre, o que tem adoecido tanto a mulher moderna?
Sabemos que a histeria – que deu luz à psicanálise de Freud – tinha suas raízes na repressão sexual das mulheres de sua época. Estaria a ansiedade e a depressão que hoje assolam nossas mulheres ligadas também à sexualidade feminina?
A sexualidade feminina deveria ser, feminina
Talvez as mulheres ainda não tenham tomado consciência que empoderar-se vai muito além que assumir uma sexualidade que beira a masculinidade.
O empoderamento feminino tornou-se uma vertente de competição em relação à figura masculina, levando a mulher a tentar se adaptar e realizar-se da mesma forma como os homens praticam a sua sexualidade.
Estar ciente que o sexo de qualidade é necessário para a sua saúde física e mental é libertador. No entanto, qualidade não se resume a quantidade ou uma performance regada a pornografia e a vulgaridade. Apesar da imagem de empoderadas, sentem-se perdidas dentro o labirinto de sensações que criaram para si mesmas porque não correspondem às sensações exigidas por sua natureza.
A repressão levou as mulheres à histeria, ao passo que a confusão de liberdade e empoderamento com a prática de sexo livre dos dias de hoje, as leva a outro modo adoecimento que é físico e mental ao mesmo tempo. Por que isto acontece?
Porque ao tentarem se adaptar à esta nova realidade de liberdade, o fazem amoldando-se a um modelo sexual masculino que é totalmente diferente de uma sexualidade genuinamente feminina.
As mulheres são cíclicas, os homens não. Isto já seria o suficiente para mostrar que não há como equiparar essas duas vertentes.
E ainda pior: a sexualidade masculina em nossa cultura normalmente orienta-se por pornografia e informações de amigos, ambas fantasiosas e distantes do que é natural do ser humano. É uma sexualidade imatura, cheia de ilusões, hedonística e imediatista que não preenche as necessidades mais básicas que os homens possuem.
Hoje as mulheres, na ilusão de liberdade, empoderamento e modernidade têm tentado se ajustar a esta prática. Porém são física, psicológica e emocionalmente cíclicas devido ao seu próprio ciclo mensal. O corpo da mulher passa por quatro etapas distintas a cada mês, em cada etapa modifica suas emoções, percepções, disponibilidades e aceitação do outro e de si mesma. Isto não acontece com o homem.
O tempo das mulheres é diferente do dos homens
Os homens são constantes, seguem o ritmo do sol. As mulheres inconstantes, seguem o ritmo da lua. Crescem, mínguam, enchem, e se renovam. A cada mês estão todas ligadas ao padrões da lua. Passam por uma etapa de renascimento através do próprio fluxo.
O que torna a mulher forte é justamente sua inconstância. O ritmo da mudança na mulher é o próprio ritmo do universo.
A mulher trás o universo em si. Por ser inconstante ela tem o poder de enxergar o mundo interior e exterior. Devido a esta capacidade oscila dentro de um fluxo de consciência mais sensível.
A cada mês experimenta quatro diferentes formas de si mesma. Seu corpo adquire a capacidade do universo de gerar uma prole. Ela se torna o jarro sagrado da vida. A mente da mulher e o seu útero estão conectados. O que acontece com uma acontece com o outro. Isto dá a ela a capacidade de caminhar entre dois mundos e mediar suas energias. A mulher moderna caminha entre a ciência e a natureza, entre a tecnologia e a intuição.
Devido a essas características, a sexualidade feminina também tem o seu ritmo e as suas particularidades. Pode ser livre mas não profana, deve ser presente sem ser forçada por uma adaptação social.
A ansiedade e a depressão entre as mulheres está cada vez mais presente e a incidência de câncer de mama e doenças ligadas ao útero cada vez maior, essas doenças físicas podem ter sim uma ligação com a forma como ela se vê e pratica sua sexualidade.
Lançar uma olhar mais compassivo sobre a mulher faz-se urgente. Pois a ausência deste olhar tem levado muitas mulheres ao adoecimento por haverem se perdido de sua própria natureza. Distantes de sua essência só lhes resta a solidão, mesmo em meio as baladas ou nos braços que as aninham. Solidão constante adoece a alma. A maioria está com a alma doente sem saber como curar-se. Umas buscam ajuda outras mergulham num mundo masculino onde a mulher não tem vez. Onde o que prevalece é a fêmea da espécie. E quanto mais ela nega sua feminilidade, mais mergulha no abismo do corpo perfeito e constante que jamais existiu.
