Mães que fazem mal aos filhos – “A sedutora”

Mulher grávida sensual

Hoje muitas mães se perderam em seus papéis. Não sabendo colocá-los em ordem de prioridade em cada um dos momentos da vida, absorvem-se completamente em seu papel de mulher, esquecendo-se de seu papel como mães. Têm um tipo de personalidade que faz com que busquem a atenção para si através da sedução, sentindo um prazer descomunal por meio da capacidade de sedução que possuem. 

Para satisfazer a esta necessidade, investem seus esforços em tudo que as façam mais e mais atraentes. Tornam-se o centro dos olhares pela forma física e na maioria das vezes pela exposição desnecessária de seus corpos. Dentre todos esses jogos psíquicos de sedução, esquecem-se da vida real e de seu papel perante aos seus filhos. É a partir deste esquecimento de papel e da sua característica principal que vem sua denominação “a sedutora” e hoje explicarei o quanto esse tipo de mãe pode fazer mal aos seus filhos e filhas.

Por que uma mãe sedutora faz mal para seus filhos?

Mãe triste com filho ao colo

Este tipo de mãe coloca os filhos em uma posição difícil e muitas vezes constrangedora.

Quando os filhos são meninos surge uma dificuldade de perceberem a mãe por trás da mulher desejada e sedutora, e isto pode levá-los a uma visão distorcida em seus futuros relacionamentos.

Poderão adotar dois tipos de comportamento no futuro:

  1. Buscar parceiras sedutoras, comparando-as com suas mães o tempo todo e quando essas mulheres não sustentarem mais esse papel (o que acontece por decisão própria ou por circunstâncias naturais), eles deixarão de admirá-las podendo até se tornarem hostis e agressivos por se sentirem “traídos” por elas. Tendem a achar que elas têm a obrigação de permanecerem atraentes e sedutoras mesmo após a gravidez ou com o decorrer dos anos; 
  2. Podem também adotar um comportamento visto apenas como “ciumento” que os levam a rejeitar qualquer sinal que as aproxime da figura materna sedutora com a qual tiveram que lidar. Proibindo que usem maquiagem, acessórios e roupas que julguem sensuais. Agem como se fossem seus donos. Na verdade estão tentando fazer o que não puderam quando crianças: proteger a mãe dos olhares ameaçadores e evitar a dor de terem de lidar com isso.

Ela compete com suas filhas

Mãe e filha competindo por beleza

Para uma menina o desafio será ainda maior. Meninas naturalmente buscam em seu entendimento próprio como mulher uma primeira comparação a mãe. Por conta de não possuírem atributos e conhecimento suficientes neste campo, não terá como superá-la. Isto pode gerar na filha:

  1. Baixa estima elevada; 
  2. Dificuldade de aceitação de si mesma como mulher;
  3. E uma percepção distorcida da própria aparência, afinal ela perdeu na sua primeira comparação. 

O pior é que essas mães, por estarem fixadas na mulher em si, acabam enxergando suas filhas como concorrentes ou adversárias. Então tendem a denegrir a imagem de suas filhas e diminuir suas conquistas.

Tornam-se muito críticas em relação a elas evidenciando suas deficiências e dificuldades com quem quer que conversem, em detrimento de suas qualidades e capacidades. São aquelas mães que você vê estranhamente, ao falar das filhas:

Mãe criticando a filha
  1. Criticando a sua aparência;
  2. Diminuindo-as diante dos outros; 
  3. Mostrando em todas as situações que elas não são boas o suficiente;
  4. Comparando-as com as filhas das amigas onde as suas sempre perdem;
  5. Fazendo comparações desnecessárias entre as meninas e elas mesmas;
  6. Mesmo em situações em que outras pessoas estão falando bem das suas rebentas há sempre um “mas” que vêm de suas bocas, explicitando imediatamente algo ruim em relação a elas.

Esta convivência deixará marcas profundas.

Quando adultas, são mulheres que terão grandes dificuldades em seus relacionamentos pois continuarão e se perceberem insuficientes e não merecedoras da admiração e amor de seus parceiros.

Profissionalmente, por mais que sejam competentes, se sentirão incapazes de enxergar sua verdadeira capacidade necessitando de reconhecimento e elogios para se sentirem competentes. Em alguns momentos até mesmo elogios e reconhecimento serão insuficientes para enxergarem seu verdadeiro valor. Isto lhes provocará grande sofrimento.

O que fazer se conheço alguém que possui ou se tenho uma mãe assim?

Primeiramente é preciso entender e aceitar que ser mãe não transforma uma mulher  por si só em uma pessoa boa.

