Mães que fazem mal aos filhos – “A carente”

Mãe triste, filha consolando

Este será o último artigo da série que começamos há 3 semanas atrás. Falamos de vários tipos de mães que fazem mal aos seus filhos. Começamos pela mãe “incrível”, que tem como principal característica ter uma presença invejável mas por pouco tempo; depois falamos da sedutora que tende a esquecer de seu papel de mãe e realizar apenas o de mulher, deixando os filhos de lado; por último falamos da “descontrolada”, que é uma mãe que tem em sua essência atitudes e mentalidade de uma pessoa abusadora. 

Todos são perfis que culminam na geração de psicologias incompletas para os filhos. Fechando a série hoje falaremos de um perfil muito particular por sua característica dependente e controladora ao mesmo tempo. Falaremos do perfil “A carente”.

Como são essas mães?

Criança cuidando da mãe

Este é perfil de mãe se caracteriza por serem pessoas sedentas de amor. Não têm uma identidade pessoal pois se completam no outro; e nada mais oportuno do que se completarem nos filhos.

Querem o amor do outro a qualquer custo e para isto se tornam dependentes e requerem atenção o tempo todo.

Elas  buscam os holofotes através:

  1. Do drama: dramatizam tudo ao seu redor. Transformam gotas em tempestades onde sempre estão no papel de vítima; 
  2. Da dor: são verdadeiras receptáculos das dores geradas pelas situações vividas. Transformam as dores do passado em obstáculos intransponíveis. Se transformam em seres sem direito à felicidade perante o que já viveram. Cegam-se para o fato de que todas nós já passamos por momentos ruins e se estamos aqui devemos fazer jus à capacidade que tivemos de superá-los;
  3. Da doença: com o tempo o sofrimento que vivem acaba por se manifestar no físico então vivenciam as doenças geradas por ele, daí surge uma ferramenta ainda mais poderosa. Transformam a enfermidade em um mecanismo de prova. Mostram o quão injusta a vida continua sendo com elas e usam a moléstia como meio de dominar os filhos pelo o medo da possibilidade de perdê-las;
  4. Dos  problemas: tudo que as envolve é difícil. Tudo se torna um problema. Até às terefas mais simples do dia a dia são transformadas em obstáculos para os quais precisam de auxílio; 
  5. Do sofrimento emocional: são eternas sofredoras. Sofrem de um mal que nem elas mesmas conseguem entender ou descrever. É uma dor que para elas não tem cura já que é justamente esta dor que as tornam o centro das atenções. 

Como elas amam?

Filha cuidando da mãe

O amor que oferecem é na verdade o amor que pensam necessitar.

Exigirão um amor que na verdade está longe de ser amor, é carência e dependência emocional pura e simples.

Elas fazem os filhos se sentirem pesados, em falta para com elas. Sua característica principal é a carência, o drama como se alguém estivesse sempre falhando com ela.  É como se ninguém fosse o suficiente pra elas. Este comportamento faz com que os filhos sintam vontade de se afastar e isto cria neles um sentimento de culpa que os prende ainda mais.

Ser filho de mães deste perfil é estar condenado a ter de amá-las de uma maneira desconfortável, uma vez que amar esta mãe é ter de fazê-la feliz, o que é impossível. 

Isto faz com que seus herdeiros se sintam impotentes e cansados o tempo todo, levando-os a uma sensação de menos valia que se fará presente nos seus relacionamentos afetivos e profissionais. São mães que projetam nas proles a possibilidade de se tornarem inteiras e os aprisionam na obrigação de serem responsáveis pelo que lhes falta.

Como é ser filho de uma mãe assim?

Crianças tristes

Ser filhos de mães deste perfil é ter de conviver com a culpa de não corresponder a tudo que lhe foi “entregue”, ao mesmo tempo em que o filho se sente incapaz de ser grato em toda completude dado que isto acarretaria existir apenas para elas. 

Há uma dor, uma culpa que os acompanham pela impossibilidade da exclusividade. A vida lhes é demasiado pesada considerando que precisam dedicar suas vidas para evitar que elas sejam infelizes. O herdeiro vai se sentir então incompleto, infeliz, já que a felicidade só existe quando nos bastamos como seres inteiros. Ter de atendê-las é o papel de todos ao seu redor. As pessoas devem servir a elas pois se não o fizerem serão culpadas pelo que possa acontecer.

Os filhos ficam incapazes de ter autonomia, vitalidade e escolhas próprias. Não podem ter vida, felicidade e alegria porque é constrangedor ser feliz tendo uma mãe tão infeliz.

Conclusão

Depois de quatro artigos, terminamos a série. Espero que tenha sido muito esclarecedor para todas vocês. Se vocês possuem uma mãe que se enquadra em qualquer um desses perfi,s fiquem à vontade para seguir as dicas que dei ou até mesmo para enviar uma mensagem no meu Whatsapp pois ajuda muito conversar com alguém.

Se se identificaram com algum dos perfis saiba: é necessário fazer a mudança e dificilmente esta mudança será feita sem terapia, procure um profissional. 

Nas próximas semanas falaremos sobre temas diversos, começando a focar mais no tema “mulher”. Espero que estejam gostando de participar comigo nesta longa caminhada que é aprofundar-se nas relações entre mães e filhos. Até a próxima.

Mães que fazem mal aos filhos – “A descontrolada”

Mãe descontrolada com filhos atrás.

Hoje vamos falar sobre um tipo de mãe que busca os holofotes para si, fomentando brigas, discussões e desavenças. Por conta de tanta tensão, cria inimigos em potencial: o parceiro, os vizinhos, o chefe e na maioria das vezes os filhos. Promovem  discórdia jogando as pessoas umas contra as outras. Elas vêem os descendentes como um fardo porque naturalmente são eles que mais precisam do seu empenho. Sentem-se exploradas como se esses filhos estivessem roubando a sua vitalidade, tirando algo que é de sua propriedade.

Então brigam, humilham, expõem os herdeiros, e muitas vezes são abusivas física e/ou psicologicamente. 

Como elas tratam os filhos

Mãe criticando filha ainda criança.

São mães que fazem as crianças se sentirem culpadas pois mostram o tempo todo o quanto é difícil ter de criá-las e/ou que não foram desejadas. Elas são muito raivosas e rancorosas. Mantêm o controle das proles através do medo e da submissão e é no caos fomentado por elas mesmas que conseguem este controle.

Desmerecem as qualidades dos filhos criticando-os constantemente porque reconhecer-lhes as qualidades é ameaçador à superioridade que precisam possuir.

São excelentes auto promotoras transformando suas atitudes em qualidades imaginárias. Veem os filhos como adversários a serem subjugados. Podem ser agressivas quando são pequenos e continuarão com os abusos quando adultos de forma mais velada, verbal e psicologicamente.

Ainda para continuarem no controle, tendem a se perpetuar no lugar de mãe porque este lugar lhes oferece poder.

Mãe criticando a filha.

