Como errar menos com filhos de 3 anos e meio aos 7 anos

Menina de 5 anos

Como é a criança

Neste período a introjeção das funções paterna e materna tende a consolidar-se. A criança ainda estará tentando ocupar mais espaço e ampliar seus limites. Ao ser limitada em suas ações e comportamentos , a criança experimentará pequenas doses de frustração ao não conseguir o que deseja.

É é com essas frustrações dentro da dinâmica familiar que ela estará se preparando para lidar com as frustrações que a vida irá lhe impor. 

Neste período seus desafios serão mais direcionados à mãe. Ela buscará uma maior aproximação com o pai e continuará tentando impor sua vontade, testando os limites dos pais. Já será capaz de criar pequenas intrigas onde possa tirar vantagens pessoais. 

Criança testando os limites dos pais buscando vantagens pessoais

O que fazer

Entenda que isto não é desamor ou rejeição pela mãe, e sim um desenvolvimento saudável. Ela está no que chamamos na psicologia de fase genital. Por estar nesta fase, é natural que surja neste momento também a descoberta das sensações genitais. A masturbação será descoberta. Lidar com isso exige equilíbrio para não aterroriza-la com pressões físicas e/ou psicológicas e morais, e nem deixar que este comportamento aconteça sem qualquer direcionamento. O melhor caminho é entender que para a criança abandonar uma fonte de prazer, basta que lhe seja apresentada uma alternativa, portanto quando encontrá-la se masturbando, dê o mínimo de importância ao fato e convide-a para fazer outra coisa.

Fase em que a criança descobre a masturbação, como os pais devem agir.

Diga que tem algo mais interessante a fazer como por exemplo ver um programa ou filme com você. Desvie a atenção dela, mude o foco. Procure enfatizar o mínimo possível o ato em si. A sua desatenção a este  comportamento fará com que ela vá aprendendo que a sexualidade é apenas uma opção entre muitas outras que proporcionam prazer. E que é natural pois não alcançou lugar de destaque e muito menos castigos. 

Outro ponto importante nesta fase é que é o momento em que a criança se identifica com uma das figuras paternas. Se ambas são admiráveis e fortes ela vai se identificar com a figura semelhante a ela, por isso é importante não denegrir a imagem que a criança tem dos pais. Se ambos exercem suas funções a criança se identifica com um deles mas leva pra dentro de si ambas as funções.

Oferecer valores e limites agora é essencial. O sistema familiar é onde a criança vai introjetar as funções materna e paterna para, quando adulta, ser mãe e pai de si mesma.

Criança aprendendo valores com a família

O pai representa a lei, a mãe a ordem e a criança a obediência. No início de sua participação nesse sistema ela experimenta e introjeta a capacidade de obedecer. A medida em que cresce, vai aos poucos ampliando seus limites e experimentando a ordem.

Para que isto ocorra bem, é preciso que você realize pequenos movimentos, dando-lhe dando-lhe espaço para ir colocando em ordem suas próprias coisas, brinquedos, materiais escolares, mochila, etc. Assim ela vai aprendendo ordenar-se por dentro.

O aprendizado da criança sobre ordem e leis ocorre neste fluxo. Ela estará aprendendo que existem leis justamente ao ter que se submeter às regras da casa como hora das refeições, deveres de casa, hora de dormir e hora dos eletrônicos, por isto este é um momento muito importante.

Criança aprendendo as leis que deve seguir em casa

Lembre-se! Os pais é que devem determinar espaços e regras, não a criança. Vá ampliando suas conquistas ao mesmo tempo que os deveres. A criança precisa colaborar com o sistema, e caso isso não aconteça ficará retida no estágio anterior, onde todos os seus desejos eram satisfeitos, e assim usará recursos daquele período, como choros e pirraças, agressões.

Ter definidas dentro de si as funções materna e paterna fará da criança um adulto completo, capaz de ordenar a própria vida, entender e criar as próprias leis, e obedecer aos próprios comandos. Tendo controle sobre a sua vida emocional, sexual e financeira.

Como errar menos com filhos de 1 ano e meio aos 3 anos e meio

Menino de 3 anos

Como é a criança

É o ciclo o mais importante, pois neste período a personalidade está se moldando de acordo com as memórias que estão sendo fixadas em sua mente. A interação pais e filhos será fundamental para o seu futuro. Temos ciência, é claro, que antes destes estágios, a criança interage com a mãe, sente o que ela sente e recebe tudo que ela lhe oferece, seja bom ou ruim. A criança precisa de energia para sustentar-se. Quando a mãe está bem o útero fica cheio de energia, e naturalmente quando está mal o útero fica sem energia e se contrai, tornando-se um lugar não tão confortável para a criança. 

