“Dou de tudo para meus filhos”. O que devo exigir em troca?

Criança e mãe conversando

Sempre observei e a ciência veio nos mostrar que os micro sistemas são semelhantes ou idênticos ao macro sistema. Isto quer dizer que tudo que existe é semelhante ao sistema universal, pertence a ele e portanto está sob uma lei suprema. Observando a natureza pude perceber situações idênticas em sistemas, aos nossos olhos, completamente diferentes. Isso permite que façamos analogias das nossas vidas com as leis que atuam no universo e tomemos decisões baseadas nelas.

O exemplo dos átomos e como podem ser comparados com nosso seio familiar

Modelo de átomo

Por exemplo, observando o movimento das partículas atômicas, foi nos mostrado que dentro dos átomos estas partículas estão em órbitas definidas ao redor de seu núcleos e que, para saltar de uma órbita a outra precisam absorver certa quantidade de energia. 

Ao absorver a energia necessária esta partícula salta e alcança a órbita seguinte. Para cada salto ela necessita absorver uma quantidade de energia que é retirada do sistema, principalmente do núcleo, e a cada salto mais se distância deste núcleo. Porém, para que faça o movimento contrário, ou seja voltar a órbita anterior, precisa devolver ao sistema a mesma quantidade de energia que retirou para o salto. 

E o que digo é: assim também funciona com nossas famílias. Nós damos uma energia enorme para nossos filhos darem seus saltos. Os ensinamos a andar e eles avançam; os ensinamos a respeitar e eles avançam; participamos dos seus estudos e eles passam de ano; enfim, são inúmeros exemplos. Tudo isso faz com que eles vão encontrando seus próprios caminhos e se distanciando do seio familiar original onde eles surgiram. A grande pergunta que passa na mente dos pais é:

“Como mantê-los por perto se todas as minhas ações fazem com que eles se afastem, ou seja, com que guiem suas vidas para longe?”

Aí está a parte mais fascinamente. Nos átomos, ao devolver a energia consumida para o sistema, a partícula salta em direção ao núcleo novamente e a cada salto emite luz. ELA SE ILUMINA. Há iluminação no momento em que entrega  a energia que retirou e não o contrário.

Isso nos dá uma noção do que deve ser feito no seio familiar: permitir que nossos filhos não apenas recebam, mas devolvam a energia que receberam.

Por que os filhos devem dar algo em troca?

Garota dando presente para sua mãe

Vejo muitas famílias se perguntando onde erraram ao observarem seus filhos distantes dos seus olhos, quase perdidos. Talvez possam entender que estamos sob uma única lei. Filhos são elementos como aquelas partículas, precisam saltar para se tornarem completos e capazes. Os pais são o núcleo do sistema e por algum tempo a fonte de energia que os abastecem para saltarem experienciando novas “órbitas”. 

O que desequilibra o sistema é que muitos pais se perdem e continuam fontes onde os filhos se abastecem sem oferecer nada em troca.

Cada vez que retiram energia do sistema, esses filhos saltam e quanto mais saltam mais distantes do núcleo se encontram.

Se observassem e se permitissem aprender com a natureza, veriam com clareza o equívoco que cometem ao não exigir que o filho devolva a energia que foi absorvida. Somente ao devolver cada parte de energia que retiraram podem saltar de volta em direção ao núcleo e, somente neste movimento podem evoluir e compreender seu papel no seio familiar.

Como pais podem ajudar os filhos a realizar seu papel?

Criança ajudando mãe e avó a cozinhar

Evolução nos remete a iluminação. Quanto mais evoluídos mais iluminados nos tornamos. Toda energia absorvida precisa ser devolvida seja de que forma for. No início a criança recebe uma quantidade imensa de energia do sistema para sobreviver e deve devolve-la em forma de graça, obediência e carinho. A medida que cresce precisa ser ensinada a devolver o que recebe em forma de cuidados com as próprias coisas, em pequenas terefas como a arrumação do quarto, cuidado com os brinquedos, respeito com as outras pessoas, entre outros. Posteriormente devem devolver de acordo com o que recebem.

Quando falamos de devolução é preciso que os pais entendam que não estamos falando em cobranças por desempenho ou por excelência. Isto se torna pressão o que é muito diferente.

O que estamos falando é de fazer a criança entender e ser inserida como parte do sistema família com direitos mas também com deveres. O erro que os pais têm cometido é o de nada exigirem se seus filhos e, a medida em que crescem, continuarem da mesma forma: fontes inesgotáveis de energia. Assim seus filhos saltam a cada vez que tiram deles energia, para novas órbitas cada vêz mais distantes do núcleo familiar. Ao não devolverem nada para o sistema, não evoluem, não se iluminam.

E esses pais se perguntam: porque meu filho esta cada vez mais distante de mim? Logo eu que lhe dou tudo? Sinto dizer mas você financiou essa viagem deu-lhe passagem e passaporte.

Concluindo

Criança colaborativa lavando a louça

Exigir colaboração dos filhos sempre, é a chave que abre as portas que o trazem para perto de nós. Não tranque a porta e jogue esta chave fora. Não pense que colaboração é algo ruim para eles pois, ao contrário, é o que lhes trará mais alegria e felicidade e, principalmente, proximidade ao seio familiar que os faz recordar sempre que são únicos, mas fazem parte de algo maior a que devem sempre respeitar e valorizar e colaborar. Mostre a seu filho que ele é importante para o sistema tanto quanto o sistema é importante para ele  mas que ele serve ao sistema e não o sistema  a ele. Evite que seu filho aprenda que é a peça mais importante da família para que quando estiver no sistema maior, no sistema social não se decepcione com a sua real condição de  elemento que tem valor pelo que contribui e não pelo que usufrui.

Tive gêmeos, e agora?

Bebês gêmeos

Ter gêmeos não é fácil. Quando se chega no consultório do médico e se descobre a novidade ocorre um misto de alegria e medo que não sabemos como explicar. Depois vêm os difíceis momentos em que se havia pensado tudo em um, mas tem-se que dobrar tudo: roupas, carrinhos, cadeirinhas, mamadeiras, escola, enfim, tudo. É assustador no início, mas a experiência naturalmente começa a se tornar maravilhosa com o tempo. O grande problema é que, como os filhos nasceram juntos, alguns pais possuem uma dificuldade enorme de compreendê-los como indivíduos diferentes, e este é o grande erro que se pode cometer para o seu desenvolvimento natural como seres humanos.

Entenda que são irmãos, mas pessoas distintas

Gêmeos com roupas diferentes e olhares diferentes

O primeiro passo é você entender que recebeu duas crianças frutos de uma mesma gestação, porém totalmente diferentes apesar de parecerem idênticas. 

Por mais que haja semelhanças físicas entre elas, existem ali duas mentes completamente únicas e em processo de evolução. Para nos orientar neste sentido basta nos lembrarmos que suas impressões digitais os distinguem e notar que já na primeira infância eles se mostram diferenças claras em suas preferências.

Não raramente gêmeos podem ter personalidades muito diferentes, visto que os traços de personalidade são influenciados pelas experiências que vivem e como eles as experimentam internamente. Embora o senso comum diga o contrário, a ciência aplicada à psicologia tem demonstrado que as experiências são muito mais determinadas pela maneira como o indivíduo as vivencia do que pela forma crua como as experiências se lhe apresentam. 

Nós sempre nos questionamos quando observamos irmãos que trilham caminhos muito diversos na vida. Nos perguntamos:

“Como podem ser tão diferentes sendo filhos dos mesmos pais e tendo sido criados no seio da mesma família?” 

Isto acontece justamente porque o meio pode sim influenciar o indivíduo, mas não determina por completo o resultado. Ainda há o registro peculiar do indivíduo em relação às experiências vividas.

Entendendo essa complexidade fica mais fácil para os pais entenderem que, apesar de seus filhos serem gêmeos, nunca serão idênticos.

Mesmo que tenham personalidades parecidas, têm identidades diferentes que precisam ser respeitadas e reforçadas, nunca se deve buscar buscar o contrário.