É preciso aceitar que existem mães que são incapazes de amar verdadeiramente seus filhos.

Não conseguem olhar para além de si mesmas sem se sentirem ameaçadas e o amor se traduz em atos que vão além de qualquer sentimento. 

O amor só se manifesta se nos permitirmos enxergar além do que os nossos olhos vêem. Para enxergarmos além do que vemos é preciso que estejamos prontos para oferecer algo de nós sem sentirmos que estamos perdendo algo. Por estarem presas em si mesmas as “mães sedutoras” vêem seus filhos como ameaçadores pois sentem que tiram algo de si, sentem que tiram sua capacidade de ser mais e mais sedutora. 

Relacionar-se com mães deste perfil requer uma conscientização de que elas são assim por elas mesmas e que nada que você faça vai torná-las diferentes. É preciso que você se permita seguir o seu caminho sem a aprovação e admiração dela, aceitando a realidade como ela é. É preciso saber amar a si mesmo e não necessitar de amor incondicional vindo delas, já que ele não virá. Em resumo: é preciso amadurecer como ser humano e compreender a realidade tal como ela é, e seguir em frente apesar das dificuldades que surgem por ser rebento de uma mãe assim.

Mães que fazem mal aos filhos? Sim, isso existe!

Mãe chingando a filha

A partir desta semana iniciamos o ano no SobreMaesEFilhos. Espero que tenham sentido saudades, pois durante o meu recesso senti falta de escrever e falar com vocês.

Para o início do ano decidi fazer uma série de quatro artigos sobre o tema “Mães que fazem mal aos filhos” que por mais que possa soar estranho ao senso comum, existem e estão mais presentes do que você pode imaginar.

Ninguém nasce perfeito, mas todos sabemos que podemos nos aperfeiçoar. O objetivo dessa série é apresentar a vocês, mães, como alguns comportamentos podem ser maléficos aos filhos. Farei isso por meio da abordagem de quatro tipos de mães tóxicas. Você pode se identificar com alguns, isso é normal; ou mesmo identificar sua mãe, amigas, etc. Isto pode ajudar você a aprender a não ser assim, a ensinar outras pessoas a não sê-lo e, principalmente, a se defender e defender outras pessoas de mães assim, caso consiga. Ter consciência da existência dessa realidade ajuda muito na hora de enfrentar uma barra como essa.

Não existe mãe perfeita

Mãe perfeita cuidando das filhas

Não estou aqui lançando uma culpa às mães mas, ainda hoje, por mais que os pais e avós estejam presentes na vida das crianças, a presença ou ausência das mães é determinante para a saúde mental de todo ser humano. Não estou também afirmando que não existam pais tóxicos pois eles existem tanto quanto as mães, então os perfis que vamos tratar cabe também a eles. Mas como o foco aqui é a relação mães e filhos, sempre me refiro ao papel de nós: mães.

Nenhuma de nós consegue ser perfeita e nem boa o suficiente mas, como é o esperado e já foi até definido, é preciso que sejamos ao menos uma mãe “suficientemente boa”. E ser suficientemente boa significa alcançar um patamar de equilíbrio que é necessário para que nossos filhos se desenvolvam bem e livremente.

Existem alguns perfis de mães que querem atenção a qualquer custo, precisam dos holofotes sobre elas por isso não conseguem suprir este equilíbrio. Ser filho filho(a) de mães desses perfis é muito difícil. 

Vamos abordar alguns desses perfis de forma clara mas utilizando termos mais simples. Quando falamos de mães que fazem mal aos filhos logo nos vem à mente uma mãe definitivamente má, capaz de infringir sofrimentos físicos e/ou psicólogico e emocionais de forma ostensiva aos filhos.Engana-se quem pensa que este é o tipo mais comum, uma vez que muitas  vezes esta forma de abuso não está presente para velar o seu comportamento ou pelos filhos serem mais fortes do que as mães. 

O fato de não haver sofrimento físico, porém, não fará desaparecer as consequências. Vamos abordar algumas formas mais leves de abuso e também esta forma hostil à qual todos nós podemos entender. No entanto, o que precisa ficar claro é que dentro de todos os perfis o que está por trás do comportamento é um desejo frenético de auto satisfação pelo poder, status ou diversão. Elas podem estar ligadas a um desses requisitos, dois apenas,ou aos três ao mesmo tempo como é o caso do perfil que todas nós imaginamos ou conhecemos: a ostensivamente má. Começaremos pelo perfil da mãe que chamaremos aqui de: “A incrível”.