Para isso, impedem que o descendente se torne um adulto completo aprisionando-o na dependência financeira e/ou emocional. 

Em um segundo momento tendem a tomar para si o controle sobre os netos fazendo deles novas vítimas, colocando-se como as únicas capazes de cuidar deles. Ser herdeiro de mães desse perfil é experimentar o sofrimento desde a infância, pois já nos primeiros momentos, quando os holofotes deixam a grávida e se voltam para o bebê, elas deixam de amá-lo e se voltam inconscientemente contra eles, quebrando os laços de mãe e filho e este rompimento permanecerá ao longo da vida. 

Percebi que minha mãe é assim, e agora?

Adolescente triste e pensativa.

Se você perceber que sua mãe possui um destes perfis, não se assuste, apenas entenda que nem toda mãe é perfeita e boa. Existem mães que são más, mesmo que inconscientemente. Aceitar isto é um grande passo para todas nós. É deixar de lado uma fantasia que nos prende.

O ideal é nos olharmos e aceitarmos que mãe é apenas uma função com tempo limitado para existir.

Deve estar claro para você que em determinado momento – assim como seu filho precisa se tornar adulto e inteiro e que pessoas adultas e inteiras vivem sem a presença e influência de suas mães – você também pode se libertar dela. 

Crianças precisam das mães, adultos precisam de si mesmos.

Devem ser capazes de conduzir as próprias vidas para estarem aptos a compartilhar suas vidas com outros adultos. E neste momento, por tempo limitado, conduzir a vida dos próprios filhos. Você pode ser completa e inteira e exercer uma maternidade mais suave. Lembre-se que você  pode seguir o próprio caminho, pois já nos foi ensinado que “abandonaríamos pai e mãe”; este abandono precisa acontecer seja física e/ou psiquicamente para você se perceber completa. 

Comece a caminhar sozinha, pois você já não precisa mais do cordão umbilical

Mulher empoderada.

A caminhada começa quando você entende que sua mãe é diferente sim, que lhe desperta sentimentos antagônicos variando entre amor e raiva que se misturam e lhe causam sofrimento. Neste momento começa a sua libertação. 

Quando se aceita a mãe como ela é, o sentimento de inadequação por achar que você é culpada por não sentir “esse amor que todos dizem sentir por suas mães” começa a se dissipar. Dissipando a culpa, o vazio que existe por não receber também “o amor que todos dizem receber delas” começa a desaparecer. E em um terceiro momento, o desespero de não ser aceita como você é e portanto não receber a admiração e o carinho que os outros recebem, começa a dar lugar a outras percepções. 

É como se seus olhos começassem a enxergar além do que veem. Um novo mundo se abre à sua frente. É como se a criança carente de amor e aprovação entendesse que isto está disponível sim, mas não ali onde todos diziam estar. Esse despertar fará você ver outros caminhos, então é preciso se permitir seguir por eles para bem longe, física e emocionalmente pois só distante dela se conseguirá desfrutar da vida em abundância. 

A vida lhe foi dada para ser vivida em abundância e não em sofrimento constante. Junto a mães assim a vida é sofrimento por mais que não se queira admitir. 

Mães que fazem mal aos filhos – “A sedutora”

Mulher grávida sensual

Hoje muitas mães se perderam em seus papéis. Não sabendo colocá-los em ordem de prioridade em cada um dos momentos da vida, absorvem-se completamente em seu papel de mulher, esquecendo-se de seu papel como mães. Têm um tipo de personalidade que faz com que busquem a atenção para si através da sedução, sentindo um prazer descomunal por meio da capacidade de sedução que possuem. 

Para satisfazer a esta necessidade, investem seus esforços em tudo que as façam mais e mais atraentes. Tornam-se o centro dos olhares pela forma física e na maioria das vezes pela exposição desnecessária de seus corpos. Dentre todos esses jogos psíquicos de sedução, esquecem-se da vida real e de seu papel perante aos seus filhos. É a partir deste esquecimento de papel e da sua característica principal que vem sua denominação “a sedutora” e hoje explicarei o quanto esse tipo de mãe pode fazer mal aos seus filhos e filhas.

Por que uma mãe sedutora faz mal para seus filhos?

Mãe triste com filho ao colo

Este tipo de mãe coloca os filhos em uma posição difícil e muitas vezes constrangedora.

Quando os filhos são meninos surge uma dificuldade de perceberem a mãe por trás da mulher desejada e sedutora, e isto pode levá-los a uma visão distorcida em seus futuros relacionamentos.

Poderão adotar dois tipos de comportamento no futuro:

  1. Buscar parceiras sedutoras, comparando-as com suas mães o tempo todo e quando essas mulheres não sustentarem mais esse papel (o que acontece por decisão própria ou por circunstâncias naturais), eles deixarão de admirá-las podendo até se tornarem hostis e agressivos por se sentirem “traídos” por elas. Tendem a achar que elas têm a obrigação de permanecerem atraentes e sedutoras mesmo após a gravidez ou com o decorrer dos anos; 
  2. Podem também adotar um comportamento visto apenas como “ciumento” que os levam a rejeitar qualquer sinal que as aproxime da figura materna sedutora com a qual tiveram que lidar. Proibindo que usem maquiagem, acessórios e roupas que julguem sensuais. Agem como se fossem seus donos. Na verdade estão tentando fazer o que não puderam quando crianças: proteger a mãe dos olhares ameaçadores e evitar a dor de terem de lidar com isso.

Ela compete com suas filhas

Mãe e filha competindo por beleza

Para uma menina o desafio será ainda maior. Meninas naturalmente buscam em seu entendimento próprio como mulher uma primeira comparação a mãe. Por conta de não possuírem atributos e conhecimento suficientes neste campo, não terá como superá-la. Isto pode gerar na filha:

  1. Baixa estima elevada; 
  2. Dificuldade de aceitação de si mesma como mulher;
  3. E uma percepção distorcida da própria aparência, afinal ela perdeu na sua primeira comparação. 

O pior é que essas mães, por estarem fixadas na mulher em si, acabam enxergando suas filhas como concorrentes ou adversárias. Então tendem a denegrir a imagem de suas filhas e diminuir suas conquistas.

Tornam-se muito críticas em relação a elas evidenciando suas deficiências e dificuldades com quem quer que conversem, em detrimento de suas qualidades e capacidades. São aquelas mães que você vê estranhamente, ao falar das filhas:

Mãe criticando a filha
  1. Criticando a sua aparência;
  2. Diminuindo-as diante dos outros; 
  3. Mostrando em todas as situações que elas não são boas o suficiente;
  4. Comparando-as com as filhas das amigas onde as suas sempre perdem;
  5. Fazendo comparações desnecessárias entre as meninas e elas mesmas;
  6. Mesmo em situações em que outras pessoas estão falando bem das suas rebentas há sempre um “mas” que vêm de suas bocas, explicitando imediatamente algo ruim em relação a elas.

Esta convivência deixará marcas profundas.