Acolha as diferenças

Pais com as filhas

Além de entender que são diferentes é preciso que os pais aprendam a acolhê-los. E não se iluda, isto deve acontecer desde o início, se possível desde a gestação. Você gerou dois indivíduos, se esqueça disso por um minuto e saiba que corre grandes riscos, pois um indivíduo que não possui individualidade é um indivíduo que sofre copiosamente. 

Sei que é tentador ver a ambos como cópias exatas e reforçar esta imagem vestindo-os com roupas iguais. Este é um grande erro que acaba se perpetuando pelos anos da infância e pré adolescência e pode causar muita confusão interna nestas crianças, considerando que faz com que percam sua identidade. 

Se você observar com atenção, gêmeos, mesmo quando considerados idênticos, sempre têm algumas características físicas que os diferenciam e caraterísticas de personalidade muito particulares. Então, ao invés de reforçar suas semelhanças, ajude-os a definir a sua identidade acolhendo as diferenças sem comparações.

Vista-os com roupas diferentes desde o início. Você vai perceber claramente como isto é determinado pela própria criança e não por você. Faça o enxoval com peças diferentes e quando você for vesti-los vai notar que sabe exatamente quais roupinhas combinam com cada um. Você vai se surpreender como isto é interessante e uma experiência que só quem possui gêmeos pode viver.

A medida em que forem crescendo, maiores diferenças serão percebidas. Acolha essas diferenças sem tentar encaixá-los em um mesmo padrão. 

Lembre-se: você tem dois filhos que por força da natureza nasceram no mesmo dia, frutos de uma única gestação. Dois filhos que precisam ser vistos assim: separados, distintos e diferentes.

Como entender o amor para com estes filhos?

Pais e filhos gêmeos

O amor nada espera, portanto não se mede pelas expectativas. É a capacidade de se dar sem qualquer cobrança, de querer o bem do outro mesmo quando isso fere os nossos desejos. O amor nos permite ultrapassar os limites até mesmo dos nossos instintos de auto proteção e auto preservação. Imagine uma mãe de vários filhos, qualquer um que dela necessitar para sobreviver ela tudo fará por ele, certo? Mesmo que tenha que oferecer uma parte de si. Um exemplo claro ocorre quando algum filho necessita de doação de órgãos: nunca vi um caso de uma mãe se negar a doar um rim para um filho sendo ela compatível, independente do filho que seja. 

Nunca as vi questionar de ser aquele filho o mais rebelde ou menos merecedor em relação aos demais. Isto é amor. O amor se apresenta em atos, não em sentimentos. O amor é divino, o gostar é humano. O amor não se limita, o gostar é determinado por satisfação de desejos e vontades. Se mede por merecimento que criamos em relação às atitudes que correspondem a nossa maneira de ver o mundo, de julgar as atitudes alheias inclusive dos nossos filhos. 

Sendo assim, conclui-se que uma mãe vai gostar mais daquele filho que lhe dê mais atenção, que lhe demonstre mais afeto, que lhe ouça e esteja mais presente em sua vida porque essas atitudes satisfazem à expectativas internas de todas as mães, mas vai amar a todos. Você pode se permitir sentir-se assim sem culpa porque este gostar de maneira diferenciada está presente em todas as mães apesar de uma grande maioria não o admitir pela necessidade de se encaixarem num estereótipo de mãe imposto sobre elas.

Como as brigas do casal os afetam?

Pais brigando e filhos afetados pela briga

Outro comportamento que atua de forma brutal sobre gêmeos é a tendência de cônjuges que têm uma vida conjugal ruim, muitas vezes buscarem nos filhos apoio para se fortalecerem elegendo um deles como seu favorito. Isto aumenta as comparações entre ambos como se os pais estivessemm em uma disputa por serem melhores pais individualmente. Começam a comparar o desempenho escolar, as capacidades de cada filho como se fossem um troféu pessoal. Esta competição acaba se expandindo a se perpetuando entre os irmãos, o que destrói a relação entre eles. 

Nesse cenário macabro, os filhos, para corresponderem às expectativas daquele cônjuge que o escolheu, começam a denegrir a imagem um do outro desmerecendo suas conquistas na tentativa de minimizar as próprias limitações. Isto é devastador pois fere a auto estima de ambos. O que se sente humilhado perde sua capacidade de enxergar-se dentro de suas capacidades e o que humilha incorpora uma falsa capacidade pois não busca identificar e superar suas limitações e sim escondê-las evidenciando e aumentado as limitações do irmão perante os pais. 

Esses pais projetam nos filhos as divergências existentes entre eles e os filhos, sem saber lidar com essas situações, as incorporaram e tomam para si este comportamento disfuncional que não lhes pertence. Isto pode levar ao rompimento dos laços fraternos que deveriam existir entre eles a medida em que destrói a admiração e respeito entre os irmãos.

O que as próprias crianças reclamam em relação aos pais e você não deve fazer?

Quando atendo pacientes que têm irmãos gêmeos a queixa é sempre a mesma:

Meus pais querem que eu seja igual ao meu irmão mas eu não sou. Tudo que faço me comparam e me cobram e eu não aguento isso. Tudo que compram pra mim, compram pro meu irmão e vice versa mesmo quando apenas um de nós precisa daquilo”.

Vou lhe contar alguns casos esperando que você não se identifique para com eles, pois são comportamentos de pais que geram filhos com sérias dificuldades:

  1. Um adolescente me disse certa vez que pediu ao pai um chuteira e ele comprou um par para o irmão também, mesmo que somente ele jogasse futebol;
  2. Um outro me disse que o pai comprou um tênis para o irmão mesmo sem necessidade para compensar a chuteira que estava lhe dando. Isto o deixava muito chateado; 
  3. Um terceiro, disse-me que fazia natação e detestava mas tinha que treinar porque o irmão era competidor.

São situações corriqueiras no consultório, adolescentes adoecidos puramente por não poderem viver na sua própria identidade. Personalidade e individualidade são inerentes a cada ser e precisam ser respeitadas. Não espere deles comportamentos semelhantes e não se decepcione com as diferenças. Também não se cobre e se culpe por sentir-se diferente em relação a cada um deles. 

O que fazer então? Como atuar?

Pais com filhos gêmeos sobre a cama

Se você tem filhos gêmeos você precisa focar em realizar estes pontos:

  1. Deixe cada um ser ele mesmo;
  2. Dê a cada um deles a atenção que merece sem se culpar;
  3. Incentive as diferenças
  4. Respeite as escolhas
  5. E principalmente: evite comparações.

Nunca se cobre ou sinta-se culpada por seus sentimentos em relação a cada um. Saiba que as mães amam seus filhos igual mas gostam diferente. Muitas mães sentem-se culpadas por terem sentimentos diferentes em relação aos filhos principalmente se forem gêmeos. Isto se dá pela cobrança que verte sobre as mães de serem seres quase que divinos. Jamais confessam para si ou para os outros seus sentimentos porque acham que apenas ela sente dessa maneira. 

Aprenda então uma verdade libertadora: toda mãe tem sentimentos diversos porque são humanas e não divinas, limitadas e não perfeitas.

Quando lhe perguntarem se ama os seus filhos igual pode responder que sim pois é verdade. O amor transcende o humano começa onde o termina o gostar. Pois o gostar está sujeito a satisfação das expectativas que criamos em relação ao outro. Portanto quando mãe, você vai gostar mais daquele filho que satisfaz ao maior número de suas expectativas. 

Portanto, o maior erro que os pais podem cometer com filhos gêmeos é se sentirem obrigados a moldá-los dentro de um mesmo padrão e satisfazer suas vontades por medo de estarem fazendo diferenças entre eles.

A maioria compra os mesmos brinquedos, como se eles tivessem o mesmo gosto. Presenteia a ambos, mesmo que apenas um deseje ou mereça ser presenteado. Exigem de ambos o mesmo desempenho quando suas capacidades são voltadas para objetivos diferentes. Aceite suas diferenças, respeite-as.

Conclusão

Ter gêmeos é uma oportunidade de crescimento pessoal duplicada. Exige de nós adaptações e transformações em dobro. Exige um olhar apurado para enxergar as diferenças, um sentimento capaz de acolher as divergências. Um autoconhecer capaz de nos permitir seguir em frente sem nos perdermos em projeções múltiplas. Ouvidos e sentidos apurados para nos conectarmos com a beleza sutil de diferenças tão semelhantes que possam despertar o amor que vem único apesar de um gostar diverso.