Estamos no final de outubro, outubro rosa. Muitas de nós enfrentando situações adversas frente a algo que nos foge da compreensão: o adoecimento do nosso corpo. Somos mulheres de sonhos, de luta, de prazeres e sofrimentos. As vezes mais sofrimentos que prazeres. E não compreendemos o porquê de estarmos passando por momentos de dor.
Que o adoecimento do corpo pode ser uma infeliz consequência do adoecimento da mente todos nós já sabemos, o que poucos se atém é que na mulher o adoecimento físico (e nisso podem se incluir inclusive doenças graves como câncer de mama) é em grande medida devido à falta de conhecimento de si mesmas e uma consequente necessidade de adaptar-se ao mundo ao invés de viver a autenticidade da mulher que é.
É preciso descobrir nossa essência como mulher
Nós nos perdemos quando substituímos o verbo “haver” pelo “a ver”. Quando negligenciamos às nossas vontades e nos preocupamos muito mais com aquilo em nós que tem “a ver” com o outro. Deixando de viver pela nossa essência para viver pelas expectativas alheias.
Mulheres são seres fortes e por isso se moldam à vida com mais facilidade. No entanto, moldar-se significa distanciar-se da essência, deixar de ser mulher. Isto parece piegas mas é real.
Quando uma mulher se molda a determinadas funções pelas quais transita, acaba por negligenciar sua essência, essência esta que é a única parte real de si mesma.
Todas as funções que ela exerce são temporárias e ilusórias, só existem em determinado tempo e na presença do outro:
Só posso exercer a função materna na presença de filhos;
A função esposa na presença do marido;
Profissional quando no trabalho;
Filha na presenca dos pais e assim por diante.
A mulher passa e realiza todas as funções, mas não pode nunca se identificar com elas ao ponto de se negar em sua essência e autenticidade. Se negligenciamos esta mulher para nos fixarmos em qualquer função que tenhamos aprendido ser o nosso papel, a mulher dentro de nós sofre e adoece, comprometendo todas as demais funções.
Assim é preciso que voltemos o nosso olhar para a mulher que habitta em cada uma de nós para enxergarmos o que está por trás do adoecimento do corpo. O corpo feminino fala de suas tristezas através das dores, afinal toda doença é um caminho para a compreensão de nós mesmas. É a mente falando através do corpo, mostrando as dores que estamos nos permitindo experimentar, e isso não é diferente quando falamos em aspectos do outubro rosa.
E onde podemos encontrar a cura?
Obviamente não estou dizendo que o câncer se cura com aspectos mentais, seria leviano de minha parte. O que estou dizendo é que conhecer a nós mesmas, nos aceitarmos como mulheres e vivermos a nossa autenticidade e feminilidade é uma forma de prevenirmos todos os tipos de doenças, incluindo as mais graves.
A cura passa pelo conscientização de nossas dores.
Todos nós somos seres de gozo. Precisamos de sentir prazer pois o prazer é em essência nos livrarmos da sensação de incômodo, de sofrimento, seja um sofrimento do corpo ou da alma. Quando vivemos situações sem prazer acumulamos em nós a energia (libido) que deveria ser liberada e esta energia acumulada busca por liberação. Esta busca é direcionada às partes que a bloquearam exercendo pressão constante sobre elas, a pressão causará o adoecimento dos órgãos. Entendendo tal processo podemos perceber com mais clareza o porquê de ser o câncer de mama e útero o de maior propensão entre as mulheres.
Muitas de nós dirão que sexo hoje não é mais tabu e que as mulheres já têm uma vida sexual ativa e livre e que essa história de libido bloqueada é coisa do passado. Não, o problema aqui não está na liberdade ou liberalidade, mas sim na autenticidade da prática sexual, em sermos mulheres em todos os sentidos, incluindo quando no sexo.
É preciso ser mulher e autêntica, também no sexo
Que a liberdade é crucial para uma prática sexual saudável nenhuma de nós duvida. Porém, devemos nos questionar sobre o que é ser livre para viver nossa sexualidade. Se no passado esta parte de nós era regada a recato e culpa, hoje é regada a uma obrigatoriedade de adaptação a uma sexualidade essencialmente masculina. As mulheres precisam entender a sua natureza, a sua feminilidade.