A mãe incrível

Mães deste perfil são muito impulsivas e guiadas pelo prazer. Estão sempre a caminho daquilo que é fácil gostoso e prazeroso, portanto revestido de alguma superficialidade. São impulsivas porque querem coisas boas, gostosas e divertidas. Isto as guia para que estejam sempre buscando situações onde esta necessidade seja satisfeita, onde o prazer seja imediato. 

O que dê prazer a longo prazo não está em primeiro lugar nos seus planos. A maternidade, como todas as coisas mais sólidas, para elas é entediante porque as priva de atividades que lhe ofereçam este prazer. Então essas mães se tornam uma “mãe maravilha” que aparece em determinados momentos mas desaparece logo depois. Quando chegam trazem chocolates, presentes, fazem bagunça, brincam; ela é uma festa, mas com hora para acabar. Há uma certa instabilidade na sua função materna. Criar o filho na totalidade geralmente fica para outras pessoas mas também não há uma exclusividade nesta criação, alguém ficará com uma carga maior mas haverá uma participação coletiva neste processo, seja essa pessoa o pai, avós, tios, amigos, etc.

Elas tendem a ser uma figura altamente agradável. Por serem assim tão agradáveis, permissivas e empenhadas nos momentos em que estão presentes, há um certo endeusamento da criança em relação a elas pois, quando aparece, é a mãe mais legal do mundo. É divertida, alegre, participativa e tudo mais que um filho possa querer. Ela faz um show incrível mas com tempo limitado. Vem enquanto está gostoso mas logo depois já está interessada em outra coisa então se esquece de sua função ou a confunde e parte para outras atividades que a levem a obtenção de prazeres imediatos, deixando o filho para trás ou expondo a criança a lugares, situações ou ambientes incompatíveis. 

Ela não se sente culpada pois tem a sensação de que tudo está bem pois cumpriu o  seu papel uma vez que foi “incrível”.  Por ser voltada para o prazer, tem uma carga de sexualidade muito elevada o que a leva a uma conexão muito forte com sua vida afetiva. Todas as outras funções ficam em segundo plano. O primeiro lugar é ocupado pela vida afetiva e sexual dela.

Ela traz os holofotes para si  através de uma leveza que faz com que ela mesma não perceba o comportamento volátil que adota. As coisas mais consistentes são abandonadas e junto a elas também vai a maternidade, pois a maternidade por si só já traz um certo peso, é entediante. O que mais prejudica os filhos é o endeusamento que criança faz desta “mãe incrível”. A medida em que a criança cresce isto vai perdendo o peso, mas enquanto é pequena fica difícil para ela entender e responder à perguntas como: 

  • Porque esta  deusa é também um fantasma? 
  • Por que ela não fica comigo? 
  • O que falta em mim para que eu possa fazê-la ficar?

A criança não pode entender que ela é incrível porque os filhos são uma peça no seu tabuleiro de prazeres. E esses filhos ficam perdidos neste mundo de “faz de contas” e sentem-se insuficientes pois não se sentem capazes de fazê-las permanecer ao lado deles. Esse sentimento pode acompanhá-los por toda a sua história deixando-os enfraquecidos em todos os campos da vida adulta pois esse sentimento de insuficiência fará com que tenham uma baixa estima constante. Nos relacionamentos amorosos se sentirão também incapazes se serem amados e insuficientes para manterem os seus parceiros ao seu lado tentando merecer o amor do outro tornando-se submissos, permissivos e emocionalmente dependentes. O que os guiará será este sentimento de incapacidade, de insuficiência, de não ser merecedor do amor e presença do outro.

Relacionamentos abusivos acontecem mais do que você imagina, saiba o porquê

Homem conversando com mulher de forma agressiva.

O ser humano é peça fundamental de qualquer sistema. Sofre pressões internas e externas, portanto está sempre agindo ou reagindo a essas pressões, mesmo que a omissão seja a sua escolha. Nossas ações e reações estão fundamentadas no desejo intrínseco à natureza humana de sermos superiores e dominantes em relação ao outro, por mais que isso seja difícil de admitir para muitos.

Nos relacionamentos isto perdura. Quando escolhemos alguém, somos guiados pela capacidade de concretização deste desejo. Essa relação nos oferece algo que, aos  nossos olhos, nos torna superiores.

O estranho é que o mesmo sentimento que nos leva a escolher com quem nos relacionamos é o que também nos faz permanecer em um relacionamento, mesmo que ele seja abusivo. 

Como surge um abusador?

Criança vivendo situação de pai abusivo em relação à mãe.