Tudo o que você deveria saber antes de ter seu primeiro parto

Mulheres grávidas

Você deve saber ou no mínimo sentir que para todas as situações que vivenciamos, nossa mente possui um programa que nos conduz acertadamente. Veja como exemplo a respiração. O programa que a conduz é acionado no primeiro instante em que o bebê deixa o útero materno levando-o a suprir o corpo com o oxigênio necessário a sua sobrevivência uma vez que está sendo desligado da fonte que lhe abastecia de vida.

Observando a respiração  nos certificamos da capacidade de nossa mente de conduzir de forma plena todas as situações em que somos colocados. Ela mantém a vida fluindo em nós sem que precisemos pensar sobre ela, sem que possamos ter qualquer tipo de controle ou resistência em relação a ela. A respiração se impõe sobre nós automaticamente como fonte de vida. Nada se pode fazer para impedi-la de manter a vida fluindo em nós através do ar que entra e sai a cada ciclo.

Ela é a mantenedora da vida desde o início de nossa jornada e a última a ser desligada quando já não há mais vida em nossos corpos.

É natural que tenhamos vários desses “programas” em nós como parte de nossa natureza humana. Eu sempre digo que um dos programas mais perfeitos que existe é o que aqui chamaremos de “Programa Parto”. Ele é acionado diretamente na mente da mãe quando o bebê está pronto para iniciar sua trajetória fora do útero materno. 

Toda mulher que já passou por um parto consegue compreender que vivenciou este programa, mesmo sem ter conhecimento de suas etapas. Aquelas mulheres que ainda irão experimentá-lo, poderão identificar cada passo com total consciência depois de lerem o resto deste texto. 

Etapa 1 – A preparação

Mulher grávida limpando a casa

Quem é mãe ou quem esteve ao lado de uma mulher no  final da gravidez,  percebeu que em determinado momento a gestante começa uma arrumação repentina na casa, no quarto do bebê ou até mesmo reorganizando as roupinhas na gaveta. Este é o sinal que o programa foi acionado. 

Pois em seu estado natural a mulher realmente precisaria organizar um local confortável e seguro para parir. Logo após este início, o programa faz então com que seja liberado em seu sistema uma grande quantidade de ocitocina que, chegando ao útero, dará início às contratações.

A ocitocina é o hormônio do amor portanto o bebê estará sendo forçado a sair do útero por amor. 

Etapa 2 – Prazer e dor

Mulher tendo um parto

Logo depois, para amenizar as dores provocadas pelas contratações, o programa provoca a liberação de endorfina no sistema. Endorfina é o hormônio do prazer. A gestante começa a sentir, mesmo em meio à dor provocada pelas contratações, sensações genuínas de prazer, o que a ajuda no processo.

Quando  o bebê começa a sair do corpo materno, assim que passa pelo abertura vaginal, o programa promove a liberação imediata de adrenalina no sistema, principalmente na  região vaginal. Adrenalina é o hormônio do estado de prontidão. Ela é liberada para que a mulher, mesmo estando extenuada, fique em estado de alerta para proteger o bebê e também para que, quando a cabeça do bebê passar pela saída da vagina, receba uma descarga de adrenalina que o permita abrir os olhos para que possa fixar o olhar nos olhos da mãe.

Esta troca de olhares é fundamental para o bebê pois neste momento ele se reconecta com a mãe e sente-se protegido.

Etapa 3 – A placenta e o amor incondicional

Para completar o processo, o programa leva o corpo a expulsar a placenta pois no momento em que este composto intra-uterino passa pela abertura vaginal há a liberação imediata da maior quantidade de ocitocina que qualquer mulher já experimentou.

Esta liberação de ocitocina leva a jovem mãe a experimentar a emoção genuína do amor incondicional.

Neste momento, nem mesmo a dor que ainda persiste no corpo pelo processo, impedirá a jovem mãe de sentir amor e  ir às lágrimas sem nem mesmo saber o porquê . É um programa complexo que só pode ser comandado nesta perfeição devido ao potencial inimaginável que a mente possui.

Assim nos tornamos mães e começamos uma outra jornada que nos acompanhará por toda a vida sem possibilidade de retrocesso.

Etapa 4 – Apanhando o recém nascido no colo

Mulher depois do parto com filho no colo

Quando se pega o bebê no colo pela primeira vez ele está com a carga de adrenalina que recebeu ao sair de dentro da mãe e está assustado pelas novas sensações que está experimentando. A respiração se impôs pela primeira vez rompendo caminho através das narinas e de todo o aparelho respiratório. Isto lhe causa estranheza  e desconforto. 

Mas a mãe, com a saída da placenta, acabou de receber a maior quantidade de ocitocina que já  experimentou. Está impregnada com o hormônio do amor, então no momento em que o bebê é colocado no seu colo, e começa a sentir a pele da mãe, sente aconchego em seus braços e, como a mulher está imersa nesta carga de ocitocina, o bebê sente-se acolhido por este amor. Por isso se acalma imediatamente pois está substituindo a adrenalina por ocitocina.

Mãe e filho tornam-se novamente um só neste momento. O mesmo amor que o expulsou do útero o acolhe agora. O vínculo se forma e o amor impera nesta relação.

Etapa 5 – Levando o bebê pra casa

Mãe com bebê recém nascido

Depois de tantas emoções vivenciadas pelo “Programa Parto” o “Programa Mãe” começa a ser acionado.Mesmo que você seja uma mãe de primeira viagem e não tenha ninguém para acompanhá-la nos primeiros dias de cuidados com o bebê, fique tranquila, sua mente vai comandar a situação com maestria liberando todas as informações necessárias a essa nova etapa. 

O seu corpo está sendo adaptado para produzir o alimento necessário ao seu bebê e caso isto não aconteça você saberá buscar alternativas. Vocês foram um só durante muito tempo e isto lhe capacita a sentir as necessidades do bebê apenas observando suas reações. Fique atenta sim, mas ao mesmo tempo tranquila, sua mente lhe orientará melhor do que qualquer especialista.

Conclusão

Ser mãe é a mais complexa das missões que nós mulheres podemos vivenciar. Seja por uma opção consciente ou não, ela nos proporciona sensações e aprendizados ímpares. É tão ambígua quanto o parto, que mistura prazer e dor e ao mesmo tempo nos oferece a oportunidade  experimentar a sensação de receber a maior carga de amor de toda a nossa existência. 

Ser mãe é muito mais que uma experiência é uma oportunidade de alcançar a excelência do amor em toda a sua dimensão.

A forma que uma mãe vê seus filhos pode ser a ponte que a separa da sua felicidade

A maneira como vemos as situações determinam como elas são. Em uma palestra sobre filosofia, ouvi a seguinte frase:

“Há quem passe pela floresta e só enxergue lenha para sua fogueira”.

Fiquei surpresa e pensativa. Como pode alguém olhar para uma floresta e não ver a exuberância do verde, a harmonia da vida e a presença da paz? Isto me deixou muito intrigada. Achei um exagero completo num primeiro momento. Porém, tudo o que nos confunde  um dia se revela em outro mais a frente. E numa situação em que pude vivenciar a história de duas mães, aprendi que a frase encerrava um tom de verdade. Ou seja, a beleza ou feiura podem estar realmente nos olhos de quem vê as mais distintas situações que ocorrem em nossas vidas.

Duas mulheres com seus filhos no colo e conversando.

A felicidade ou infelicidade pode ser determinada pela postura que está na mente de quem as experimenta.

E isso significa que podemos modificar nosso estado apenas resignificando a nossa própria realidade.

Vou lhes dar um exemplo do que vivi pelos caminhos da minha vida como psicanalista. Ouvi uma história muito semelhante de duas mulheres distintas. É praticamente a mesma história, mas os olhares são totalmente divergentes:

O olhar para o copo meio vazio

Uma delas em meu consultório, ainda sentada sobre o divã, com um olhar assustado e semblante sofrido, dizia-me:

“Sabe doutora, eu não sei o que fazer. Não posso ser feliz. Nada pode tirar de mim esta dor. Deus não foi bom comigo, me castigou sem motivos. O que me traz aqui é esta dor que me aperta o peito.”