Quando adultas, são mulheres que terão grandes dificuldades em seus relacionamentos pois continuarão e se perceberem insuficientes e não merecedoras da admiração e amor de seus parceiros.

Profissionalmente, por mais que sejam competentes, se sentirão incapazes de enxergar sua verdadeira capacidade necessitando de reconhecimento e elogios para se sentirem competentes. Em alguns momentos até mesmo elogios e reconhecimento serão insuficientes para enxergarem seu verdadeiro valor. Isto lhes provocará grande sofrimento.

O que fazer se conheço alguém que possui ou se tenho uma mãe assim?

Primeiramente é preciso entender e aceitar que ser mãe não transforma uma mulher  por si só em uma pessoa boa.

É preciso aceitar que existem mães que são incapazes de amar verdadeiramente seus filhos.

Não conseguem olhar para além de si mesmas sem se sentirem ameaçadas e o amor se traduz em atos que vão além de qualquer sentimento. 

O amor só se manifesta se nos permitirmos enxergar além do que os nossos olhos vêem. Para enxergarmos além do que vemos é preciso que estejamos prontos para oferecer algo de nós sem sentirmos que estamos perdendo algo. Por estarem presas em si mesmas as “mães sedutoras” vêem seus filhos como ameaçadores pois sentem que tiram algo de si, sentem que tiram sua capacidade de ser mais e mais sedutora. 

Relacionar-se com mães deste perfil requer uma conscientização de que elas são assim por elas mesmas e que nada que você faça vai torná-las diferentes. É preciso que você se permita seguir o seu caminho sem a aprovação e admiração dela, aceitando a realidade como ela é. É preciso saber amar a si mesmo e não necessitar de amor incondicional vindo delas, já que ele não virá. Em resumo: é preciso amadurecer como ser humano e compreender a realidade tal como ela é, e seguir em frente apesar das dificuldades que surgem por ser rebento de uma mãe assim.

Mães que fazem mal aos filhos? Sim, isso existe!

Mãe chingando a filha

A partir desta semana iniciamos o ano no SobreMaesEFilhos. Espero que tenham sentido saudades, pois durante o meu recesso senti falta de escrever e falar com vocês.

Para o início do ano decidi fazer uma série de quatro artigos sobre o tema “Mães que fazem mal aos filhos” que por mais que possa soar estranho ao senso comum, existem e estão mais presentes do que você pode imaginar.

Ninguém nasce perfeito, mas todos sabemos que podemos nos aperfeiçoar. O objetivo dessa série é apresentar a vocês, mães, como alguns comportamentos podem ser maléficos aos filhos. Farei isso por meio da abordagem de quatro tipos de mães tóxicas. Você pode se identificar com alguns, isso é normal; ou mesmo identificar sua mãe, amigas, etc. Isto pode ajudar você a aprender a não ser assim, a ensinar outras pessoas a não sê-lo e, principalmente, a se defender e defender outras pessoas de mães assim, caso consiga. Ter consciência da existência dessa realidade ajuda muito na hora de enfrentar uma barra como essa.

Não existe mãe perfeita

Mãe perfeita cuidando das filhas

Não estou aqui lançando uma culpa às mães mas, ainda hoje, por mais que os pais e avós estejam presentes na vida das crianças, a presença ou ausência das mães é determinante para a saúde mental de todo ser humano. Não estou também afirmando que não existam pais tóxicos pois eles existem tanto quanto as mães, então os perfis que vamos tratar cabe também a eles. Mas como o foco aqui é a relação mães e filhos, sempre me refiro ao papel de nós: mães.

Nenhuma de nós consegue ser perfeita e nem boa o suficiente mas, como é o esperado e já foi até definido, é preciso que sejamos ao menos uma mãe “suficientemente boa”. E ser suficientemente boa significa alcançar um patamar de equilíbrio que é necessário para que nossos filhos se desenvolvam bem e livremente.

Existem alguns perfis de mães que querem atenção a qualquer custo, precisam dos holofotes sobre elas por isso não conseguem suprir este equilíbrio. Ser filho filho(a) de mães desses perfis é muito difícil. 

Vamos abordar alguns desses perfis de forma clara mas utilizando termos mais simples. Quando falamos de mães que fazem mal aos filhos logo nos vem à mente uma mãe definitivamente má, capaz de infringir sofrimentos físicos e/ou psicólogico e emocionais de forma ostensiva aos filhos.Engana-se quem pensa que este é o tipo mais comum, uma vez que muitas  vezes esta forma de abuso não está presente para velar o seu comportamento ou pelos filhos serem mais fortes do que as mães. 

O fato de não haver sofrimento físico, porém, não fará desaparecer as consequências. Vamos abordar algumas formas mais leves de abuso e também esta forma hostil à qual todos nós podemos entender. No entanto, o que precisa ficar claro é que dentro de todos os perfis o que está por trás do comportamento é um desejo frenético de auto satisfação pelo poder, status ou diversão. Elas podem estar ligadas a um desses requisitos, dois apenas,ou aos três ao mesmo tempo como é o caso do perfil que todas nós imaginamos ou conhecemos: a ostensivamente má. Começaremos pelo perfil da mãe que chamaremos aqui de: “A incrível”.

A mãe incrível

Mães deste perfil são muito impulsivas e guiadas pelo prazer. Estão sempre a caminho daquilo que é fácil gostoso e prazeroso, portanto revestido de alguma superficialidade. São impulsivas porque querem coisas boas, gostosas e divertidas. Isto as guia para que estejam sempre buscando situações onde esta necessidade seja satisfeita, onde o prazer seja imediato. 

O que dê prazer a longo prazo não está em primeiro lugar nos seus planos. A maternidade, como todas as coisas mais sólidas, para elas é entediante porque as priva de atividades que lhe ofereçam este prazer. Então essas mães se tornam uma “mãe maravilha” que aparece em determinados momentos mas desaparece logo depois. Quando chegam trazem chocolates, presentes, fazem bagunça, brincam; ela é uma festa, mas com hora para acabar. Há uma certa instabilidade na sua função materna. Criar o filho na totalidade geralmente fica para outras pessoas mas também não há uma exclusividade nesta criação, alguém ficará com uma carga maior mas haverá uma participação coletiva neste processo, seja essa pessoa o pai, avós, tios, amigos, etc.

Elas tendem a ser uma figura altamente agradável. Por serem assim tão agradáveis, permissivas e empenhadas nos momentos em que estão presentes, há um certo endeusamento da criança em relação a elas pois, quando aparece, é a mãe mais legal do mundo. É divertida, alegre, participativa e tudo mais que um filho possa querer. Ela faz um show incrível mas com tempo limitado. Vem enquanto está gostoso mas logo depois já está interessada em outra coisa então se esquece de sua função ou a confunde e parte para outras atividades que a levem a obtenção de prazeres imediatos, deixando o filho para trás ou expondo a criança a lugares, situações ou ambientes incompatíveis. 