Quem deseja entender a razão da existência de um abusador, precisa compreender que o abuso só ocorre hoje porque lá atrás – nos primeiros anos de vida dos envolvidos, em seus relacionamentos familiares – houve uma vivência abusiva determinante em relação ao abusado e ao abusador. 

Alguém foi responsável pela formação do caráter que determina os comportamentos observados daquele que agride e do que se submete à agressão.

Ambos tiveram seu psiquismo comprometido devido a vivências de abuso. Foram observadores de situações abusivas de seus pais ou viveram o abuso em relação a si próprios.

Isto precisa ficar claro pois existem raríssimas exceções nestes contextos. 

Nenhum tipo de abuso deixará os envolvidos livres de sequelas. Crianças que vivenciam situações abusivas entre os pais desenvolvem comportamentos sintomáticos que lhes causarão sofrimentos muitas vezes vistos como inexplicáveis. Caso o abuso ocorra em relação a elas os sintomas serão ainda mais graves. Assim surgem as duas figuras: abusado e abusador.

Existem diferentes tipos de abuso

Mãe pressionando a filha a tocar um instrumento musical

Quando falamos em relacionamentos abusivos, logo traçamos um quadro mental de uma relação homem/mulher, quase sempre pensando em um marido abusivo que maltrata a esposa verbal ou a violenta fisicamente. Primeiramente é preciso desconstruir essa imagem, pois relacionamentos abusivos podem ocorrer em qualquer tipo de relação, até mesmo em amizades ou no trabalho. Quando se fala em crianças, alguns pais vêem como abuso somente agressões físicas ou sexuais, porém existem diversas outras formas de abuso tão prejudiciais quanto. 

Quando submeto uma criança a qualquer atividade que a prive de ser criança ela está sob abuso.

Muitos pais colocam os filhos em papéis incompatíveis com suas idades, transformando-os em pequenos adultos sem perceberem o mal que lhes causam. Darei alguns exemplos de situações que algumas pessoas podem considerar como “normais” mas que também se caracterizam em abuso:

  • Uma criança que é obrigada a cuidar dos irmãos, por exemplo, como se mãe deles fosse, está sofrendo abuso, pois terá sequelas psicológicas por toda a vida como consequência de ter queimado etapas. Esta é uma das piores formas de abuso e que passa despercebida a diversas mães; 
  • Transformar filhos em confidentes e ou parceiros ocupando o “lugar do homem” da casa também é abuso, a criança/adolescente não tem maturidade para este papel e também terá sequelas futuras;
  • Tentar se realizar através dos filhos guiando-os profissionalmente pelo nosso desejo destrói qualquer capacidade de realização que ele possa ter no futuro pois não terá prazer no que faz;
  • Transformar os filhos em eternas crianças pela presença impositiva como mães os leva ao não amadurecimento. Existem mulheres que continuam ocupando o lugar de mães na vida dos filhos mesmo quando já são adultos, não permitindo que eles se tornem adultos completos. Estão sempre presentes em suas vidas físicas ou psíquicas decidindo, opinando e direcionando suas escolhas. Elas os transformam em credores de uma dívida impagável pelo que  lhes ofereceram, pois o preço desta dívida é uma obediência velada disfarçada de gratidão. Perdem a consciência de que ser mãe é um papel limitado e finito que elas escolheram. Ele não teve opção de escolha e agora também não a tem. A única escolha que tem é ser filho e servil em tempo integral.  Ser filho eterno sobrepõe-se a todas as outras funções impedindo que ele amadureça. Isso também caracteriza abuso.

Filhos de relações assim terão suas vidas ceifadas e limitadas. Por mais que tentem, apenas conseguirão uma vida paralela e secundária. Jamais serão adultos o suficiente para livrarem-se da dependência a que são submetidos. O que resultará dessas relações será sempre um sofrimento, mesmo que não seja claro, porque ninguém pode ser feliz sob abuso.

O abusado porque se sente pressionado, o abusador porque não é amado. Pode ser temido ou tolerado mas jamais amado.

Concluindo

Primeiramente é importante que você aprenda a identificar as várias situações de abuso que estão ocorrendo ao seu redor, ou pior ainda, em que você participa como abusado ou abusador. O primeiro passo para a solução desses problemas é identificar, aceitar sua existência. Por mais que eu tenha dado alguns exemplos, saiba que as situações de abuso são tão diversas e  complexas que é preciso ficar atento e analisar em sua vida se em algum momento você se sente privada em sua liberdade de:

  • Ser mulher;
  • De fazer/não fazer sexo;
  • De trabalhar;
  • De encontrar amigos;
  • De cuidar dos filhos;
  • De ir e vir;
  • E diversos outras liberdades.