Seus olhos neste momento já não me fitavam mais. Estavam voltados para o chão como se mergulhassem em suas memórias. Lágrimas corriam por sua face. E continuou a falar agora envolta em sua dor: 

“Eu sempre quis ter filhos. Tive muita dificuldade para engravidar, era o meu sonho. Após vários tratamentos finalmente aconteceu e para minha surpresa, engravidei de gêmeos.

Foi uma gravidez complicada mas consegui vencer. Dei a luz a duas meninas. Elas nasceram muito fraquinhas, prematuras. Os médicos foram muito dedicados mas mesmo assim uma delas não resistiu. Fiquei com apenas uma delas em meus braços. Ela resistiu e agora tem quatorze anos. Mês que vem vamos comemorar os quinze anos dela e a dor não passa, não estou mais aguentando:

Como posso aceitar que a outra não esteja comigo, que ela se foi? 

Eu não merecia perder a minha menina. Não posso ser feliz. Eu perdi minha alegria, minha felicidade, tudo que tinha naquele dia. Depois ainda perdi meu marido. Ele não compreendeu a minha dor e me deixou. Ninguém pode compreender porque ninguém passou pelo que passei. Não entendo porque Deus fez isso comigo. Como posso comemorar os quinze anos de uma filha se a outra não está comigo? São quatorze anos de sofrimento e dor. Uma tristeza sem tamanho. Não posso, não posso.”

Mergulhou então em um choro convulsivo que sacudia todo o seu corpo. Olhei-a com extrema compaixão pois sou mãe e sei como ela poderia estar se sentindo. Minha mente tentava compreendê-la e ajudá-la, ao mesmo tempo que se recordava de outra história que havia escutado há poucos dias nos corredores de um supermercado.

O olhar para o copo meio cheio

Observei, ao fazer as minhas compras, uma mulher com um olhar tão radiante que desejei aproximar-me dela. Cumprimentei-a e logo percebi seu olhar fixo em uma adolescente que, muito sorridente, escolhia coisas de adolescente e abastecia seu carrinho. Esta mulher com uma alegria contagiante perguntou-me:

“A senhora tem filho?”

Respondi que sim e ela continuou: 

“É uma benção, não é? Eu sou uma mulher muito abençoada. Eu sempre quis ser mãe mas tive muita dificuldade para engravidar. Fiz diversos tratamentos e depois de várias tentativas frustradas, finalmente consegui engravidar. E, para minha surpresa, fiquei grávida de gêmeos. Tive uma gravidez complicada mas finalmente elas nasceram, duas meninas. Eram muito fraquinhas, prematuras. Os médicos foram muito bons comigo, fizeram tudo que podiam mas mesmo assim uma delas não resistiu. Foi sofrido perdê-la, mas aquela ali sobreviveu. Não é uma benção?! 

São quatorze anos de alegria e felicidade por tê-la conosco. As duas eram tão fraquinhas que foi um milagre que esta tenha resistido. Mês que vem ela faz quinze anos e fico imaginando como será maravilhoso vê-la bailando pelo salão nos braços do pai. Deus foi muito bom comigo e eu só posso ser grata por tamanha benção.”

Seus olhos também choravam neste momento mas um choro tão doce que era de paz. Senti amor por ela e, sem conseguir falar, só pude compartilhar com ela a mesma felicidade dentro das minhas memórias, onde moram agora duas mulheres com duas estórias, tão iguais e tão opostas ao mesmo tempo. 

Concluindo

As situações se apresentam a nós como são, sem que tenhamos controle sobre isso, mas a maneira como vamos experimentá-las é escolha nossa. Se colocarmos nossa atenção na nossa fogueira, tudo que veremos na floresta será lenha para alimentá-la. Se apenas desfrutarmos do que ela nos proporciona, quando o sol nascer pela manhã, nos oferecendo luz e calor, já não haverá necessidade de reabastecê-la.  Como está o nosso olhar em relação aos nossos filhos? Fixados em suas dificuldades ou no brilho de suas virtudes?

Como criar um filho sendo mãe solteira?

Mãe solteira recebendo beijo do filho

A vida de mãe solteira não é fácil. Todas nós sabemos disso. Sejamos mães solteiras ou não, somos muito compassivas umas com as outras. E as dificuldades indiferem se você é “mãe solteira” por:

  • Ter sido simplesmente abandonada pelo marido na criação dos filhos;
  • Ter preferido criar os filhos sozinha, isto é, ter “escolhido” ser solteira;
  • Ou mesmo por ser viúva ou ter feito feito uma “produção independente”.

Em todos os casos as dificuldades são as mesmas. E o problema aumenta ainda mais quando vemos que o conteúdo que existe disponível sobre o assunto da criação de filhos quase sempre espera uma relação entre: pai, mãe e filhos, o que dista muito da realidade da maioria das famílias hoje em dia.

Uma relação diferente

Mãe e filha alegres

Você pode estar se perguntando agora:

Tudo que tenho lido contempla um pai na relação e eu não tenho um marido ao meu lado. O que vai acontecer com o meu filho?

Tranquilize-se. Reflita. Você esteve presente desde os primeiros momentos do seu filho(a) portanto tem muita importância no contexto de vida dele e isto perdurará por muito tempo.

No primeiro estágio de vida, do nascimento até um ano e meio, a relação é entre a criança e a mãe, e até aproximadamente os dois anos a meio há ainda uma ligação muito forte entre mãe e filho mesmo estando presente agora a interação entre a criança e as demais figuras familiares, inclusive a figura paterna. 

Estamos falando aqui em figuras mas é preciso ter clareza  que o importante é que essas figuras exerçam seus papéis, suas funções. Existem famílias onde os pais são apenas figuras que transitam no seio familiar sem contudo exercerem suas funções paternas. Muitas mães, atualmente, também deixam a desejar quanto à sua função materna.

Se você é mãe e sozinha, entenda que isto não é motivo para desespero.

Talvez seja menos problemático para a criança do que ter ao seu lado a figura de um homem que não exerça sua função, e que por isso seja um mal exemplo para o seu filho e objeto de rejeição.

Existe mesmo essa coisa de pãe? (mãe que é na verdade pai e mãe)

Mãe solteira com filho no colo

Muitas mulheres hoje em dia se vêem obrigadas a sustentar este lugar . Trabalham fora e dentro de casa. Acompanham seus filhos em todas as atividades e são responsáveis por suprir suas necessidades. São protetoras e supridoras. São a mulher e o homem da casa, nos termos mais antigos. Sabemos que a medida em que a criança cresce deve internalizar as funções paterna e materna para torna-se adulta. So é adulto quem é capaz de ser pai e mãe de si mesmo. Saiba que essas funções podem, ambas, estar presentes em você. 

Já vimos mulheres afirmarem: eu fui pai e mãe dos meus filhos e hoje eles são motivo de orgulho. São boas pessoas, bons pais e bons filhos. Como isto foi possível? Simples, essas mulheres exerceram ambas as funções. A função materna de acolher e proteger seus filhos, sendo a ordem dentro do grupo familiar e,  ao mesmo tempo, a função paterna de prover e limitar, sendo a lei dentro desta família. 

A criança, uma vez que tinha sobre si ambas as funções, mesmo que exercidas por uma mesma figura, teve a possibilidade de internalizar as duas funções tornando-se capaz de ser pai e mãe de si mesma. 

A criança aprende pelo exemplo e se identifica pela admiração

Criança cozinhando com a mãe

A criança aprende pelo exemplo e, além de internalizar as funções das figuras paternas, irá se identificar com a figura que lhe for objeto de admiração. Se você cria os seus filhos sozinha  relaxe, ele vai escolher uma figura que lhe seja admirável para se espelhar e com a qual irá se identificar. Provavelmente uma figura que seja do mesmo sexo dele (a). Portanto, facilite sua convivência com pessoas que o inspirem positivamente. Pode ser os tios, avós  irmãos, cunhados, amigos, não importa. Você vai perceber esta identificação e deve simplesmente permitir que se concretize. 