Ela não se sente culpada pois tem a sensação de que tudo está bem pois cumpriu o  seu papel uma vez que foi “incrível”.  Por ser voltada para o prazer, tem uma carga de sexualidade muito elevada o que a leva a uma conexão muito forte com sua vida afetiva. Todas as outras funções ficam em segundo plano. O primeiro lugar é ocupado pela vida afetiva e sexual dela.

Ela traz os holofotes para si  através de uma leveza que faz com que ela mesma não perceba o comportamento volátil que adota. As coisas mais consistentes são abandonadas e junto a elas também vai a maternidade, pois a maternidade por si só já traz um certo peso, é entediante. O que mais prejudica os filhos é o endeusamento que criança faz desta “mãe incrível”. A medida em que a criança cresce isto vai perdendo o peso, mas enquanto é pequena fica difícil para ela entender e responder à perguntas como: 

  • Porque esta  deusa é também um fantasma? 
  • Por que ela não fica comigo? 
  • O que falta em mim para que eu possa fazê-la ficar?

A criança não pode entender que ela é incrível porque os filhos são uma peça no seu tabuleiro de prazeres. E esses filhos ficam perdidos neste mundo de “faz de contas” e sentem-se insuficientes pois não se sentem capazes de fazê-las permanecer ao lado deles. Esse sentimento pode acompanhá-los por toda a sua história deixando-os enfraquecidos em todos os campos da vida adulta pois esse sentimento de insuficiência fará com que tenham uma baixa estima constante. Nos relacionamentos amorosos se sentirão também incapazes se serem amados e insuficientes para manterem os seus parceiros ao seu lado tentando merecer o amor do outro tornando-se submissos, permissivos e emocionalmente dependentes. O que os guiará será este sentimento de incapacidade, de insuficiência, de não ser merecedor do amor e presença do outro.

Relacionamentos abusivos acontecem mais do que você imagina, saiba o porquê

Homem conversando com mulher de forma agressiva.

O ser humano é peça fundamental de qualquer sistema. Sofre pressões internas e externas, portanto está sempre agindo ou reagindo a essas pressões, mesmo que a omissão seja a sua escolha. Nossas ações e reações estão fundamentadas no desejo intrínseco à natureza humana de sermos superiores e dominantes em relação ao outro, por mais que isso seja difícil de admitir para muitos.

Nos relacionamentos isto perdura. Quando escolhemos alguém, somos guiados pela capacidade de concretização deste desejo. Essa relação nos oferece algo que, aos  nossos olhos, nos torna superiores.

O estranho é que o mesmo sentimento que nos leva a escolher com quem nos relacionamos é o que também nos faz permanecer em um relacionamento, mesmo que ele seja abusivo. 

Como surge um abusador?

Criança vivendo situação de pai abusivo em relação à mãe.

Quem deseja entender a razão da existência de um abusador, precisa compreender que o abuso só ocorre hoje porque lá atrás – nos primeiros anos de vida dos envolvidos, em seus relacionamentos familiares – houve uma vivência abusiva determinante em relação ao abusado e ao abusador. 

Alguém foi responsável pela formação do caráter que determina os comportamentos observados daquele que agride e do que se submete à agressão.

Ambos tiveram seu psiquismo comprometido devido a vivências de abuso. Foram observadores de situações abusivas de seus pais ou viveram o abuso em relação a si próprios.

Isto precisa ficar claro pois existem raríssimas exceções nestes contextos. 

Nenhum tipo de abuso deixará os envolvidos livres de sequelas. Crianças que vivenciam situações abusivas entre os pais desenvolvem comportamentos sintomáticos que lhes causarão sofrimentos muitas vezes vistos como inexplicáveis. Caso o abuso ocorra em relação a elas os sintomas serão ainda mais graves. Assim surgem as duas figuras: abusado e abusador.

Existem diferentes tipos de abuso

Mãe pressionando a filha a tocar um instrumento musical

Quando falamos em relacionamentos abusivos, logo traçamos um quadro mental de uma relação homem/mulher, quase sempre pensando em um marido abusivo que maltrata a esposa verbal ou a violenta fisicamente. Primeiramente é preciso desconstruir essa imagem, pois relacionamentos abusivos podem ocorrer em qualquer tipo de relação, até mesmo em amizades ou no trabalho. Quando se fala em crianças, alguns pais vêem como abuso somente agressões físicas ou sexuais, porém existem diversas outras formas de abuso tão prejudiciais quanto. 

Quando submeto uma criança a qualquer atividade que a prive de ser criança ela está sob abuso.

Muitos pais colocam os filhos em papéis incompatíveis com suas idades, transformando-os em pequenos adultos sem perceberem o mal que lhes causam. Darei alguns exemplos de situações que algumas pessoas podem considerar como “normais” mas que também se caracterizam em abuso:

  • Uma criança que é obrigada a cuidar dos irmãos, por exemplo, como se mãe deles fosse, está sofrendo abuso, pois terá sequelas psicológicas por toda a vida como consequência de ter queimado etapas. Esta é uma das piores formas de abuso e que passa despercebida a diversas mães; 
  • Transformar filhos em confidentes e ou parceiros ocupando o “lugar do homem” da casa também é abuso, a criança/adolescente não tem maturidade para este papel e também terá sequelas futuras;
  • Tentar se realizar através dos filhos guiando-os profissionalmente pelo nosso desejo destrói qualquer capacidade de realização que ele possa ter no futuro pois não terá prazer no que faz;
  • Transformar os filhos em eternas crianças pela presença impositiva como mães os leva ao não amadurecimento. Existem mulheres que continuam ocupando o lugar de mães na vida dos filhos mesmo quando já são adultos, não permitindo que eles se tornem adultos completos. Estão sempre presentes em suas vidas físicas ou psíquicas decidindo, opinando e direcionando suas escolhas. Elas os transformam em credores de uma dívida impagável pelo que  lhes ofereceram, pois o preço desta dívida é uma obediência velada disfarçada de gratidão. Perdem a consciência de que ser mãe é um papel limitado e finito que elas escolheram. Ele não teve opção de escolha e agora também não a tem. A única escolha que tem é ser filho e servil em tempo integral.  Ser filho eterno sobrepõe-se a todas as outras funções impedindo que ele amadureça. Isso também caracteriza abuso.

Filhos de relações assim terão suas vidas ceifadas e limitadas. Por mais que tentem, apenas conseguirão uma vida paralela e secundária. Jamais serão adultos o suficiente para livrarem-se da dependência a que são submetidos. O que resultará dessas relações será sempre um sofrimento, mesmo que não seja claro, porque ninguém pode ser feliz sob abuso.

O abusado porque se sente pressionado, o abusador porque não é amado. Pode ser temido ou tolerado mas jamais amado.

Concluindo

Primeiramente é importante que você aprenda a identificar as várias situações de abuso que estão ocorrendo ao seu redor, ou pior ainda, em que você participa como abusado ou abusador. O primeiro passo para a solução desses problemas é identificar, aceitar sua existência. Por mais que eu tenha dado alguns exemplos, saiba que as situações de abuso são tão diversas e  complexas que é preciso ficar atento e analisar em sua vida se em algum momento você se sente privada em sua liberdade de:

  • Ser mulher;
  • De fazer/não fazer sexo;
  • De trabalhar;
  • De encontrar amigos;
  • De cuidar dos filhos;
  • De ir e vir;
  • E diversos outras liberdades.