O bebê fica apertado e sem energia, e este padrão de energia que recebe durante a gestação irá acompanhá-lo vida afora, como tudo o que vivemos e fica marcado em nós. Mas isto não é um ponto para desespero e para gerar um ultra-cuidado com seus filhos. Ame e cuide sem exageros, você deve suprir as necessidades do seu filho ou filha e não ele ou ela a sua de realização. Não o sufoque com um amor que seja intenso demais, pois um amor trabalhado desta maneira pode se transformar muito mais em um pseudo-amor do que um amor verdadeiro.

Criança com pais felizes

Neste estágio também é o momento que a criança percebe que tem controle sobre algo que é seu, ela aprende que pode controlar as fezes. Sabe quando você chega em um lugar e vê uma mãe com uma criança no banheiro, tentando fazer com que ele desfralde? A criança fica no banheiro horas com a mãe e não faz e assim que a mãe desiste e coloca uma fralda ela enche a fralda? Pois é, esta é uma manifestação deste controle por parte da criança. É a criança sentindo que tem vontade sobre algo que é dela. É a criança se sentindo um sujeito pelas primeiras vezes, sentindo que tem sua própria vontade e que tem um pouco de controle sobre a vontade da mãe.

Criança desfraldamento

Por conta do surgimento desta vontade, o período de desfraldamento é uma fase muito delicada, onde o equilíbrio deve prevalecer, pois se houver muita pressão ou muita permissividade, o bebê será prejudicado. A criança deve entender que pode ajustar o controle que tem sobre seu “produto” com o interesse da mãe. 

Simultaneamente a criança também está percebendo que há outra pessoa nesse sistema familiar: o pai. Ela começa a se afastar da mãe e se aproximar do pai. Ao contrário do que muitas mães podem sentir neste período, a aproximação com o pai é um sinal positivo, sinal de que o desenvolvimento do bebê está ocorrendo de forma satisfatória. O problema é que, sem compreender isto muito bem, muitas mães se sentem nesta fase abandonadas e injustiçadas. Afinal, quem carregou este bebê por tanto tempo? Quem dá de mamar? Quem dá tudo o que ele precisa e ainda assim a criança fica querendo o pai toda hora? Isso não é justo, certo? Errado, é justo sim. Você não deve pensar assim.

Criança alegre com o pai

O que fazer

Entenda que você não está perdendo o amor da criança. Não tente prendê-la a você pois fatalmente fará com que ela regrida ao estágio onde só havia mãe e filho, com que seu desenvolvimento fique parado numa fase anterior, e isso pode comprometer o seu desenvolvimento por toda a vida. Facilite que o pai exerça a função paterna. Saiba que estará adoecendo a criança com pequenas colocações e proibições como:

‘’Seu pai é bobo! A mamãe quem sabe cuidar de você!” ou“Seu pai não sabe de nada, fica com a mamãe.” 

Deixe de lado ideias ilusórias de que a criança só será protegida se estiver com a mãe, impedindo o pai de sair com a criança na justificativa de que ele não cuidará dela. Você estará ensinando a criança que a figura paterna é fraca, não é amada e não merece respeito. A criança entenderá que o diferente dela, neste momento o pai não merecer ser amado e respeitado. A semente dos preconceitos nasce desta dinâmica criando raízes profundas na mente da criança de  que o diferente dela é fraco portanto não merece ser amado  e respeitado. Mais tarde você talvez irá se perguntar porque seu filho não aceita algumas pessoas por terem traços, cor da pele, ideias ou opções diferentes das dele e não encontrará respostas.

É preciso concordância também entre os pais na hora de impor limites a criança.

É preciso ficar claro que: “Não é não”, independente de quem vem. Não se pode haver um pai que fala não e a mãe diz sim para a mesma coisa, ou mesmo o reverso. Este é um grande erro que os casais cometem. 

Pais permissivos demais, filho sem limites.

Neste momento amar é impor limites. O maior erro dos pais, aqui, é que por medo de traumatizar a criança, tornam-se permissivos. Isso fará surgir na criança um sentimento de onipotência, tornando-a agressiva, controladora e sem limites.Ela lançará mão de todos os recursos que possui para experimentar o prazer de ter suas vontades satisfeitas. Pirraças, gritos, mordidas, agressões aos pais, xixi e cocô na roupa serão cada vez mais comuns se não houver limites.