Figuras negativas podem ser um problema

Grande família com várias figuras que podem servir de exemplo

Saiba que a admiração pode acontecer com uma figura tanto positiva quanto negativa pois a mente da criança ainda não tem  capacidade de discernimento entre o certo e o errado. Ela apenas observa quem é o mais forte e poderoso no contexto para se espelhar e se identificar. Então estará propensa a ter o mesmo comportamento da figura admirada.

Cabe a você oferecer a criança ambientes saudáveis com pessoas equilibradas.

Se a criança estiver em um ambiente onde a figura de poder e força ocupe este lugar  por meios ilícitos, ela poderá se identificar com esta pessoa e seguir os seus passos. 

O que fazer então?

Por isso é preciso que você esteja alerta e consciente de suas funções. Como função materna deve acolher a criança em suas dores e dúvidas e  proporcionar a ela um ambiente ordenado para levá-la  ordernar-se internamente. Como função paterna deve traçar as diretrizes por onde ela deve transitar e as regras as quais precisa se submeter.

Isto requer firmeza e equilíbrio pois ela ainda precisa obedecer sem contudo ser privada de ter opiniões e um mínimo de liberdade para conseguir discernir sobre os próprios caminhos.

E preciso ordem e disciplina, amor e liberdade. Você deve ser seu porto seguro onde ela possa se expressar  sem contudo ultrapassar os limites que separam os papéis exercidos. Portanto vale a afirmação: “instrui o  teu filho nos caminhos que deve andar e ele jamais se afastará deles”.

Seus filhos estão muito distantes de você? Saiba o porquê e como aproximá-los novamente

Que o ser humano é um ente complexo todos nós sabemos. Mesmo os bebês e crianças, ainda tão pequenos e com pouco aprendizado sobre o mundo, são seres extremamente complexos e inteiros, com suas características, pensamentos e o mais importante: com sentimentos particulares e únicos.

Toda essa unicidade humana permite também algo único de nossa espécie: as pessoas podem se ligar umas às outras, se compreender, se sentir. Por mais que as ligações mentais possam ocorrer, a verdade é que

a única coisa que pode ligar verdadeiramente uma pessoa à outra são os sentimentos criados entre elas, ou seja, os vínculos que partilham e que desenvolvem em conjunto.

Existe um momento melhor para criar laços com meu filho ou filha?

Isso é assim para todos os seres humanos, sejam amigos, namorados, conhecidos ou colegas de trabalho. Saiba que entre mães e filhos não é diferente. Por mais que exista uma ligação biológica forte, esses laços precisam ser criados e desenvolvidos. O que nem todas as mães sabem é que há um momento ideal para o desenvolvimento inicial desses laços:

precisam ser criados quando a criança está desenvolvendo sua personalidade, ou seja, nos sete primeiros anos de sua vida. 

Crianças e pais brincando

Os laços que se criam nesta época são muito fortes. Eles têm um potencial enorme de criar vínculos profundos entre mãe e filhos. Perdemos nossos filhos quando deixamos escapar esta grande oportunidade. E aí ocorre um grande erro que a maioria das mães cometem: perdem a melhor época do relacionamento para se ligar emocionalmente aos seus filhos.

Se você conseguiu criar laços de afeto nesta época isto é ótimo, se não conseguiu saiba que ainda existe a oportunidade de fazê-lo, mas é preciso que você aprenda que vínculos são completamente diferentes de dependência.

Crie vínculos, não dependência

Mãe alimentando o filho enquanto o filho utiliza o celular

Muitos pais acham que criaram laços com seus filhos quando na verdade criaram dependência. Você provavelmente deve estar se perguntando agora: mas qual é a diferença entre eles? Como faço para criar vínculos e não dependência?

Eu respondo: vínculos são criados com afeto, dependência com cuidados. 

Muitas mães são extremamente cuidadosas e acham que são boas mães somente por:

  • Darem tudo o que os filhos querem;
  • Cuidar de suas roupas com perfeição e zêlo;
  • Dar banho e deixá-lo sempre limpinho;
  • Comprar os alimentos mais caros e lhes dar de comer “do bom e do melhor”.

E perdem a oportunidade de se ligar aos filhos mesmo tendo-os ao seu lado e se achando a melhor mãe do mundo. Companhia não é o mesmo que presença. Apenas o cuidado não cria vínculos, é preciso distribuir afeto. E o afeto gera a relação de intensidade que precisa existir entre mãe e filhos.

Filhos sem vínculos permanecem ao lado dos pais por dependência financeira ou psicólogica mas não por prazer, e por vontade.

Muitas mães perderam seus filhos nos pequenos momentos da rotina diária, quando pensaram que cumprir suas “obrigações” para com eles era o suficiente, que isso preencheria todas as necessidades dos filhos. Assim, essas mães oferecem tudo que o filho precisava  mas não o que ele verdadeiramente necessitava. Consegue perceber a diferença? É muito simples: o que a criança precisa pode ser comprado o que ela necessita não.

Mãe comprando coisas para a filha

Podemos comprar um brinquedo para uma criança mas não podemos comprar a sua capacidade de brincar e se divertir com ele. Podemos comprar roupas para ela no inverno mas não podemos comprar o calor para aquecê-la. Portanto, podemos fazer com que dependam de nós, mas não podemos fazer o mesmo com os vínculos.

Vínculos são criados com afeto, com entrega!

Mãe vinculada à filha

Na vida cotidiana e, é claro, em meu consultório, observo triste  mães cuidando dos filhos sem afeto, sem o aprofundamento na relação necessário e inerente à maternidade, e o grande problema é que os vínculos só são criados quando entregamos ao outro o que está além do necessário. 

É preciso que haja presença, o que é muito diferente de estar fisicamente presente. Presença nos momentos juntos só existe se houver afeto e o afeto só acontece se você estiver focada naquele momento. Se você estiver com seu filho com a mente em outro lugar, você não está presente. É preciso que você entenda isto pois um minuto de presença efetiva vale mais do que horas de estar apenas presente ao lado dele. Presença genuína se traduz em afeto nos momentos rotineiros. O afeto está presente durante o banho, em cada toque, na companhia verdadeira durante as refeições, em cada palavra dita com carinho. E dedicação que vai além do medo de errar e do medo de não corresponder às expectativas que você criou sobre si mesma e que pensa que os outros têm sobre você. 

Muitas mães colocam seus filhos para almoçar diante de uma mesa farta e os deixam ali, se alimentando sozinhos tendo a TV ou o celular por companhia, enquanto se dedicam a coisas que consideram mais importantes. Este é um dos maiores erros que podem cometer. Este  momento é indispensável para a criação de vínculos com seus filhos.

Dê valor ao momento de alimentação

Criança na mesa com pai ocupado

O momento da alimentação é importantíssimo. É um momento que aguça os sentidos  mais profundos da criança e ela precisa se sentir acolhida. Precisa de companhia genuína. Ela está completamente aberta ao prazer naquele instante pois seus sentidos estão a postos. O paladar, a visão, o olfato e o tato estão sendo estimulados ao mesmo tempo o que corrobora para criar memórias na mente dela. Por estar com os sentidos estimulados, seu senso crítico está rebaixado, a audição está livre, assim o que  é dito a ela tende a cristalizar-se em memórias mais facilmente. 

Este é o momento propício para lhe passar valores e não criticá-la ou expor suas falhas. É um momento em que memórias serão fixadas fortemente em sua mente. Se estas memórias são de convivência, de presença dos pais, vínculos fortes serão criados. Quando esses momentos são negligenciados perde-se uma das maiores oportunidades de criação de vínculos. Os vínculos criados nesses momentos são tão fortes que se tornam âncoras em suas mentes. Âncoras são memórias tão intensas que são acionadas pelos nossos sentidos sem que tenhamos controle sobre elas. 

Quem nunca se lembrou da casa da avó ao sentir aquele cheiro de bolo no ar ou da comida que ela fazia quando você ia visitá-la? Esta memória se transformou em uma âncora que leva você a este momento sempre que estimulada. As memórias que vinculam mães e filhos precisam ser positivas e fortes o suficiente para não deixar dentro delas abismos pela sua falta ou dores pela sua negatividade.