E em relação aos seus filhos, é preciso que você verifique sempre se os estão privando de:

  • Viver cada fase da vida com alegria;
  • De ser aquilo que são;
  • De namorar e conhecer outras pessoas;
  • De estar com os amigos;
  • De fazer as próprias escolhas por mais básicas que sejam;
  • Para as crianças, de brincar com liberdade;
  • De conhecer o próprio corpo;
  • Etc, etc, etc.

Portanto, se você está vivendo qualquer situação que lhe cause sofrimento observe quem o provoca e saiba que você pode decidir por fim a este sofrimento porque “nem toda forma de amor vale a pena”. Se você está causando dor a alguém, perceba que por trás de sua atitude existe um prazer não revelado que no futuro cobrará o seu preço em dor. Liberte-se e liberte quem quer que seja que esteja provocando ou recebendo sua infelicidade.

Amar é, em primeiro lugar, querer o bem do outro. Se for um amor em relação a nossos filhos, muitas vezes o bem deles fala mais alto até mesmo do que o nosso próprio.

Para esse amor se manifestar, precisamos dar-lhes a liberdade de que tanto necessitam. Se o que está oferecendo ou recebendo causa dor a você ou ao outro, então não é amor.

Você briga muito com seu marido? Saiba que isso pode afetar seus filhos de maneira irreversível!

Pais brigando enquanto filhos ouvem e estão tristes

Seu casamento está em crise? Ou é  uma crise perpétua em forma de casamento? Talvez você já nem saiba bem. É aquilo que muitas de nós já vivemos:

  • As discussões acontecem por qualquer motivo ou mesmo sem que eles existam;
  • O amor é algo ausente e mesmo assim o relacionamento persiste;
  • Você não sabe  porquê permanece nesta relação e também não sabe como pôr um fim a ela. 

Se em você o sofrimento é quase insuportável, imagine para o seu filho.

Eu sei que, se esse for o seu caso, você já não sente amor, admiração ou qualquer outro sentimento positivo pelo homem que você tem ao seu lado, afinal ele “é apenas o seu “marido”, nada mais. Alguém que conheceu quando já era adulta, portanto não foi o seu “primeiro amor”. No entanto, é preciso que você entenda que para o seu filho ou filha a coisa é bem diferente.

As brigas dos pais aos olhos dos filhos

Criança com pais brigando atrás

Para o seu filho seu marido é alguém a quem ele ama tanto quanto ama você.

É um sentimento profundo, arraigado, e que não vai mudar com facilidade. Quando ele os vê brigando, não consegue se posicionar de um lado ou de outro, pois são duas pessoas que têm o mesmo grau de importância para ele.

A briga acontece fora, mas a luta acontece dentro do peito e da mente dele que tenta se proteger da dor de ter que dar razão a um dos dois. 

Ele se sente tão pressionado que pode adoecer fisicamente ou psicologicamente para se proteger dessa decisão. Se o adoecimento for físico, será perceptível imediatamente, mas se for psicológico haverão consequências graves, porém de longo prazo, que não serão tão perceptíveis no momento.

A dor que seu filho sente talvez seja inimaginável para você caso não tenha vivido a mesma situação em sua infância. Ele sofre frente a necessidade de escolha e posicionamento,  e pela incapacidade de pôr fim à briga. Sente-se impotente, fraco e sua autoestima acompanha essas emoções. 

Meu filho pode ficar traumatizado?

Criança triste assistindo seus pais brigarem.

Muito tem se falado sobre traumas e muitos pais até tornaram-se permissivos demais ante a possibilidade de traumatizarem seus filhos. Vêem o trauma como algo grave e portanto o vinculam a situações também graves. Fato é que o trauma acontece todas as vezes que vivemos uma situação sem gozo, sem prazer ou que nos cause dor. Acontece também quando existe o gozo mas seguido de culpa.

Nossa mente está sempre atenta para nos proteger da dor portanto busca prazer em todas as situações. 

Situações vivenciadas sem prazer são registradas como memórias dolorosas e  continuarão nos fazendo reviver a dor sofrida para que seja reestruturada. Esta memória é o trauma em si.

Portanto, um lar desajustado é uma fábrica de traumas para a criança.

Pense no seu filho ouvindo e sentindo todas as ofensas proferidas em relação às pessoas que ele mais ama e também originadas nessas mesmas pessoas. A mente dele não consegue processar isso e não tem como protegê-lo, uma vez que a proteção que poderia buscar está justamente nessas mesmas pessoas. É algo assustador. Sem saída ele então buscará uma causa para o conflito a fim de aplacá-lo, e a causa se voltará justamente para quem mais depende e sobrecarrega os pais: ele mesmo. 

Quais são as consequências na psicologia da criança ou adolescente?

Pais discutindo perto da filha

Um filho de pais conflituosos acaba se vendo como o causador, a fonte do conflito e passará a não gostar de si pois é o elemento que desencadeia dor em si e nos outros.

E então no futuro, você o verá um adulto completamente submisso ou altamente agressivo.

Serão os dois mecanismos de defesa mais presentes neste adulto:

  1. A submissão protege a criança frágil que não tinha forças para aplacar a própria dor e se submeteu a situação, encolhida apenas sofrendo;
  2. A agressividade o remete a criança que desejava pôr fim ao que vivia como um adulto forte e poderoso mas não tinha poder e força para fazê-lo. 

Agora esta criança no corpo do adulto e sem a capacidade de se proteger ante as dores que a vida lhe apresenta, tentará destruir as fontes que possam lhe proporcionar qualquer sofrimento, mesmo que esta possibilidade exista só na sua imaginação, pois até mesmo sua imaginação estará conectada às suas memórias da infância.

O que fazer para proteger o meu filho (a) se não consigo parar com essas brigas de casal?

Mãe protegendo sua filha

Sei que é difícil superar essas brigas. Muitos casais vivem anos, senão dezenas deles, sem conseguir superá-las. Por isso, não tenho a pretensão de, em um pequeno texto como este, tentar resolver o seu problema. No entanto, posso aqui te atentar para o que é mais importante: encontrar uma forma para vocês redirecionarem parte dessa energia que empregam nas brigas para uma direção focada no respeito

  • Respeite o seu futuro: pois você será mãe eternamente, e ver um filho em sofrimento é uma dor que nenhuma de nós deseja ou merece experimentar;
  • Respeite o presente e o futuro do seu filho: reveja seus valores e atitudes. Reavalie os seus relacionamentos e pense com clareza sobre as atitudes que está tomando.

Evite discussões com seu parceiro na frente dos seus filhos. 

