
Como é a criança
Neste ciclo a criança precisa ter internalizado as funções materna e paterna, pois se encontrará em situações onde não terá a presença dos pais para direcioná-la. Somente tendo essas funções dentro de si será capaz de se proteger e decidir sobre os vários caminhos que lhe serão apresentados.
Ela deverá julgar as situações, adequá-las às leis e decidir sobre elas. Esta dinâmica estará ocorrendo o tempo todo dentro dela, cabe aos pais agora reforçar essas funções internalizadas por ela com limites, responsabilidades e reforços positivos.
Vale lembrar que elogios são mais importantes do que críticas pois elogios fortalecem.

Este é ainda um período de muita rebeldia pois ela precisa desvincular-se das funções paternas externas para conectar-se com as internas. Ela está em transição entre o externo e o interno, para ter lei, ordem e obediência em si mesma.
A necessidade de se opor a tudo tudo que você diz ou sugere será evidente. Isto é natural não é apenas para desafiar você. A mente dela a estará protegendo de ser dominada pois ser superior é o que todos buscamos. Dar ordens, pedir que compreenda e se coloque no seu lugar é imediatamente descartado pela mente dela. Você precisa ultrapassar esta resistência natural para chegar dentro dela.
O que fazer
O maior recurso neste momento é a contação de estórias. São estórias que vão dizer a ele o que você deseja, porém indiretamente. Conte estórias pequenas e muito simples, deixando sempre as conclusões por parte do adolescente. Não conclua para ela.
Você deve criar essas estórias utilizando personagens, conhecidos ou não por ele, que estejam em idade próxima e tenham comportamentos semelhantes aos que você deseja que ela modifique. Por conta dessa semelhança, automaticamente ela vai se comparar ao personagem da estória. Isto deve ser feito sem que ela perceba a sua intenção, esta é a principal razão para que você não conclua as estórias para ele.
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Sabe aquele momento que você está levando seu filho pra escola? Use-o para conversarem. Assim que a conversa estiver em um bom caminho, comece a introduzir as estórias. Você pode colocar informações preciosas dentro dos temas sem que ele resista. Você já viu pais desesperados tentando ensinar seus filhos a não usar drogas mostrando a eles o mal que elas fazem e serem surpreendidos com os filhos usando? Eles dizem:
“Nossa! Eu falei tanto, preveni tanto, ensinei tanto, como pode isso estar acontecendo?”
A verdade é que foi dito algo da maneira errada. E justamente por falarem sem conhecerem a técnica correta, acabaram por chegar a este ponto.
Você precisa colocá-lo na história através de outro personagem que não seja ele. Se você quer falar, por exemplo, pra ele não usar drogas conte-lhe uma estória como quem não quer nada. Invente ou use personagens reais que estejam na situação que você quer evitar.
Conte-lhe, por exemplo:
“Sabe, filho, aquela minha amiga. Ela tem um filho que é de uma idade próxima a sua (use aqui outras características do seu filho), ele estuda também mas ela me disse que ele se envolveu com drogas. Fiquei com pena dela.Você acredita que ela me disse que ele perdeu o ano. Ele quebrou o quarto dele todo um dia desses e ontem a polícia o prendeu junto com uns amigos estranhos que ela nem conhecia? Ela está arrasada e ele ele fichado. Fiquei triste por ela.”
Pare por aqui. Note que a história não leva a conclusões, porque elas devem ser feitas por ele. Confie nele, ele naturalmente fará o seguinte raciocínio:
“O filho dela tem 14 anos, eu também tenho 14 anos, somos iguais. Ele se meteu com drogas e se deu mal. Drogas não são boas.”
Esta conclusão tem que ser dele. Não conclua por ele dizendo algo como:
“Viu é isto o que acontece se você seguir esse caminho. Aí é onde você vai chegar.”

Se você fizer este tipo de comparação, estará reforçando a possibilidade dele entrar para este caminho porque ele possui uma necessidade enorme de se opor a você para crescer como ente autônomo. Nunca compare seu filho com alguém falando diretamente para ele. É um grande erro. Ele vai para o caminho oposto ao que você deseja que ele faça ao executar a comparação.
Além do uso desta técnica, você pode reforçar os conceitos que já foram aprendidos e oferecer outros embasados na ética. Para isto é preciso que você se cuide para ser uma figura admirável aos olhos dela. Ela só se identificará com você se você for uma figura de referência. Crianças precisam de heróis, se não os encontrar em casa irão buscá-los fora.

Então, não existe outro caminho:
- Se quer um filho saudável cure-se;
- Se quer um filho forte fortaleça-se;
- Se quer quer um filho educado, eduque-se,
- Se quer um filho respeitoso, respeite-se e respeite-o.
Você deve se tornar o que espera dele. Então, se quer um filho perfeito… esqueça!