Mães e pais precisam ser firmes e coerentes: “Sim é sim! Não é não!”

Se houver entre eles uma disputa pelo amor do filho, a criança perceberá e se tornará um oponente doentio de ambos. Ela usará de todos os recursos sem qualquer escrúpulo para dominá-los pois nesta fase a criança ainda não é capaz de sentir culpa ou empatia. Conduzir bem esse período é necessário para que, quando se tornar adulta, tenha respeito à figuras de autoridade e poder (pais, avós, professores, etc), controle financeiro e capacidade de agir com maturidade.

Como errar menos com filhos do parto a 1 ano e meio

Criança de 0 a 1 ano e meio

Como é a criança

A criança só deseja. Desejar é o sentimento que nos leva a nos livrarmos de tudo aquilo que nos incomoda e nos causa dor. O prazer nada mais é do que livrar-se desse incômodo.

Nesta fase, a criança deseja alimento e proteção.

A mãe é responsável em suprir todas as suas necessidades, e ela sente-se amada e ligada à mãe como parte dela, como ainda era dentro do útero. É natural já que esta é a primeira fase, logo após ela nascer e fazer parte deste mundo completamente novo para ela.

O que fazer

Nesta fase a criança ainda não tem noção de ser alguém separado da mãe, mas você tem esta clareza e precisa ajudá-la a perceber que agora não é mais parte de você. Fique tranquila e observe as necessidades da criança. Ela irá sinalizar sempre que tiver algum incômodo.

Você precisa permitir que ela entre em contato com as próprias necessidades. Espere os sinais, não ofereça a ela o que e quando você acha que ela precisa de algo.

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Quando você dá a ela o que ela não necessita, estará impedindo que ela entre em contato com suas vontades e desejos, mantendo uma relação similar àquela quando o bebê ainda era uma parte de você, estava em seu útero.

Somente entrando em contato com seus desejos e vontades a criança pode se reconhecer como alguém completo e não uma parte de outra pessoa.

Por sentir-se ainda ligada à mãe, muitas vezes ela vai chorar quando você se afastar. Você deve acalmá-la e recolocá-la no berço ou no carrinho para que aprenda que pode se sentir tranquila e protegida longe do seu corpo. Esteja atenta mas não sufoque a criança pela necessidade que você tem dela. Lembre-se que as necessidades da criança que precisam ser atendidas e não as suas. Aprender a se sentir completa é a necessidade básica dela agora. Ela precisa de aconchego, cuidados e afeto mas também precisa de espaço para adaptar-se ao mundo que existe além de você. 

Bebê chorando

Não se esqueça de que você também precisa aprender a ser mãe de alguém fora de você. Não tente fazer da criança uma parte sua novamente. Não a torne completamente dependente de você. Ela ainda precisa de você mas já sobrevive sem você. Isto parece ruim mas é libertador, e te dá a certeza de que a primeira etapa da maternidade foi vencida, que à criança foram dadas as condições de desenvolver-se dentro de você, de se tornar um corpo no seu corpo. Agora ela está em seus braços e precisa de espaço para desenvolver-se fora do útero. 

O cordão umbilical foi rompido. Isto não significa que a sua importância diminuiu, pelo contrário, você agora é a fonte que lhe proporciona prazer. Dentro da psicanálise chamamos este período de fase oral, porque a criança experimenta as sensações de prazer e afeto pela boca através da alimentação. Você é a fonte de tudo que ela precisa agora. Aconchegue-a durante as mamadas mesmo que seja com a mamadeira porque

ela não estará se alimentando apenas do leite, estará absorvendo afeto, carinho e amor.

Bebê dormindo na barriga da mãe

Olhe-a sempre nos olhos porque os olhos falam sem palavras. Toque-a com delicadeza. Aproveite todos os momentos para criar vínculos com ela fazendo com que se sinta saciada e protegida mas permita que ela tenha liberdade e um ambiente fora do seu colo para que aprenda que existe além de você. 

Em resumo, neste estágio é preciso que você fique tranquila e aberta aos desejos da criança, ela sempre irá dar sinais quando tiver qualquer incômodo ou quiser se alimentar. Espere os sinais, não force as mamadas, não ofereça além do que ela necessita, pois você irá forçá-la a receber energia em excesso. Sempre que ela precisar de você ela irá se manifestar. Ela não tem noção de ser um ‘’ser separado’’ de você, mas você tem essa clareza. Você ainda é completa apenas tem uma nova função: ser mãe!