Lembre-se que você pode dialogar sem ofensas e se isto não for possível repense sobre o casamento que você está preservando. Pois você poderá estar se casando dia após dia com a dor em nome de um amor que nunca existiu e o pior: estará ensinando ao seu filho que amor e dor são parceiros o que o levará a experiências deturpadas no futuro, limitando seu filho ou filha de viver um casamento de amor pleno quando for a época dele ou dela, ou condenando-os a solidão opcional em negação à possibilidade de viver exatamente o que viu você vivendo.

Você é o modelo dele (a) seja para seguir ou desprezar, e seja qual for a escolha que se faça estará escravo das suas memórias e não de suas próprias vontades, portanto, tome cuidado com o exemplo que você deixa para suas próximas gerações.

Meus filhos brigam o tempo todo. Como lidar com isso?

Mãe separando briga entre irmãos

O sol ainda nem brilhou e você já escuta aquele grito aterrorizante:  

“Mãe, olha o que o meu irmão tá fazendo aqui, vou bater nele.”

E o dia que se inicia igual a todos os outros, entre tapas e pontapés, com você sendo o juiz e sem chance de fazer valer a lei, pois na maioria das vezes, não há vitimas nessa história. 

Saiba que você não é a única, não foi “abençoada por Deus com filhos difíceis” como às vezes pensamos. A maioria das mães passavam e ainda passam pelo mesmo problema, dia após dia, ao longo de toda a história humana e isso naturalmente não vai ser diferente no futuro.

Outra coisa que eu não fico feliz em te dizer é que essa disputa é longa, vai perdurar por quase toda a vida, das mais diferentes formas. 

Por que meus filhos brigam tanto?

Mãe desolada com filhos brigando

Em toda relação haverá sempre dominante e dominado mesmo que isto não esteja muito claro, e com nossos filhos não é diferente. Eles brigam para conseguirem a posição de domínio, independente da idade que possuem.

A luta em todos os sistemas é a tentativa de mudar os papéis. No seio famíliar é evidente essa disputa pois, assim como no meio animal, há o início do treinamento para as disputas futuras. Você não é a responsável por esta competição, embora sempre seja colocada como:

  • “A causadora de tudo”;
  • “A que gosta mais de fulano ou beltrano”;
  • “Responsável por não fazer nada para evitar isso”.

E ainda pior, ser cobrada para dar um fim nas brigas mas não tendo o verdadeiro poder para tal.

Esta “briga” está inscrita na psicologia humana pois é ponto base da sobrevivência das espécies. Para os filhos você é o troféu desta disputa por ser a peça mais importante do jogo.

Ganhar a sua atenção é o objetivo, ser o mais forte e poderoso é o caminho.

Viver esse momento é desgastante e nos leva à beira loucura pois não há como ficarmos de um lado ou do outro já que normalmente nenhum lado possui a razão. 

O que você pode fazer é entender que isso faz parte da natureza humana. Ao entender isso, você passa a ser mais compassiva com eles e principalmente consigo mesma, de modo a se cobrar menos para encerrar algo que você não tem o poder total para fazê-lo.

Como nos sentimos em relação a essas brigas?

Mãe cansada

Por vezes percebemos a estupidez dos motivos ou ausência deles, então gritamos, usamos a força, os castigos e nada resolve. Entramos em pânico na maioria das vezes e com o tempo ficamos sem forças diante de tal problema. Surge em nós uma vontade de desaparecer, às vezes dá até um arrependimento por termos nos tornado mães e esses sentimentos causam em nós uma dor ainda maior – a culpa.

Sentimo-nos culpadas por termos nos sentido assim e perdemos ainda  mais a capacidade de lidar com a situação. 

Mas saiba que não está sozinha, está situação acontece em todas as famílias, algumas mais as claras em outras mais veladas, mas acontecem. Filhos são competidores em busca de autoafirmação. Faz parte da natureza humana a busca pelo poder pois o poder e o domínio determina a sobrevivência das espécies.

O que acontece entre os irmãos, o que os leva a brigar nada tem a ver com você. É o processo de amadurecimento deles. 

Eles precisam deste processo para prepará-los para os processos futuros. Sei que é desgastante mas vai passar a um patamar mais tranquilo, mais maduro, mas sempre haverá dentro deles este sentimento e então, quando estiveram bem mais velhos e você já avó, os verá contando histórias da infância em que foram melhores, mais espertos ou mais fortes que outro. 

Então vai perceber que a “briga” continua mas de maneira mais sofisticada. Você neste momento vai observar, sorrir e permitir que se entendam porque não há nada que você possa fazer, é a natureza seguindo o seu curso. 

O que posso fazer?

Mãe cansada e filhos brigando atrás

Evite que se machuquem mas permita que se entendam.

Deixe claro a eles que a sua atenção só é obtida em outros momentos. Procure ignorar essas demandas. Deixe que resolvam suas questões. Faça valer o correto mas não busque o certo e errado porque não existem. O certo e o errado se classificam de acordo com o olhar que observa e nossos olhos nos enganam porque são guiados segundo as nossas verdades, o que nem sempre corresponde à verdade real. A verdade real sobre todas as coisas está, na maioria das vezes, imperceptível a nós pois está ligada ao amor que nos une e muitas vezes nos separa em nome de algo maior: nossa evolução como seres humanos. 

Tenho um filho especial, isso significa que preciso ser uma “mãe maravilha”?

Mãe com filha que possui síndrome de down.

Filhos são oportunidades que se apresentam a nós para que alcancemos patamares mais elevados de sentimentos, emoções e comportamentos.

São seres únicos que trazem consigo a possibilidade de fazer com que sejamos seres melhores em todos os campos da vida. Infelizmente nem todas as mães têm a oportunidade de fazer com que isso se torne realidade. E elas perdem a oportunidade porque, não entendem seu verdadeiro papel. O papel de mãe está para muito além de alimentar, cuidar e garantir-lhes a sobrevivência.

O nosso verdadeiro papel está em descobrirmos suas necessidades mais íntimas e ajudá-los a alcançá-las, levando-os a se tornarem seres mais humanos.

O que significa ser especial

Mãe brincando com filho que possui síndrome de down.

Se você é mãe de um filho especial eu sei, por experiências diversas que vivi com crianças e mães, que não é fácil, mas saiba que ele vai lhe oferecer condições de crescimento muito amplas e que você vai poder aproveitá-las mesmo com suas limitações e com as peculiaridades dele.

Na verdade seu filho não é especial por ser diferente da mesma forma que o filho da sua sua amiga não é especial por não ser.  Seu filho é único como todos os outros, apenas necessita de cuidados diferentes. Necessita de maior dedicação, mais respeito à suas particularidades e unicidades, mais compaixão por suas dificuldades. 

Como olhar para meu filho sendo ele especial

Mãe olhando para seu filho que possui epilepsia.

Parta do princípio que realmente:

seu filho não é especial, é apenas diferente. Especial sempre será a relação mãe e filho que oferecer condições a todos os envolvidos de se tornarem melhores.