Ligue-se ao seu filho pelos momentos positivos, esteja presente

Pais e filho em um picnic

Somente criando vínculos na infância teremos nossos filhos ligados a nós por sentimentos positivos. As emoções vivenciadas nestes momentos serão a base dos sentimentos futuros que irão unir pais e filhos. Nada pode substituir tais memórias.

Boas memórias só se criam com bons momentos, bons momentos só existem se houver afeto, afeto só existe se houver presença.

Momentos perfeitos são ilusões que criamos com nossa mente limitada dentro da nossa capacidade humana, onde o perfeito se resume a momentos onde podemos dar tudo que o nosso filho quer. 

Quando permitimos que ele compre o que ele deseja no shopping, peça os sanduíches mais caros mesmo sem ter fome e depois nos sentamos a mesa lado a lado, cada qual com seu smartphone, destroem-se os laços. Estamos juntos mas não estamos presentes. Estamos em mundo diferentes, sem afeto.

Nos o vemos mas não nos enxergamos. Eles se afastam porque não há vínculos entre eles e os pais. Eles sentem-se cuidados mas não amados. Se alimenta mas continua faminto de afeto. 

Conclusão

Mãe ensinando ao filho

Ser mãe sem a clareza do que significa presença exige muito de nós. Ser mãe com esta compreensão nos liberta da culpa de nossas ausências naturais e obrigatórias. Nos liberta da necessidade de criarmos situações para estarmos a maior parte do tempo ao lado dos nossos filhos. Hoje a maioria das mães têm suas jornadas de trabalho e se culpam por estarem fora por grandes períodos. Fiquem tranquilas pois vocês podem transformar as poucas horas ao lado dos seus  filhos em presença genuína que vai estar na memória deles com tamanha grandeza que nada poderá abalar este vínculo entre vocês. Lembre-se: esteja presente todo o tempo em que estiver ao lado dos seus filhos.

Como errar menos com nossos filhos de 0 a 14 anos

Sou psicanalista, terapeuta e hipnoterapeuta, mas quando me perguntam minha profissão sempre respondo em conjunto: sou mãe! Isso porque esta é a tarefa mais difícil entre todas que eu já realizei e me orgulho profundamente da mãe que sou, apesar de saber que cometi muitos erros, que são naturais no processo. 

Este orgulho surge naturalmente, entretanto isso não faz com que eu deixe de lado o que sinto, senti e vivi na criação deles e é disso que quero falar aqui hoje.

A verdade é que os sentimentos em relação aos nossos filhos são tantos que muitas vezes não sabemos exatamente o tamanho desse amor que sentimos.

Também não aceitamos aqueles sentimentos escondidos que surgem e que precisamos aprender a aceitá-los para trabalhar com eles e tirar o melhor de nós e de nossos filhos. Vou descrever alguns desses sentimentos agora.

5 sentimentos que escondemos em relação a nossos filhos

Pare um pouco, veja se algum desses sentimentos nunca ocorreu com você… você olha para o seu filho e sente:

MEDO 

Mulher com medo de errar em relação ao filho

Do que está vivendo, do futuro, medo de errar. Saiba que esses são sentimentos comuns a toda mãe, você não está sozinha. Neste caso é um sentimento tão comum que às vezes nem temos vergonha de compartilhar com outras pessoas, nem sempre fica tão escondido.

ARREPENDIMENTO 

Mulher com arrependimento de ter tido o filho

Muitas vezes nos sentimos arrependidas até mesmo de termos parido nosso filho. É difícil admitir, mas ambas sabemos que é verdade. Lembramos do quanto éramos livres antes do seu nascimento:

  • Do quanto a vida era mais fácil e menos dispendiosa;
  • Do quanto tínhamos tempo para nós mesmas;
  • Dos sonhos que tínhamos e queríamos seguir.

Escondemos esse sentimento porque ele faz com que nos sintamos mal, nos sintamos não adequadas para o que a sociedade espera de nós. É natural que este sentimento escondido faça-nos sentir tão mal e não nos sintamos no direito de compartilhar que lá no fundo há um pouquinho de arrependimento.

RAIVA 

Mulher com raiva

Em certos momentos sentimos raiva. Raiva genuína de onde às vezes até brota alguma agressividade. Nos sentimos horríveis por achar que somos as únicas a termos tal sentimento, afinal, nossas amigas sempre nos dizem que só sentem amor, e esta pequena mentira que elas contam acaba nos condenando ao lugar de péssima mãe, numa análise que vem de dentro de nós mesmas. Então nos protegemos atrás de comportamentos amorosos e seguimos com nossa culpa. 

CIÚMES 

Mulher com ciúmes do filho

Porque todos olhos que te viam já não te enxergam mais. Estão voltados para a criança. Seu marido, amigos e familiares a enxergam sempre antes de você. Você quer ser vista com a importância que tinha antes, o que não é possível mais. Isto é a raiz do ciúme, e você pode até começar a direcionar um pouco de agressividade para aqueles que antes tinham muito mais olhos para você. Sem compreender a normalidade desses sentimentos, você segue sem saber o que fazer e sentindo-se ridícula e infantil por ter esse tipo de sentimento.

DECEPÇÃO

Mulher com decepção em relação ao filho

Afinal, a criança sempre é diferente daquilo que sonhamos e planejamos. Nunca é exatamente o resultado da nossa expectativa. Daí, surge uma pequena inveja do filho da minha amiga, lindo e tão perfeito mas que só o é porque o vemos em poucos momentos. Desta comparação surge um pensamento:

“Opa! Mas este que é o meu filho e eu tenho que amá-lo como é.”

E surge mais uma vez a culpa. Que agora pode desencadear uma pequena revolta. Da revolta com nossa expectativa e da culpa por sentí-la, surge a necessidade de dedicação genuína a esta missão que nos foi dada, a missão de mãe.

NÃO SABE O QUE SENTE? 

São “emoções‘’ entre amor e raiva, querer e não querer, proximidade e distância, carinho e rejeição, é tudo e nada ao mesmo tempo. Então você se perde nessa quantidade enorme de sentimentos não compreendidos e o único papel em que se encontra é o de mãe! Esquece-se de todos os outros papéis:

  • Filha;
  • Mulher;
  • Esposa;
  • Amiga.

E concentra-se em apenas um, fazendo de tudo sem medir esforços, e segue se obrigando a ser a melhor mãe que conseguir, cumprindo todas as expectativas que estão sobre você, enfrentando a tudo e a todos em defesa deste filho.

Mulher com filho desobediente

Então você pára e olha e percebe que precisa lidar com um filho:

  1. Que chora muito e não te dá espaço;
  2. Que não vai bem na escola;
  3. Que briga muito com os irmãos;
  4. Que não lhe obedece;
  5. Que é diferente do que você sonhou.

Aí você se pergunta: onde foi que eu errei?

Onde foi que errei?

Você não está sozinha. Todas nós erramos, erramos feio, erramos muito. Mas sabemos que tudo que fizemos foi tentando acertar pois fomos guiadas pelo desejo de vê-los felizes. O nosso problema é que não nos ensinaram que o “amor’’ liberta, e a verdade é que ele também aprisiona.

Se você estiver no início da jornada pode aprender a errar menos. Se já fez este caminho pode entender onde e porque errou e criar condições para minimizar as consequências destes erros, tomando atitudes acertadas no presente. Para isto é preciso que entendamos que o ser humano evolui em ciclos. Hoje vamos falar dos dois primeiros ciclos, de 0 a 14 anos, e eu vou dividi-los aqui em outros menores para explicar melhor e te dar dicas de como lidar com seu filho em cada fase.