E em relação aos seus filhos, é preciso que você verifique sempre se os estão privando de:

  • Viver cada fase da vida com alegria;
  • De ser aquilo que são;
  • De namorar e conhecer outras pessoas;
  • De estar com os amigos;
  • De fazer as próprias escolhas por mais básicas que sejam;
  • Para as crianças, de brincar com liberdade;
  • De conhecer o próprio corpo;
  • Etc, etc, etc.

Portanto, se você está vivendo qualquer situação que lhe cause sofrimento observe quem o provoca e saiba que você pode decidir por fim a este sofrimento porque “nem toda forma de amor vale a pena”. Se você está causando dor a alguém, perceba que por trás de sua atitude existe um prazer não revelado que no futuro cobrará o seu preço em dor. Liberte-se e liberte quem quer que seja que esteja provocando ou recebendo sua infelicidade.

Amar é, em primeiro lugar, querer o bem do outro. Se for um amor em relação a nossos filhos, muitas vezes o bem deles fala mais alto até mesmo do que o nosso próprio.

Para esse amor se manifestar, precisamos dar-lhes a liberdade de que tanto necessitam. Se o que está oferecendo ou recebendo causa dor a você ou ao outro, então não é amor.

Tenho um filho especial, isso significa que preciso ser uma “mãe maravilha”?

Mãe com filha que possui síndrome de down.

Filhos são oportunidades que se apresentam a nós para que alcancemos patamares mais elevados de sentimentos, emoções e comportamentos.

São seres únicos que trazem consigo a possibilidade de fazer com que sejamos seres melhores em todos os campos da vida. Infelizmente nem todas as mães têm a oportunidade de fazer com que isso se torne realidade. E elas perdem a oportunidade porque, não entendem seu verdadeiro papel. O papel de mãe está para muito além de alimentar, cuidar e garantir-lhes a sobrevivência.

O nosso verdadeiro papel está em descobrirmos suas necessidades mais íntimas e ajudá-los a alcançá-las, levando-os a se tornarem seres mais humanos.

O que significa ser especial

Mãe brincando com filho que possui síndrome de down.

Se você é mãe de um filho especial eu sei, por experiências diversas que vivi com crianças e mães, que não é fácil, mas saiba que ele vai lhe oferecer condições de crescimento muito amplas e que você vai poder aproveitá-las mesmo com suas limitações e com as peculiaridades dele.

Na verdade seu filho não é especial por ser diferente da mesma forma que o filho da sua sua amiga não é especial por não ser.  Seu filho é único como todos os outros, apenas necessita de cuidados diferentes. Necessita de maior dedicação, mais respeito à suas particularidades e unicidades, mais compaixão por suas dificuldades. 

Como olhar para meu filho sendo ele especial

Mãe olhando para seu filho que possui epilepsia.

Parta do princípio que realmente:

seu filho não é especial, é apenas diferente. Especial sempre será a relação mãe e filho que oferecer condições a todos os envolvidos de se tornarem melhores.

Sendo seu filho “diferente” ou comum, ao olhar para ele, capacite seus olhos sempre a enxergar além do que eles veem. Perceba a mente e não o corpo, pois o corpo pode impedir a mente de se manifestar por completo, mas a mente estará ali ainda em sua plenitude. E isto é tão real que para cada limitação que o corpo apresenta ela oferece um recurso para suprir a falta: 

  • Se os olhos não vêm a luz , os sentidos se ampliam.
  • Se as pernas que estão enfraquecidas, a  força dos braços  é redobrada;
  • Se a fala se faz ausente, o silêncio fala no olhar;
  • Se os movimentos são limitados o sorriso se amplia.

É compreendendo as manifestações específicas do seu filho, enxergando além do que os olhos podem ver  que você vai se relacionar melhor com ele.

Filhos, apenas filhos!

Pais com seus filhos, um deles possuindo síndrome de down.

Se eu pudesse modificar essa definição dentro da pediatria eu diria que não existem filhos especiais,

existem filhos, cada qual com suas diferenças e peculiaridades que proporcionam situações únicas ara transformarem mulheres comuns em mulheres especiais.

Transformar mulheres em mães, que apesar de suas diferenças, peculiaridades e características conseguem enxergar em um outro ser muito além do que os olhos podem ver. Portanto se você é mãe de um filho “diferente” saiba que sua mente está preparada para capacitar os seus olhos, como os de qualquer outra mãe, a enxergarem além das aparências pois somente esta capacidade nos fortalece aponto de amarmos incondicionalmente o ser que nos é entregue com todas as suas limitações.