Sendo seu filho “diferente” ou comum, ao olhar para ele, capacite seus olhos sempre a enxergar além do que eles veem. Perceba a mente e não o corpo, pois o corpo pode impedir a mente de se manifestar por completo, mas a mente estará ali ainda em sua plenitude. E isto é tão real que para cada limitação que o corpo apresenta ela oferece um recurso para suprir a falta: 

  • Se os olhos não vêm a luz , os sentidos se ampliam.
  • Se as pernas que estão enfraquecidas, a  força dos braços  é redobrada;
  • Se a fala se faz ausente, o silêncio fala no olhar;
  • Se os movimentos são limitados o sorriso se amplia.

É compreendendo as manifestações específicas do seu filho, enxergando além do que os olhos podem ver  que você vai se relacionar melhor com ele.

Filhos, apenas filhos!

Pais com seus filhos, um deles possuindo síndrome de down.

Se eu pudesse modificar essa definição dentro da pediatria eu diria que não existem filhos especiais,

existem filhos, cada qual com suas diferenças e peculiaridades que proporcionam situações únicas ara transformarem mulheres comuns em mulheres especiais.

Transformar mulheres em mães, que apesar de suas diferenças, peculiaridades e características conseguem enxergar em um outro ser muito além do que os olhos podem ver. Portanto se você é mãe de um filho “diferente” saiba que sua mente está preparada para capacitar os seus olhos, como os de qualquer outra mãe, a enxergarem além das aparências pois somente esta capacidade nos fortalece aponto de amarmos incondicionalmente o ser que nos é entregue com todas as suas limitações.

A enxergar que para cada limitação, recursos são desenvolvidos para compensá-las. Olhos capacitados se conectam com esses recursos e enxergam infinitas possibilidades de troca amorosa entre mães e filhos sejam eles “diferentes” ou não. 

O coração fala no silêncio das palavras. A mente no silêncio dos pensamentos. O olhar no silêncio do toque e o amor no silêncio das paixões. 

Concluindo

Mãe abrançando filha que possui síndrome de down.

Ser mãe de filhos diferentes ou comuns é apenas uma trajetória e o que importa é a caminhada, seja com ele nos braços, nos ombros, na cadeira ou lado a lado. Portanto seja como for, apenas observe e deixe seu coração lhe mostrar qual o melhor caminho para levá-la a descobrir os anseios mais profundos da alma que lhe foi entregue. Seja você a portadora do que ele precisa experimentar auxiliando-o a alcançar seu potencial máximo como ser, além de humano, divino.

Você fala, fala, mas parece que seu filho não te entende? Aprenda a conversar com ele de maneira eficaz

Mãe conversando com filho triste

Uma coisa que todos sabemos é: não é fácil nos comunicarmos com nossos filhos! 

  • Quando são muito novos, não sabemos se estão nos entendendo perfeitamente;
  • Quando vão ficando adolescentes parece que não querem nos entender;
  • E ao ficarem adultos, bem, aí é outra história não é? A conversa passa a ser de igual para igual e os desentendimentos podem aumentar ainda mais.

Saiba que há solução para este problema. Antes de comunicar-se com seus filhos, estejam eles em qualquer idade, você precisa compreender que a mente deles – assim como a sua e todas as outras – trabalha a partir de dois conceitos fundamentais que ocorrem em conjunto: resposta a estímulos e economia de energia.

A mente trabalhando com estímulos e economia de energia

Para que entre em funcionamento a mente precisa ser estimulada. Como um carro que precisa de partida, ela precisa de estímulos para funcionar. Os estímulos chegam até nós através dos sentidos e podem ser positivos ou negativos. Uma vez estimulada, para não gastar energia elaborando uma  resposta, busca em seu banco de dados de memórias o que está registrado em relação àquele estímulo.

As palavras são um dos estímulos mais poderosos para acionar a mente.

Então é preciso cuidado com o que falamos pois podemos abrir velhas feridas acionando velhas memórias e também criar novas memórias que serão arquivadas no “banco de dados” dos nossos filhos e saiba que, depois de arquivada, só mesmo o consultório para remover essas memórias negativas dali. 

Essas memórias serão as responsáveis pelos seus comportamentos. Tomemos por exemplo uma criança que ouviu durante toda sua infância: você é feia. Quando adulta, mesmo que tenha se tornado muito bonita, todas as vezes que receber um elogio, sua mente buscará as memórias relacionadas a essa informação e ela se verá feia. É algo similar ao que ocorre com essas meninas que vemos na televisão com bulimia: por mais que sejam magérrimas (para não dizer esqueléticas) elas continuam se vendo gordas no espelho.

Esse tipo de acontecimento ocorre porque, independentemente da realidade, foi isto o que a mente registrou e o registro prevalece sobre a verdade. Parece algo torpe e sem sentido, mas é assim que acontece. Já vivenciei por inúmeras vezes em consultório situações semelhantes e, quando aprofundamos com o paciente, está lá a memória que atrapalha sua percepção de si mesmo e o deixa aquém do seu potencial. Por isso, tome cuidado com suas palavras.

O que ocorre é que a informação “arquivada” terá prioridade sobre a realidade, e talvez você não vá entender quando seu filho disser pra você que é “burro” mesmo tendo um QI acima da média.

Use linguagem positiva!

A maneira como falamos com nossos filhos muitas vezes fixa em suas mentes  informações que não gostaríamos, pela maneira como usamos as palavras. Para termos uma resposta adequada de nossos filhos é preciso que o estímulo oferecido seja positivo. Estímulo positivo é aquele que desperta uma emoção positiva. Portanto, siga o mantra:

“Mais vale um elogio do que uma crítica, uma conversa do que um xingamento.”

Além disso, vou deixar dicas práticas que podem ajudar você a despertar o melhor em em seu filho:

  • Use o “não” sozinho ou no final das: a mente não o registra no início de frases. Quando você diz ao seu filho: “Não mexa aí!” O não no início da frase tem pouca importância e o que ele capta é: “Mexa aí!”. Por isso faz exatamente o contrário.
  • Use as frases sempre com linguagem positiva: quando você diz por exemplo. “Você não é bobo”, a mente só recebe a informação: “você é bobo”. Neste caso, ao invés de utilizar uma frase com não use uma versão positiva da mesma frase: “Você é inteligente” ou “Você é muito esperto”. A sensação e a percepção que ele terá serão completamente diferentes;
  • Use a palavra “mas” com parcimônia: é uma palavra perigosa que desqualifica tudo que vem antes dela e enfatiza o que vem depois. Use-o depois das críticas e antes dos elogios, nunca do contrário. Por exemplo:

Quando você diz: você foi bem em matemática mas foi horrível em português, ele registra apenas: “foi horrível em português”. Sendo assim, você deveria falar a mesma frase da seguinte maneira:
“Você foi mal em português mas foi muito bem em matemática”. Assim você vai continuar dizendo o que precisa porém de maneira positiva, e os efeitos serão positivos na mente do seu filho.