Entender que ser feminina nada tem a ver com fraqueza ou submissão. Mas sim com um modo de ser, uma maneira única de vivenciar o mundo através do corpo que possuem, o qual é diferente do corpo masculino. Um corpo que sente prazer de maneiras diferentes do que um homem experimenta.
Ao tentarem se moldar as convenções tanto no passado quanto no presente, moldam também a própria sexualidade e isto pode levar ao adoecimento. Quando tentam se moldar à sexualidade masculina também se privam do prazer genuíno. Confundem o prazer corporal com o prazer genuíno, o gozo em sua essência. Sofrem e nem sabem o porquê. Mas o corpo lhes dirá onde está sendo atacado ou negligenciado. Afinal o corpo fala, e “quem tiver ouvidos para ouvir que ouça”, como diriam os antigos. Ouça suas dores que elas lhes dirão qual é o caminho da cura.
A cura está em ouvirmos a nossa voz interna que nos fala do quão sagrado é o feminino em nós. Nos fala da força que temos para sermos nós mesmas.
Sermos mulheres lúcidas sem a necessidade da doença para nos lembrar que nossa sexualidade pode ser vivida com prazer genuíno sem masculinizar a mulher ou fragilizá-la para adaptar-se aos papéis que aprendeu a sustentar.
A sexualidade feminina é inerente à alma que habita este corpo ímpar, que recebe e se entrega na busca por dualidade. Adaptar-se a uma prática sexual que beira a masculinidade traz consequências sérias ao corpo assim como as trouxe quando a sociedade nos levou negar esta parte importante de nós, nos impedindo de sermos mulheres completas em prol de sermos “moças puras”. Assim precisamos entender que podemos usufruir de uma sexalidade plena onde haja entrega total de corpo e mente. Onde o que menos se procure seja a performance, a conquista mas sim a conexão entre corpos e mentes que se conhecem e de permitem conhecer. Que de desnudem dos personagens que representam além das roupas que vestem. Que toquem e sejam tocadas na lucidez de um instante quando se percebem inteiras mas parte ao mesmo tempo que completa e se completa no outro . Que se permite dançar a dança do acasalamento profundo que somente aqueles que se percebem inteiros podem dançar juntos.
O objetivo de todos nós era apenas comprar algumas delícias para o café da tarde. Aquela padaria era uma das melhores opções. Andávamos pelos corredores observando o que mais nos agradava, entre coisas saudáveis e não saudáveis, fascinados pelos cheiros e cores que nos seduziam.
De repente uma criança, entre seus três ou quatro anos de idade, tirou completamente a paz do lugar. Com choro estridente, tentava agredir a uma jovem mãe que se encontrava na fila do caixa. Aos berros dizia: “eu quero! me dá! feia! nojenta. Eu vou comprar outra mãe, não gosto mais de você.”
O rosto da jovem ficou pálido, uma mistura de vergonha e desespero transformaram o seu semblante. Com muita dificuldade ela conseguiu pagar as compras e caminhar para o carro estacionado em frente ao estabelecimento, sendo puxada e arranhada pelo filho aos prantos.
Quando cheguei à calçada vi a criança ainda do lado de fora do carro se negando a entrar, sapateando e gritando. A jovem mãe permanecia de pé ao lado do carro, já nem insistia para que o pequeno entrasse. Estava debruçada sobre o teto do veículo, com a cabeça baixa, apenas observando a criança com o olhar fixo em total exaustão.
Meu olhar de terapeuta me permitiu ver imediatamente que aquela criança precisava de ajuda.
Os sinais de que a criança pode precisar de ajuda
Quando falamos em crianças, a primeira coisa que precisamos entender é que elas ainda não são capazes de decidir sobre suas ações e escolhas, portanto precisam ser direcionadas. Elas ainda não têm o superego formado, ou seja, não têm dentro de si a capacidade psíquica de impor a si mesmas os limites necessários à vida em sociedade. Esta limitação precisa vir de fora para dentro, dos adultos que a educam. Elas ainda não possuem a capacidade de se colocarem no lugar do outro, não desenvolveram empatia suficiente para frear a sua busca por satisfação. Se você vir crianças que apresentam os seguintes sinais:
Comportamento agressivo em relação aos pais, familiares e cuidadores;
Negar-se a comer o que lhe é dado, aceitando se alimentar somente com o que quer e onde quer, sem aceitar ficar à mesa ou no seu local de refeições;
Fazer pirraça por tudo que deseja com choros convulsivos e sem controle;
Negar-se a dormir nos horários determinados;
Se auto-agredir;
Agredir a outras crianças com frequência;
Regredir a idades anteriores adotando voz infantil, voltando a fazer xixi na cama e/ou a usar mamadeira novamente.