Fase 1 – Do parto a um ano e meio

Criança de 0 a 1 ano e meio

A criança só deseja. Desejar é o sentimento que nos leva a nos livrarmos de tudo aquilo que nos incomoda e nos causa dor. O prazer nada mais é do que livrar-se desse incômodo. Nesta fase… Ler mais>>

Fase 2 – De um ano e meio aos 3 anos e meio

Menino de 3 anos

É o ciclo o mais importante, pois neste período a personalidade está se moldando de acordo com as memórias que estão sendo fixadas em sua mente. A interação pais e filhos será fundamental… Ler mais>>

Fase 3 – De 3 anos e meio aos 7 anos

Menina de 5 anos

Neste período a introjeção das funções paterna e materna tende a consolidar-se. A criança ainda estará tentando ocupar mais espaço e ampliar seus limites… Ler mais>>

Fase 4  – De 7 anos e meio aos 14 anos

Crianças de 11 a 12 anos

Neste ciclo a criança precisa ter internalizado as funções materna e paterna, pois se encontrará em situações onde não terá a presença dos pais para direcioná-la… Ler mais>>

Conclusão

Em qualquer período em que seu filho esteja e precise de ajuda, há sempre caminhos que você pode trilhar para chegar até ele. Porém, estes caminhos devem levar você ao encontro da criança negligenciada ou mimada dentro dele. É esta criança que precisa de cura. É esta criança que precisa de você e somente ela vai aceitar a sua ajuda. Você pode aprender a reconhecer esta criança observando as características físicas e comportamentais do seu filho ou filha. Ao encontrar a criança você poderá  supri-la apenas com o que faltou sem excessos, sem exageros. 

Pais carinhosos com os filhos

A falta desta clareza leva muitos pais a se perderem, sucumbindo às exigências dos filhos ao invés de suprir as necessidades que não foram supridas no momento oportuno.

Eles não conseguem perceber que o que faltou na verdade foram limites, foi um não firme e bem colocado; e assim continuam dizendo “sim” às suas  exigências. Não percebem que foram cuidadosos mas não foram amorosos, que criaram laços com seus filhos mas não criaram vínculos. Laços criam dependência, vínculos fazem nascer o amor.

Como errar menos com filhos de 7 anos e meio aos 14 anos

Crianças de 11 a 12 anos

Como é a criança

Neste ciclo a criança precisa ter internalizado as funções materna e paterna, pois se encontrará em situações onde não terá a presença dos pais para direcioná-la. Somente tendo essas funções dentro de si será capaz de se proteger e decidir sobre os vários caminhos que lhe serão apresentados. 

Ela deverá julgar as situações, adequá-las às leis e decidir sobre elas. Esta dinâmica estará ocorrendo o tempo todo dentro dela, cabe aos pais agora reforçar essas funções internalizadas por ela com limites, responsabilidades e reforços positivos.

Vale lembrar que elogios são mais importantes do que críticas pois elogios fortalecem.

Mãe elogiando filha

Este é ainda um período de muita rebeldia pois ela precisa desvincular-se das funções  paternas externas para conectar-se com as internas. Ela está em transição entre o externo e o interno, para ter lei, ordem e obediência em si mesma.

A necessidade de se opor a tudo tudo que você diz ou sugere será evidente. Isto é natural não é apenas para desafiar você. A mente dela a estará protegendo de ser dominada pois ser superior é o que todos buscamos. Dar ordens, pedir que compreenda e se coloque no seu lugar é imediatamente descartado pela mente dela. Você precisa ultrapassar esta resistência natural para chegar dentro dela.

O que fazer

O maior recurso neste momento é a contação de estórias. São estórias que vão dizer a ele o que você deseja, porém indiretamente. Conte estórias pequenas e muito simples, deixando sempre as conclusões por parte do adolescente. Não conclua para ela.

Você deve criar essas estórias utilizando personagens, conhecidos ou não por ele, que estejam em idade próxima e tenham comportamentos semelhantes aos que você deseja que ela modifique. Por conta dessa semelhança, automaticamente ela vai se comparar ao personagem da estória. Isto deve ser feito sem que ela perceba a sua intenção, esta é a principal razão para que você não conclua as estórias para ele.

Mãe contando estórias para filhos no carro
M

Sabe aquele momento que você está levando seu filho pra escola? Use-o para conversarem. Assim que a conversa estiver em um bom caminho, comece a introduzir as estórias. Você pode colocar informações preciosas dentro dos temas sem que ele resista. Você já viu pais desesperados tentando ensinar seus filhos a não usar drogas mostrando a eles o mal que elas fazem e serem surpreendidos com os filhos usando? Eles dizem: 

“Nossa! Eu falei tanto, preveni tanto, ensinei tanto, como pode isso estar acontecendo?”

A verdade é que foi dito algo da maneira errada. E justamente por falarem sem conhecerem a técnica correta, acabaram por chegar a este ponto.

Você precisa colocá-lo na história através de outro personagem que não seja ele. Se você quer falar, por exemplo, pra ele não usar drogas conte-lhe uma estória como quem não quer nada. Invente ou use personagens reais que estejam na situação que você quer evitar. 

Conte-lhe, por exemplo:

“Sabe, filho, aquela minha amiga. Ela tem um filho que é de uma idade próxima a sua (use aqui outras características do seu filho), ele estuda também mas ela me disse que ele se envolveu com drogas. Fiquei com pena dela.Você acredita que ela me disse que ele perdeu o ano. Ele quebrou o quarto dele todo um dia desses e ontem a polícia o prendeu junto com uns amigos estranhos que ela nem conhecia? Ela está arrasada e ele ele fichado. Fiquei triste por ela.”

Pare por aqui. Note que a história não leva a conclusões, porque elas devem ser feitas por ele. Confie nele, ele naturalmente fará o seguinte raciocínio:

“O filho dela tem 14 anos, eu também tenho 14 anos, somos iguais. Ele se meteu com drogas e se deu mal. Drogas não são boas.”

Esta conclusão tem que ser dele. Não conclua por ele dizendo algo como: 

“Viu é isto o que acontece se você seguir esse caminho. Aí é onde você vai chegar.”

Filha pensando sobre algo que os pais disseram

Se você fizer este tipo de comparação, estará reforçando a possibilidade dele entrar para este caminho porque ele possui uma necessidade enorme de se opor a você para crescer como ente autônomo. Nunca compare seu filho com alguém falando diretamente para ele. É um grande erro. Ele vai para o caminho oposto ao que você deseja que ele faça ao executar a comparação.

Além  do uso desta técnica, você pode reforçar os conceitos que já foram aprendidos e oferecer outros embasados na ética. Para isto é preciso que você se cuide para ser uma figura admirável aos olhos dela. Ela só se identificará com você se você for uma figura de referência. Crianças precisam de heróis, se não os encontrar em casa irão buscá-los fora.

Filho admirando a mãe

Então, não existe outro caminho:  

  • Se quer um filho saudável cure-se;
  • Se quer um filho forte fortaleça-se;
  • Se quer quer um filho educado, eduque-se, 
  • Se quer um filho respeitoso, respeite-se e respeite-o. 

Você deve se tornar o que espera dele. Então, se quer um filho perfeito… esqueça!

Como errar menos com filhos de 3 anos e meio aos 7 anos

Menina de 5 anos

Como é a criança

Neste período a introjeção das funções paterna e materna tende a consolidar-se. A criança ainda estará tentando ocupar mais espaço e ampliar seus limites. Ao ser limitada em suas ações e comportamentos , a criança experimentará pequenas doses de frustração ao não conseguir o que deseja.

É é com essas frustrações dentro da dinâmica familiar que ela estará se preparando para lidar com as frustrações que a vida irá lhe impor. 

Neste período seus desafios serão mais direcionados à mãe. Ela buscará uma maior aproximação com o pai e continuará tentando impor sua vontade, testando os limites dos pais. Já será capaz de criar pequenas intrigas onde possa tirar vantagens pessoais. 

Criança testando os limites dos pais buscando vantagens pessoais

O que fazer

Entenda que isto não é desamor ou rejeição pela mãe, e sim um desenvolvimento saudável. Ela está no que chamamos na psicologia de fase genital. Por estar nesta fase, é natural que surja neste momento também a descoberta das sensações genitais. A masturbação será descoberta. Lidar com isso exige equilíbrio para não aterroriza-la com pressões físicas e/ou psicológicas e morais, e nem deixar que este comportamento aconteça sem qualquer direcionamento. O melhor caminho é entender que para a criança abandonar uma fonte de prazer, basta que lhe seja apresentada uma alternativa, portanto quando encontrá-la se masturbando, dê o mínimo de importância ao fato e convide-a para fazer outra coisa.