A enxergar que para cada limitação, recursos são desenvolvidos para compensá-las. Olhos capacitados se conectam com esses recursos e enxergam infinitas possibilidades de troca amorosa entre mães e filhos sejam eles “diferentes” ou não. 

O coração fala no silêncio das palavras. A mente no silêncio dos pensamentos. O olhar no silêncio do toque e o amor no silêncio das paixões. 

Concluindo

Mãe abrançando filha que possui síndrome de down.

Ser mãe de filhos diferentes ou comuns é apenas uma trajetória e o que importa é a caminhada, seja com ele nos braços, nos ombros, na cadeira ou lado a lado. Portanto seja como for, apenas observe e deixe seu coração lhe mostrar qual o melhor caminho para levá-la a descobrir os anseios mais profundos da alma que lhe foi entregue. Seja você a portadora do que ele precisa experimentar auxiliando-o a alcançar seu potencial máximo como ser, além de humano, divino.

Você fala, fala, mas parece que seu filho não te entende? Aprenda a conversar com ele de maneira eficaz

Mãe conversando com filho triste

Uma coisa que todos sabemos é: não é fácil nos comunicarmos com nossos filhos! 

  • Quando são muito novos, não sabemos se estão nos entendendo perfeitamente;
  • Quando vão ficando adolescentes parece que não querem nos entender;
  • E ao ficarem adultos, bem, aí é outra história não é? A conversa passa a ser de igual para igual e os desentendimentos podem aumentar ainda mais.

Saiba que há solução para este problema. Antes de comunicar-se com seus filhos, estejam eles em qualquer idade, você precisa compreender que a mente deles – assim como a sua e todas as outras – trabalha a partir de dois conceitos fundamentais que ocorrem em conjunto: resposta a estímulos e economia de energia.

A mente trabalhando com estímulos e economia de energia

Para que entre em funcionamento a mente precisa ser estimulada. Como um carro que precisa de partida, ela precisa de estímulos para funcionar. Os estímulos chegam até nós através dos sentidos e podem ser positivos ou negativos. Uma vez estimulada, para não gastar energia elaborando uma  resposta, busca em seu banco de dados de memórias o que está registrado em relação àquele estímulo.

As palavras são um dos estímulos mais poderosos para acionar a mente.

Então é preciso cuidado com o que falamos pois podemos abrir velhas feridas acionando velhas memórias e também criar novas memórias que serão arquivadas no “banco de dados” dos nossos filhos e saiba que, depois de arquivada, só mesmo o consultório para remover essas memórias negativas dali. 

Essas memórias serão as responsáveis pelos seus comportamentos. Tomemos por exemplo uma criança que ouviu durante toda sua infância: você é feia. Quando adulta, mesmo que tenha se tornado muito bonita, todas as vezes que receber um elogio, sua mente buscará as memórias relacionadas a essa informação e ela se verá feia. É algo similar ao que ocorre com essas meninas que vemos na televisão com bulimia: por mais que sejam magérrimas (para não dizer esqueléticas) elas continuam se vendo gordas no espelho.

Esse tipo de acontecimento ocorre porque, independentemente da realidade, foi isto o que a mente registrou e o registro prevalece sobre a verdade. Parece algo torpe e sem sentido, mas é assim que acontece. Já vivenciei por inúmeras vezes em consultório situações semelhantes e, quando aprofundamos com o paciente, está lá a memória que atrapalha sua percepção de si mesmo e o deixa aquém do seu potencial. Por isso, tome cuidado com suas palavras.

O que ocorre é que a informação “arquivada” terá prioridade sobre a realidade, e talvez você não vá entender quando seu filho disser pra você que é “burro” mesmo tendo um QI acima da média.

Use linguagem positiva!

A maneira como falamos com nossos filhos muitas vezes fixa em suas mentes  informações que não gostaríamos, pela maneira como usamos as palavras. Para termos uma resposta adequada de nossos filhos é preciso que o estímulo oferecido seja positivo. Estímulo positivo é aquele que desperta uma emoção positiva. Portanto, siga o mantra:

“Mais vale um elogio do que uma crítica, uma conversa do que um xingamento.”

