Meu filho me pede algo. Dou ou não dou?

Menino chorando dentro do supermercado

Você provavelmente já observou que nos shoppings e grandes centros, uma parte significativa das mercadorias são voltadas ao público infanto-juvenil. Já presenciou também mães, tentando controlar seus filhos aos prantos ou com agressividade interpelando-as com o assustador: eu quero! E essas mães, sem saberem o que fazer, sucumbirem diante deles, satisfazendo seus desejos por completo. Por vezes contraindo dívidas desnecessárias quando o querer é maior que suas condições financeiras.

Mães e pais na sociedade atual se vêem forçados a se adequarem, ou melhor, adequarem seus filhos a um padrão desenfreado de consumo: 

  • brinquedos que se renovam com enorme rapidez;
  • roupas que servem ao consumismo das marcas;
  • celulares que ultrapassam qualquer patamar do usual para uma criança;
  • alimentos altamente viciantes e inadequados para a saúde. 

Tudo isso em nome do:

“quero dar para o meu filho o que eu não tive”,

outras vezes ao

“não quero que ele se sinta excluído quando perto dos amigos ou na escola”

e na pior delas:

“não consigo dizer não ao meu filho pois tenho medo que fique traumatizado”.

O mercado transforma pais em parceiros e filhos em consumidores

Mãe e adolescentes comprando

O mercado aproveita-se de todas essas emoções e faz hoje do público infantil e juvenil uma de suas maiores fatias, ou poderia eu dizer “presas fáceis” pois o mercado está a caça da maneira mais agressiva possível, e não se importa com a idade ou inconsciência de nossas crianças.

Transformam pais em parceiros e filhos em consumidores. As consequências? Crianças adoecidas pela incapacidade de satisfação, pois logo que se termina uma compra, volta-se novamente o vazio querendo algo mais para preencher este espaço. 

Existe sim um prazer no adquirir que não pode ser ignorado, o grande problema é que é preciso permanência desse gozo por um mínimo de tempo e hoje o mercado tem transformado nossas crianças em seres permanentemente desejantes, pois nada os satisfaz por um tempo maior do que algumas poucas horas (senão minutos). 

Nada pode aplacar a busca pelo novo, pelo diferente que está sempre presente. Tudo muda em uma fração mínima de tempo. Sempre há algo a desejar. Os pais são meras marionetes neste sistema. A peça chave entre o oferecer e o querer, aquele que tem o poder de compra, mas não o poder da decisão. O mercado oferece, meu filho quer e eu dou. O querer se transformou em negócio, em lucro. Todas as vezes que meu filho recebe um objeto desejado já lhe é apresentado outro e então

ele adoece porque perde a capacidade ter prazer com o que possui.

Isto causa adoecimento psíquico, ansiedade e frustração. Se seus filhos estão ansiosos como quase todas as crianças hoje estão, saiba que além das redes sociais, esta necessidade constante de consumo sem nunca se sentir satisfeito é sim uma das grandes causas.

O que fazer então? Como saber quando e o que dar a ele?  

Mãe conversando com filho

Antes de tudo você precisa observar a sua volta, enxergar a si mesma. Existem três caminhos a seguir quanto quando queremos comprar algo, você pode comprar:

  1. o que quer
  2. o que precisa ou 
  3. o que necessita

Certifique-se  quais destes requisitos você tem atendido. Se estiverem em desequilíbrio será preciso rever pois você já se curvou ao mercado e precisa começar primeiro consigo mesma, reequilibrando esses pontos.

Depois desta auto-avaliação faça o mesmo quanto ao que você dá ao seu filho. Você tem dado mais: o que ele quer, o que precisa ou o que necessita? O equilíbrio está no controle destas três vertentes. 

Como avaliar tudo isto? Simples. O que ele quer aplaca sua raiva e agressividade momentaneamente, o que ele precisa contribui com o seu desenvolvimento físico, o que necessita proporciona desenvolvimento mental e espiritual.

Devemos oferecer prontamente o que necessitam, com consciência o que precisam e com limites o que querem. 

Em resumo: limite-se em ferecer a ele o que ele quer, equilibre o que ele precisa e foque especialmente naquilo que ele necessita

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