Não as julgue, muito menos julgue seus pais. São sinais de que precisam de ajuda de um profissional.
Comportamento agressivo, pirraça constante, nega-se a comer aquilo que os pais oferecem
Estes podem ser sinais de que limites não estão sendo colocados pelos pais e familiares. Quando a criança não recebe limites claros, contrariamente ao que o senso comum pode nos deixar pensar, ela não fica feliz ou empolgada com a possibilidade de fazer o que quer, pelo contrário, ela tende a adoecer psicologicamente pois vive sensações de profunda angústia porque seus impulsos não foram contidos.
E é na busca por receber essa contenção que ela vai expandindo seus limites cada vez mais. É como se ela gritasse aos quatro cantos:
“Por favor, mãe, pai, tios, professores, parentes, alguém me contenha e me mostre como me devo me comportar, me ensine quais impulsos seguir e quais ignorar, eu preciso desses limites!”
Ela precisa de uma figura forte que lhe mostre os seus limites. Quando isto não acontece ela sofre, se angustia. Sem saber como lidar com esse sentimento torna-se cada vez mais agressiva e tirânica.
Adota comportamentos de idades anteriores, fazendo xixi na cama, voz infantil ou perdendo parte da autonomia já desenvolvida
Por mais impressionante que possa parecer, esses comportamentos normalmente não ocorrem porque “seu filho está se desenvolvendo mais lentamente do que outros”. Não! A causa está em outro ponto que é preciso trabalhar em conjunto com o psicoterapeuta:
A criança está buscando por atenção.
Há crianças que, mesmo depois de terem aprendido a comer com talheres, regridem e começam a comer com as mãos e fazer uma bagunça tremenda durante as refeições. Há pais que se desesperam, não sabem o que fazer. A resposta é simples: ela está clamando por limites o tempo todo. Claro que vem a pergunta:
Quais limites?
Em relação a quê?
Como colocar limites em uma criança que nunca os teve?
Que tipos de atitudes nós, como pais, temos que modificar?
Aqui se tem mais uma clareza da necessidade de ajuda, não só da criança mas também dos pais. Essas perguntas são respondidas em consultório, caso a caso. É um trabalho belíssimo feito entre terapeuta, criança e pais que faz com que conheçamos mais a nós mesmos como pais e nos aprofundemos nas necessidades de nossos filhos, sem extrapolarmos para além do necessário.
Criança chorosa, ansiosa e/ou que roe unhas, insegura
Contrariamente ao estado anterior, esses são traços de uma criança limitada em demasia. Ela pode também apresentar um comportamento agressivo mas apenas em alguns momentos e é comum observar um choro profundo e doído, diferente do choro da criança que busca por limites. Apresentará quadros constantes de ansiedade e muitas vezes concomitante com oncofagia (hábito de roer as unhas).
Poderá também se auto-agredir, porém o fará às escondidas pois esta auto-agressão não será para ser limitada ou chamar atenção, mas sim como um caminho de alívio de sua dor interna através da dor física.
Crianças criadas com muita rigidez recebem poucos elogios e muitas críticas. São cobradas o tempo todo e impedidas de usufruírem de suas vontades e satisfazerem seus menores desejos. Adoecem por falta de prazer e se limitam a limitar-se constantemente para serem aceitas. Quando isto se torna impossível os comportamentos falam por elas.
O que podemos perceber nesses momentos é que elas estão na verdade deprimidas a tal ponto que derramam-se nesses comportamentos. É preciso ressaltar que os sinais de depressão nas crianças muitas vezes são diferentes da apatia que observamos nos adultos. Pode-se observar:
Agitação constante;
Agressividade contra os familiares e professores;
Auto-agressão;
Verborragia (crianças que falam demais);
Falar palavrões demasiadamente.
