Outubro rosa: se realmente a doença é a linguagem da alma, o que esta alma está tentando nos dizer?

Mulher segurando símbolo do outubro rosa

Estamos no final de outubro, outubro rosa. Muitas de nós enfrentando situações adversas frente a algo que nos foge da compreensão: o adoecimento do nosso corpo. Somos mulheres de sonhos, de luta, de prazeres e sofrimentos. As vezes mais sofrimentos que prazeres. E não compreendemos o porquê de estarmos passando por momentos de dor.

Que o adoecimento do corpo pode ser uma infeliz consequência do adoecimento da mente todos nós já sabemos, o que poucos se atém é que na mulher o adoecimento físico (e nisso podem se incluir inclusive doenças graves como câncer de mama) é em grande medida devido à falta de conhecimento de si mesmas e uma consequente necessidade de adaptar-se ao mundo ao invés de viver a autenticidade da mulher que é.

É preciso descobrir nossa essência como mulher

Mulher se alongando

Nós nos perdemos quando substituímos o verbo “haver” pelo “a ver”. Quando negligenciamos às nossas vontades e nos preocupamos muito mais com aquilo em nós que tem “a ver” com o outro. Deixando de viver pela nossa essência para viver pelas expectativas alheias. 

Mulheres são seres fortes e por isso se moldam à vida com mais facilidade. No entanto, moldar-se significa distanciar-se da essência, deixar de ser mulher. Isto parece piegas mas é real.

Quando uma mulher se molda a determinadas funções pelas quais transita, acaba por negligenciar sua essência, essência esta que é a única parte real de si mesma.

Todas as funções que ela exerce são temporárias e ilusórias, só existem em  determinado tempo e na presença do outro: 

  • Só posso exercer a função materna na presença de filhos; 
  • A função esposa na presença do marido; 
  • Profissional quando no trabalho; 
  • Filha na presenca dos pais e assim por diante.

A mulher passa e realiza todas as funções, mas não pode nunca se identificar com elas ao ponto de se negar em sua essência e autenticidade. Se negligenciamos esta mulher para nos fixarmos em qualquer função que tenhamos aprendido ser o nosso papel, a mulher dentro de nós sofre e adoece, comprometendo todas as demais funções.

Assim é preciso que voltemos o nosso olhar para a mulher que habitta em cada uma de nós para enxergarmos o que está por trás do adoecimento do corpo. O corpo feminino fala de suas tristezas através das dores, afinal toda doença é um caminho para a compreensão de nós mesmas. É a mente falando através do corpo, mostrando as dores que estamos nos permitindo experimentar, e isso não é diferente quando falamos em aspectos do outubro rosa. 

E onde podemos encontrar a cura?

Mulher em um spa

Obviamente não estou dizendo que o câncer se cura com aspectos mentais, seria leviano de minha parte. O que estou dizendo é que conhecer a nós mesmas, nos aceitarmos como mulheres e vivermos a nossa autenticidade e feminilidade é uma forma de prevenirmos todos os tipos de doenças, incluindo as mais graves. 

A cura passa pelo conscientização de nossas dores.

Todos nós somos seres de gozo. Precisamos de sentir prazer pois o prazer é em essência nos livrarmos da sensação de incômodo, de sofrimento, seja um sofrimento do corpo ou da alma. Quando vivemos situações sem prazer acumulamos em nós a energia (libido) que deveria ser liberada e esta energia acumulada busca por liberação. Esta busca é direcionada às partes que a bloquearam exercendo pressão constante sobre elas, a pressão causará o adoecimento dos órgãos. Entendendo tal processo podemos perceber com mais clareza o porquê de ser o câncer de mama e útero o de maior propensão entre as mulheres.

Muitas de nós dirão que sexo hoje não é mais tabu e que as mulheres já têm uma vida sexual ativa e livre e que essa história de libido bloqueada é coisa do passado. Não, o problema aqui não está na liberdade ou liberalidade, mas sim na autenticidade da prática sexual, em sermos mulheres em todos os sentidos, incluindo quando no sexo.

É preciso ser mulher e autêntica, também no sexo

Que a liberdade é crucial para uma prática sexual saudável nenhuma de nós duvida. Porém, devemos nos questionar sobre o que é ser livre para viver nossa sexualidade. Se no passado esta parte de nós era regada a recato e culpa, hoje é regada a uma obrigatoriedade de adaptação a uma sexualidade essencialmente masculina. As mulheres precisam entender a sua natureza, a sua feminilidade.

Entender que ser feminina nada tem a ver com fraqueza ou submissão. Mas sim com um modo de ser, uma maneira única de vivenciar o mundo através do corpo que possuem, o qual é diferente do corpo masculino. Um corpo que sente prazer de maneiras diferentes do que um homem experimenta. 

Ao tentarem se moldar as convenções tanto no passado quanto no presente, moldam também a própria sexualidade e isto pode levar ao adoecimento. Quando tentam se moldar à sexualidade masculina também se privam do prazer genuíno. Confundem o prazer corporal com o prazer genuíno, o gozo em sua essência. Sofrem e nem sabem o porquê. Mas o corpo lhes dirá onde está sendo atacado ou negligenciado. Afinal o corpo fala, e “quem tiver ouvidos para ouvir que ouça”, como diriam os antigos. Ouça suas dores que elas lhes dirão qual é o caminho da cura.

A cura está em ouvirmos a nossa voz interna que nos fala do quão sagrado é o feminino em nós. Nos fala da força que temos para sermos nós mesmas.

Sermos mulheres lúcidas sem a necessidade da doença para nos lembrar que nossa sexualidade pode ser vivida com prazer genuíno sem masculinizar a mulher ou fragilizá-la para adaptar-se aos papéis que aprendeu a sustentar.

A sexualidade feminina é inerente à alma que habita este corpo ímpar, que recebe e se entrega na busca por dualidade. Adaptar-se a uma prática sexual que beira a masculinidade traz consequências sérias ao corpo assim como as trouxe quando a sociedade nos levou negar esta parte importante de nós, nos impedindo de sermos mulheres completas em prol de sermos “moças puras”. Assim precisamos entender que podemos usufruir de uma sexalidade plena onde haja entrega total de corpo e mente. Onde o que menos se procure seja a performance, a conquista mas sim a conexão entre corpos e mentes que se conhecem e de permitem conhecer. Que de desnudem dos personagens que representam além das roupas que vestem. Que toquem e sejam tocadas na lucidez de um instante quando se percebem inteiras mas parte ao  mesmo tempo que completa e se completa no outro . Que se permite dançar a dança do acasalamento profundo que somente aqueles que se percebem inteiros podem dançar juntos.

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