  • Aprenda a usar o “porque”: a palavra porque alivia a tensão ao oferecer uma explicação. Porém a explicação deve ser lógica e coerente. Nada de dizer simplesmente: “porque eu estou mandando”. Isto não é explicação, é imposição. Quando ele indagar o porquê do que quer que seja diga a ele a verdade. Explicar é mostrar a real intenção que nos leva a tomar qualquer atitude.

A técnica especial que poucos conhecem: contar estórias!

Quando contamos uma estória a alguém a mente busca semelhanças entre o que ouve e o que experimenta (economia de energia novamente). A tendência é que tome para si as informações e conclua de acordo com o que ouve sem racionalizar. Você pode usar este caminho para fazer com que registre informações importantes. 

Você deve contar estórias para o seu filhos cujos personagens sejam similares a ele e onde esteja embutida a informação que você deseja que ele registre. Se deseja que não fume –  desnecessário dizer que você também não o faça – conte a ele uma estória sobre o filho de alguém, com a mesma idade dele que fumou e as consequências foram negativas. Finalize a estória sem fazer comparações tipo: “se você fumar vai acontecer o mesmo com você etc…”

É preciso deixar que a mente dele faça as analogias. 

Entenda que ele não precisa verbalizar esta conclusão. Confie em sua inteligência: ele vai concluir que se fizer o mesmo terá as mesmas consequências e então vai evitar fazer o mesmo. Vai registrar a informação como você quer porque a conclusão foi dele e não sua, diferente do que faria caso você simplesmente dissesse a ele para não fumar.

Concluindo

Entenda também que repreensão é importante mas é diferente de xingamento. Repreensão é limitar, xingamento é humilhar.

Portanto corrija o seu filho no particular. Comunicar-se com eficiência com nossos filhos requer paciência, dedicação e vontade. Policiar as palavras é importante, no entanto policiar os gestos e posturas é imprescindível. Vale lembrar que 70% de uma comunicação é transmitida de forma não verbal. É o conjunto de comportamentos que irá possibilitar uma comunicação eficiente.. O tom de voz é um dos fatores mais importantes. Gritos agridem os ouvidos, palavras mal ditas agridem a alma. Policie suas palavras e gestos mas nunca se esqueça de apurar também seus ouvidos para ouvir os clamores mais profundos do coração dele quando clamarem por você sem dizer qualquer palavra.

Pronto, estou na terceira idade! Qual o meu papel como mãe agora?

Mãe na terceira idade

Este foi um tema recorrente nos pedidos do grupo. Não podia deixar de iniciá-lo lembrando a todos novamente que somos seres de gozo. E deixando claro que gozo é apenas nos livrarmos da energia que o desprazer  acumula em nós.

É preciso deixar claro também que nossa mente possui programas que são iniciados a casa sete anos direcionando o caminho do nosso prazer. Sendo assim em cada período da vida o que nos traz gozo é diferente. Se no inicio da vida, 0 a 7 anos, o prazer vinha da companhia dos pais , no  ciclo seguinte, 7 a 14, nosso prazer se direciona para outras companhias. A cada ciclo novas fontes de prazer são necessárias. 

A noção do que é terceira idade tem se modificado muito rapidamente. Me lembro que em minha época, quando se falava em alguém na terceira idade (acima dos 60 anos) vinha em minha mente uma visão de alguém bem velhinho numa cama e quase sem forças para viver.

Hoje isso é diferente, com todos os avanços que vivemos pessoas na terceira idade são ainda muito fortes, cheias de energia, com vontade de viver e com aparência às vezes melhor do que outros mais novos. Isso claramente faz o mundo ficar melhor, mas também gera suas controvérsias. 

Existe um papel de pais na juventude e outro quando na terceira idade

Mãe, pai e filho alegres

Um casal de jovens tem suas maiores fontes de gozo na companhia um do outro, no sexo e etc, porém logo depois, dos 28 a 35 anos ,já começa a sentir o desejo de serem pais. A mente está programada para esta circunstância, pois é o momento.

Já um casal na terceira idade está em um novo ciclo e sua mente programada para novas fontes de prazer. Eles precisam entender que deixaram o papel de pais para trás.

Agora são só avós e avós não possuem mais o programa “pais“,portanto não devem se aventurar a serem pais dos netos.

A fonte de gozo de um casal na terceira idade está na liberdade de satisfazerem suas próprias vontades. De serem livres para usufruir do que conquistaram.

Não é o seu papel se escravizarem sendo pais de filhos crescidos e netos.

Com responsabilidades  quanto ao futuro financeiro dos filhos , levando-os a se absterem de usar o que conquistaram.

O grande erro de pais na terceira idade

Casal na terceira idade

A maioria dos casais na terceira idade têm vivido fora do contexto em que suas mentes os direcionam. Têm assumido responsabilidades de casais em outro ciclo. São provedores, educadores e esteio familiar. Têm seus olhares ainda focados nos filhos o que lhes tira a capacidade de enxergarem suas próprias necessidades e necessidades de seus parceiros. Eles estão em um período da vida onde precisam de lazer, intimidade e liberdade.

Ao invés disso se iludem dizendo a si mesmos que estão ótimos e que está tudo bem pois os filhos estão bem. Vivem como se a vida fosse apenas sobreviver. Ficam em casa sem lazer. Moldam suas vidas em função da vida dos filhos. Colocam seu objetivo em agradar filhos e netos. Quando percebem estão dois estranhos morando sob o mesmo teto. Deixam de enxergar-se a si mesmos e consequentemente o parceiro, pois se eu não existo o outro também deixa de existir.

O papel que avós devem desempenhar

Avós com sua netinha

O papel de avós é diferente. Avós são pessoas que venceram todas as etapas, todos o ciclos. Foram crianças, jovens, adultos e cumpriram seu papel. Agora têm o direito de cumprirem somente o  papel de avós. Sem as limitações dos ciclos anteriores. 

  1. Não precisam limitar o seu tempo para cuidar de crianças;
  2. Não precisam usar o seu dinheiro para suprir as necessidades dos filhos;
  3. Não precisam se submeter a vontade do outro como o faziam na infância; 
  4. Não precisam de companhia os vigiando e direcionando. 

Se não de adequarem às necessidades do ciclo em que estão fatalmente vão adoecer.

Portanto: filhos libertem seus pais dos seus problemas. Deixe-os livres para viver o momento sem as responsabilidades e limitações que devem ser de vocês.

E jamais os transformem em seus filhos. Seus pais não são seus filhos. Eles têm seus próprios desejos e vontades. Respeite-os.

Uma pessoa sem a possibilidade de realizar o mínimo de suas vontades perde o desejo de viver.

Casais que se encontram neste ciclo: busquem dentro de si o que realmente desejam e procurem ouvir o que o seu parceiro deseja e aproveitem o seu tempo para satisfazer esses desejos.

Lembrem-se que em todos os outros ciclos da sua vida você nunca possuiu tamanha liberdade de atender a si mesmo. Este é o momento que o gozo vem da liberdade de ser exatamente quem se é, sem rótulos e sem limites.