Fase em que a criança descobre a masturbação, como os pais devem agir.

Diga que tem algo mais interessante a fazer como por exemplo ver um programa ou filme com você. Desvie a atenção dela, mude o foco. Procure enfatizar o mínimo possível o ato em si. A sua desatenção a este  comportamento fará com que ela vá aprendendo que a sexualidade é apenas uma opção entre muitas outras que proporcionam prazer. E que é natural pois não alcançou lugar de destaque e muito menos castigos. 

Outro ponto importante nesta fase é que é o momento em que a criança se identifica com uma das figuras paternas. Se ambas são admiráveis e fortes ela vai se identificar com a figura semelhante a ela, por isso é importante não denegrir a imagem que a criança tem dos pais. Se ambos exercem suas funções a criança se identifica com um deles mas leva pra dentro de si ambas as funções.

Oferecer valores e limites agora é essencial. O sistema familiar é onde a criança vai introjetar as funções materna e paterna para, quando adulta, ser mãe e pai de si mesma.

Criança aprendendo valores com a família

O pai representa a lei, a mãe a ordem e a criança a obediência. No início de sua participação nesse sistema ela experimenta e introjeta a capacidade de obedecer. A medida em que cresce, vai aos poucos ampliando seus limites e experimentando a ordem.

Para que isto ocorra bem, é preciso que você realize pequenos movimentos, dando-lhe dando-lhe espaço para ir colocando em ordem suas próprias coisas, brinquedos, materiais escolares, mochila, etc. Assim ela vai aprendendo ordenar-se por dentro.

O aprendizado da criança sobre ordem e leis ocorre neste fluxo. Ela estará aprendendo que existem leis justamente ao ter que se submeter às regras da casa como hora das refeições, deveres de casa, hora de dormir e hora dos eletrônicos, por isto este é um momento muito importante.

Criança aprendendo as leis que deve seguir em casa

Lembre-se! Os pais é que devem determinar espaços e regras, não a criança. Vá ampliando suas conquistas ao mesmo tempo que os deveres. A criança precisa colaborar com o sistema, e caso isso não aconteça ficará retida no estágio anterior, onde todos os seus desejos eram satisfeitos, e assim usará recursos daquele período, como choros e pirraças, agressões.

Ter definidas dentro de si as funções materna e paterna fará da criança um adulto completo, capaz de ordenar a própria vida, entender e criar as próprias leis, e obedecer aos próprios comandos. Tendo controle sobre a sua vida emocional, sexual e financeira.

Como errar menos com filhos de 1 ano e meio aos 3 anos e meio

Menino de 3 anos

Como é a criança

É o ciclo o mais importante, pois neste período a personalidade está se moldando de acordo com as memórias que estão sendo fixadas em sua mente. A interação pais e filhos será fundamental para o seu futuro. Temos ciência, é claro, que antes destes estágios, a criança interage com a mãe, sente o que ela sente e recebe tudo que ela lhe oferece, seja bom ou ruim. A criança precisa de energia para sustentar-se. Quando a mãe está bem o útero fica cheio de energia, e naturalmente quando está mal o útero fica sem energia e se contrai, tornando-se um lugar não tão confortável para a criança. 

O bebê fica apertado e sem energia, e este padrão de energia que recebe durante a gestação irá acompanhá-lo vida afora, como tudo o que vivemos e fica marcado em nós. Mas isto não é um ponto para desespero e para gerar um ultra-cuidado com seus filhos. Ame e cuide sem exageros, você deve suprir as necessidades do seu filho ou filha e não ele ou ela a sua de realização. Não o sufoque com um amor que seja intenso demais, pois um amor trabalhado desta maneira pode se transformar muito mais em um pseudo-amor do que um amor verdadeiro.

Criança com pais felizes

Neste estágio também é o momento que a criança percebe que tem controle sobre algo que é seu, ela aprende que pode controlar as fezes. Sabe quando você chega em um lugar e vê uma mãe com uma criança no banheiro, tentando fazer com que ele desfralde? A criança fica no banheiro horas com a mãe e não faz e assim que a mãe desiste e coloca uma fralda ela enche a fralda? Pois é, esta é uma manifestação deste controle por parte da criança. É a criança sentindo que tem vontade sobre algo que é dela. É a criança se sentindo um sujeito pelas primeiras vezes, sentindo que tem sua própria vontade e que tem um pouco de controle sobre a vontade da mãe.

Criança desfraldamento

Por conta do surgimento desta vontade, o período de desfraldamento é uma fase muito delicada, onde o equilíbrio deve prevalecer, pois se houver muita pressão ou muita permissividade, o bebê será prejudicado. A criança deve entender que pode ajustar o controle que tem sobre seu “produto” com o interesse da mãe. 

Simultaneamente a criança também está percebendo que há outra pessoa nesse sistema familiar: o pai. Ela começa a se afastar da mãe e se aproximar do pai. Ao contrário do que muitas mães podem sentir neste período, a aproximação com o pai é um sinal positivo, sinal de que o desenvolvimento do bebê está ocorrendo de forma satisfatória. O problema é que, sem compreender isto muito bem, muitas mães se sentem nesta fase abandonadas e injustiçadas. Afinal, quem carregou este bebê por tanto tempo? Quem dá de mamar? Quem dá tudo o que ele precisa e ainda assim a criança fica querendo o pai toda hora? Isso não é justo, certo? Errado, é justo sim. Você não deve pensar assim.

Criança alegre com o pai

O que fazer

Entenda que você não está perdendo o amor da criança. Não tente prendê-la a você pois fatalmente fará com que ela regrida ao estágio onde só havia mãe e filho, com que seu desenvolvimento fique parado numa fase anterior, e isso pode comprometer o seu desenvolvimento por toda a vida. Facilite que o pai exerça a função paterna. Saiba que estará adoecendo a criança com pequenas colocações e proibições como:

‘’Seu pai é bobo! A mamãe quem sabe cuidar de você!” ou“Seu pai não sabe de nada, fica com a mamãe.” 

Deixe de lado ideias ilusórias de que a criança só será protegida se estiver com a mãe, impedindo o pai de sair com a criança na justificativa de que ele não cuidará dela. Você estará ensinando a criança que a figura paterna é fraca, não é amada e não merece respeito. A criança entenderá que o diferente dela, neste momento o pai não merecer ser amado e respeitado. A semente dos preconceitos nasce desta dinâmica criando raízes profundas na mente da criança de  que o diferente dela é fraco portanto não merece ser amado  e respeitado. Mais tarde você talvez irá se perguntar porque seu filho não aceita algumas pessoas por terem traços, cor da pele, ideias ou opções diferentes das dele e não encontrará respostas.

É preciso concordância também entre os pais na hora de impor limites a criança.

É preciso ficar claro que: “Não é não”, independente de quem vem. Não se pode haver um pai que fala não e a mãe diz sim para a mesma coisa, ou mesmo o reverso. Este é um grande erro que os casais cometem. 

Pais permissivos demais, filho sem limites.

Neste momento amar é impor limites. O maior erro dos pais, aqui, é que por medo de traumatizar a criança, tornam-se permissivos. Isso fará surgir na criança um sentimento de onipotência, tornando-a agressiva, controladora e sem limites.Ela lançará mão de todos os recursos que possui para experimentar o prazer de ter suas vontades satisfeitas. Pirraças, gritos, mordidas, agressões aos pais, xixi e cocô na roupa serão cada vez mais comuns se não houver limites.

Mães e pais precisam ser firmes e coerentes: “Sim é sim! Não é não!”

Se houver entre eles uma disputa pelo amor do filho, a criança perceberá e se tornará um oponente doentio de ambos. Ela usará de todos os recursos sem qualquer escrúpulo para dominá-los pois nesta fase a criança ainda não é capaz de sentir culpa ou empatia. Conduzir bem esse período é necessário para que, quando se tornar adulta, tenha respeito à figuras de autoridade e poder (pais, avós, professores, etc), controle financeiro e capacidade de agir com maturidade.