Mudança brusca de comportamento e humor, tristeza profunda
Esse tipo de comportamento pode ter uma causa mais séria. Observem bem os seus seus filhos. As crianças têm uma certa dinâmica comportamental que é constante. Lógico que há algumas variações de humor mas, elas logo voltam à sua “maneira natural de ser”. Elas têm o seu jeitinho que nós pais entendemos apreciamos e outras vezes desejamos modificar. Se a sua criança apresenta :
Mudança brusca de comportamento;
Mudança de humor;
Tristeza profunda.
Pode estar acontecendo algo sério com ela. Tente falar com ela e busque ajuda. Ela pode estar sofrendo algum tipo de abuso. Crianças em situações de abuso se fecham e entristecem porque sentem-se acuadas e culpadas. Procure ajuda de um profissional.
Choro aos finais de domingo ou antes de ir para a escola
Podem ser sinais típicos de crianças que estejam sofrendo bullying (assédio moral). Apresentará choro principalmente aos finais de domingo ou antes de ir para a escola. Poderá até mesmo sentir dores de barriga ou ter febre nesses momentos.
As crianças sempre nos darão sinais de seu sofrimento. O importante é estarmos atentos aos sinais e abertos inclusive a possibilidade de sermos nós, com nossos comportamentos equivocados, os responsáveis por seu adoecimento. Mais importante ainda é estarmos dispostos a mudar para que cresçam saudáveis e se tornem adultos felizes.
Todos os pais precisam de ajuda, mas são poucos os que admitem
Há uma necessidade íntima de acertarmos na criação dos nossos filhos em todos os campos. Ter filhos “perfeitos” é o objetivo por trás do nosso esforço, mas lá no fundo sabemos que isto é impossível.
Aceitarmos esta impossibilidade nos leva a uma sensação de impotência e derrota, por isto é tão difícil enxergarmos e principalmente admitirmos quando falhamos. Entretanto, precisamos entender que é impossível acertarmos sempre pois somos falhos por também termos tido pais que falharam em nossa formação, afinal a imperfeição está em todos nós. O importante não são as nossas ações, elas não são boas nem más o que as torna corretas são as intenções por trás delas. E nós sabemos que tudo que fazemos em relação aos nossos filhos, o fazemos com boas intenções.
Admitir que precisamos de ajuda é um enorme sinal de amor em relação aos nossos filhos, é sinal de sabedoria, não de limitação.
Conclusão
As análises que faço neste artigo são todas preliminares e têm o objetivo de dar luz aos pais de crianças que necessitam de ajuda. As situações reais são sempre mais complexas e podem envolver diversos tipos de aspectos em um caso apenas, por isso é sempre necessária uma análise clínica da criança na presença dos pais para que o auxílio venha da melhor forma possível e os resultados positivos no comportamento da criança sejam observados rapidamente.
Aos pais que estejam vivendo essas situações, saibam que há sim uma luz no fim do túnel. A criança não é assim porque “tem uma psicologia própria e difícil” mas sim porque não recebeu ainda o auxílio necessário para tornar-se mais equilibrada, compassiva e capaz de vivenciar as realidades da vida.
Busquem ajuda profissional. No meu consultório tenho disponibilidade de horários especiais para crianças que precisam de ajuda, isso porque sou apaixonada por esse tipo de trabalho. Caso necessitem, entrem em contato comigo pelo Whatsapp clicando no próprio site. Caso não possam consultar comigo, tudo bem, mas não deixem de procurar o auxílio de um profissional capacitado, pois a mudança na vida da família é algo mágico quando há um trabalho psicoterapêutico bem feito com as crianças. Boa sorte!
Nos disseram que deveríamos honrar pai e mãe, mas não nos ensinaram como fazê-lo, porquanto, nos perdemos em busca de grandes conquistas para atingir tal honra. E aí é apenas
quando nos tornamos mães e nos deparamos com os filhos adultos é que percebemos que a única coisa que desejamos é que sejam felizes.
Experimentamos uma dor física e também na alma quando os vemos em sofrimento. Um sofrimento que nos faz sentir impotentes e tristes por não poder ajudá-los a resolver suas dores mais íntimas. Nesse momento, tudo o que sonhamos é que estejam bem, que estejam em paz, que consigam desfrutar um pouco da felicidade. Esta é a honra que os pais desejam que os filhos lhes dêem. Daí se pode concluir que
a maneira mais efetiva que um filho pode honrar seu pai e mãe é buscando a própria felicidade.