Além disso, vou deixar dicas práticas que podem ajudar você a despertar o melhor em em seu filho:

  • Use o “não” sozinho ou no final das: a mente não o registra no início de frases. Quando você diz ao seu filho: “Não mexa aí!” O não no início da frase tem pouca importância e o que ele capta é: “Mexa aí!”. Por isso faz exatamente o contrário.
  • Use as frases sempre com linguagem positiva: quando você diz por exemplo. “Você não é bobo”, a mente só recebe a informação: “você é bobo”. Neste caso, ao invés de utilizar uma frase com não use uma versão positiva da mesma frase: “Você é inteligente” ou “Você é muito esperto”. A sensação e a percepção que ele terá serão completamente diferentes;
  • Use a palavra “mas” com parcimônia: é uma palavra perigosa que desqualifica tudo que vem antes dela e enfatiza o que vem depois. Use-o depois das críticas e antes dos elogios, nunca do contrário. Por exemplo:

Quando você diz: você foi bem em matemática mas foi horrível em português, ele registra apenas: “foi horrível em português”. Sendo assim, você deveria falar a mesma frase da seguinte maneira:
“Você foi mal em português mas foi muito bem em matemática”. Assim você vai continuar dizendo o que precisa porém de maneira positiva, e os efeitos serão positivos na mente do seu filho.

  • Aprenda a usar o “porque”: a palavra porque alivia a tensão ao oferecer uma explicação. Porém a explicação deve ser lógica e coerente. Nada de dizer simplesmente: “porque eu estou mandando”. Isto não é explicação, é imposição. Quando ele indagar o porquê do que quer que seja diga a ele a verdade. Explicar é mostrar a real intenção que nos leva a tomar qualquer atitude.

A técnica especial que poucos conhecem: contar estórias!

Quando contamos uma estória a alguém a mente busca semelhanças entre o que ouve e o que experimenta (economia de energia novamente). A tendência é que tome para si as informações e conclua de acordo com o que ouve sem racionalizar. Você pode usar este caminho para fazer com que registre informações importantes. 

Você deve contar estórias para o seu filhos cujos personagens sejam similares a ele e onde esteja embutida a informação que você deseja que ele registre. Se deseja que não fume –  desnecessário dizer que você também não o faça – conte a ele uma estória sobre o filho de alguém, com a mesma idade dele que fumou e as consequências foram negativas. Finalize a estória sem fazer comparações tipo: “se você fumar vai acontecer o mesmo com você etc…”

É preciso deixar que a mente dele faça as analogias. 

Entenda que ele não precisa verbalizar esta conclusão. Confie em sua inteligência: ele vai concluir que se fizer o mesmo terá as mesmas consequências e então vai evitar fazer o mesmo. Vai registrar a informação como você quer porque a conclusão foi dele e não sua, diferente do que faria caso você simplesmente dissesse a ele para não fumar.

Concluindo

Entenda também que repreensão é importante mas é diferente de xingamento. Repreensão é limitar, xingamento é humilhar.

Portanto corrija o seu filho no particular. Comunicar-se com eficiência com nossos filhos requer paciência, dedicação e vontade. Policiar as palavras é importante, no entanto policiar os gestos e posturas é imprescindível. Vale lembrar que 70% de uma comunicação é transmitida de forma não verbal. É o conjunto de comportamentos que irá possibilitar uma comunicação eficiente.. O tom de voz é um dos fatores mais importantes. Gritos agridem os ouvidos, palavras mal ditas agridem a alma. Policie suas palavras e gestos mas nunca se esqueça de apurar também seus ouvidos para ouvir os clamores mais profundos do coração dele quando clamarem por você sem dizer qualquer palavra.

Pronto, estou na terceira idade! Qual o meu papel como mãe agora?

Mãe na terceira idade

Este foi um tema recorrente nos pedidos do grupo. Não podia deixar de iniciá-lo lembrando a todos novamente que somos seres de gozo. E deixando claro que gozo é apenas nos livrarmos da energia que o desprazer  acumula em nós.

É preciso deixar claro também que nossa mente possui programas que são iniciados a casa sete anos direcionando o caminho do nosso prazer. Sendo assim em cada período da vida o que nos traz gozo é diferente. Se no inicio da vida, 0 a 7 anos, o prazer vinha da companhia dos pais , no  ciclo seguinte, 7 a 14, nosso prazer se direciona para outras companhias. A cada ciclo novas fontes de prazer são necessárias. 

A noção do que é terceira idade tem se modificado muito rapidamente. Me lembro que em minha época, quando se falava em alguém na terceira idade (acima dos 60 anos) vinha em minha mente uma visão de alguém bem velhinho numa cama e quase sem forças para viver.