Um filho próspero, honra a seus pais!
Se queres honrar pai e mãe seja próspero no sentido exato da palavra. Não confunda prosperidade com riqueza. Ser rico é possuir bens materiais e uma conta bancária abastada,
ser próspero é estar em equilíbrio em todos os setores da sua vida, principalmente no emocional.
É estar bem consigo, com os demais e principalmente com a própria vida. É ter felicidade e liberdade. É não submeter sua vida e suas ações ao desejo e vontade do outro, seja este outro quem for. Somente assim você estará “honrando pai e mãe”.
A honra passa pelo respeito a si mesmo pelo auto-amor. Quem não ama a si mesmo é incapaz de amar o outro. Transita pela vida como um morto vivo alimentando-se da energia alheia e sendo fonte de alimento de outras pessoas. E uma das formas mais clássicas de um filho se alimentar e ao mesmo tempo consumir a energia dos pais é sendo desrespeitoso para com eles.
O desrespeito mina a honra
O respeito perante aos pais não está só na base do “não xingar” e “não tratar mal”, ele passa sim por todas as esferas, inclusive no aspecto financeiro. Há filhos que se tornam algozes dos pais sem percebê-lo. Vivem uma situação parasítica onde são verdadeiros hospedeiros sugando tudo dos ascendentes, financeira e emocionalmente. Usufruem dos pais sem qualquer pudor no que se refere a dependência financeira. Vêm os genitores como iguais e com a total obrigação de supri-los em suas necessidades.
Esses pais perderam sua honra se submetendo à tirania das proles e continuam mantendo uma situação desonrosa, tentando adaptar-se às suas exigências emocionais e financeiras a qualquer custo.
Perpetuam-se na função paterna de supridores tirando também dos filhos a possibilidade de serem seres honrados (uma vez que a honra é um estágio onde somos supridores de nós mesmos).
O ciclo se perpetua mais e mais à medida em que os filhos crescem, pois ofendem aos pais na busca por atenção exclusiva e manutenção financeira.
É desolador ver essas situações. Há um embotamento no olhar dos pais gerado pela sua formação psicológica, na qual se sentem eternamente responsáveis por seus filhos e obrigados supri-los em todas as coisas. Erro crasso! Já que um ser que não é capaz de se sustentar só pode sobreviver parasitando outro ser.
Esta vivência tende a destruir o hospedeiro e também o parasita, pois uma vez que o hospedeiro se esvazia de sua vida, a vida do parasita também termina.
A honra não existe em ambos. Um porque se permitiu destruir deixando de honrar a si mesmo visto que o primeiro mandamento que recebemos foi amar a nós mesmos antes de amar ao próximo, o outro por nem se tornar capaz de amar a si mesmo pois não aprendeu a amar verdadeiramente sua primeira fonte de amor: os pais.
O tripé da honra
A honra passa pelo tripé mais importante que mantém a saúde mental de cada um de nós:
O ouvir;
O falar;
O fazer.
Para sermos felizes precisamos ouvir o que queremos, falar o que queremos e fazer o que queremos.
Na maioria das vezes os genitores ouvem o que não querem, falam o que o outro permite e fazem o que não querem por isso adoecem física e emocionalmente.
Não sabem que o início e fim são idênticos: a criança e o idoso têm características semelhantes, vivem envoltos em desejos e vontades. Não podem ser limitados o tempo todo, não podem ser privados de prazer em sua totalidade.
Enquanto a criança tem nos pais sua maior fonte de prazer e precisa da presença deles para se desenvolver, os pais – quando mais velhos – têm em si mesmos, em sua liberdade e principalmente na capacidade dos filhos de serem auto suficientes sua maior fonte de prazer. Filhos dependentes, infelizes e incapazes de equilibrar a própria vida tiram deles esta possibilidade de prazer e, portanto, desonram a seus pais.
Não pode haver honra sem respeito, o respeito desaparece quando há injustiça e nada há de mais injusto do que a dependência sem uma justa causa. Honre a seus pais sendo independente, forte, livre e, principalmente, sabendo cultivar a própria felicidade pois
pais de filhos felizes e independentes se sentem mais amplos e completos porque sentem que de algum modo tornaram esse mundo um mundo melhor.