Hoje isso é diferente, com todos os avanços que vivemos pessoas na terceira idade são ainda muito fortes, cheias de energia, com vontade de viver e com aparência às vezes melhor do que outros mais novos. Isso claramente faz o mundo ficar melhor, mas também gera suas controvérsias. 

Existe um papel de pais na juventude e outro quando na terceira idade

Mãe, pai e filho alegres

Um casal de jovens tem suas maiores fontes de gozo na companhia um do outro, no sexo e etc, porém logo depois, dos 28 a 35 anos ,já começa a sentir o desejo de serem pais. A mente está programada para esta circunstância, pois é o momento.

Já um casal na terceira idade está em um novo ciclo e sua mente programada para novas fontes de prazer. Eles precisam entender que deixaram o papel de pais para trás.

Agora são só avós e avós não possuem mais o programa “pais“,portanto não devem se aventurar a serem pais dos netos.

A fonte de gozo de um casal na terceira idade está na liberdade de satisfazerem suas próprias vontades. De serem livres para usufruir do que conquistaram.

Não é o seu papel se escravizarem sendo pais de filhos crescidos e netos.

Com responsabilidades  quanto ao futuro financeiro dos filhos , levando-os a se absterem de usar o que conquistaram.

O grande erro de pais na terceira idade

Casal na terceira idade

A maioria dos casais na terceira idade têm vivido fora do contexto em que suas mentes os direcionam. Têm assumido responsabilidades de casais em outro ciclo. São provedores, educadores e esteio familiar. Têm seus olhares ainda focados nos filhos o que lhes tira a capacidade de enxergarem suas próprias necessidades e necessidades de seus parceiros. Eles estão em um período da vida onde precisam de lazer, intimidade e liberdade.

Ao invés disso se iludem dizendo a si mesmos que estão ótimos e que está tudo bem pois os filhos estão bem. Vivem como se a vida fosse apenas sobreviver. Ficam em casa sem lazer. Moldam suas vidas em função da vida dos filhos. Colocam seu objetivo em agradar filhos e netos. Quando percebem estão dois estranhos morando sob o mesmo teto. Deixam de enxergar-se a si mesmos e consequentemente o parceiro, pois se eu não existo o outro também deixa de existir.

O papel que avós devem desempenhar

Avós com sua netinha

O papel de avós é diferente. Avós são pessoas que venceram todas as etapas, todos o ciclos. Foram crianças, jovens, adultos e cumpriram seu papel. Agora têm o direito de cumprirem somente o  papel de avós. Sem as limitações dos ciclos anteriores. 

  1. Não precisam limitar o seu tempo para cuidar de crianças;
  2. Não precisam usar o seu dinheiro para suprir as necessidades dos filhos;
  3. Não precisam se submeter a vontade do outro como o faziam na infância; 
  4. Não precisam de companhia os vigiando e direcionando. 

Se não de adequarem às necessidades do ciclo em que estão fatalmente vão adoecer.

Portanto: filhos libertem seus pais dos seus problemas. Deixe-os livres para viver o momento sem as responsabilidades e limitações que devem ser de vocês.

E jamais os transformem em seus filhos. Seus pais não são seus filhos. Eles têm seus próprios desejos e vontades. Respeite-os.

Uma pessoa sem a possibilidade de realizar o mínimo de suas vontades perde o desejo de viver.

Casais que se encontram neste ciclo: busquem dentro de si o que realmente desejam e procurem ouvir o que o seu parceiro deseja e aproveitem o seu tempo para satisfazer esses desejos.

Lembrem-se que em todos os outros ciclos da sua vida você nunca possuiu tamanha liberdade de atender a si mesmo. Este é o momento que o gozo vem da liberdade de ser exatamente quem se é, sem rótulos e sem limites.

“Mães tóxicas”: aprenda como não ser uma!

Mãe tóxica conversando com filho

Quando me tornei mãe algumas pessoas me diziam que devíamos criar os nossos filhos para o mundo, outras que devíamos criá-los para Deus, outras que deveríamos criá-los simplesmente livres. Qual dos caminhos seguir então?

Em minha própria experiência aprendi que devemos criá-los para si mesmos, criá-los para que sejam felizes e livres.

E o mais importante: quando digo livres significa que precisam ser livres também em relação a nós, suas mães. 

A dependência dos pais é uma prisão

Criança em uma cela de presídio

A pior prisão que podemos construir para os nossos filhos é a da dependência de nós. A natureza nos mostra em seus ambientes naturais, seja vegetal ou animal, a sabedoria da separação:

  • Para que as mudas se tornem plantas, precisam ser retiradas da matriz e libertas da fonte que as supre; 
  • Sementes para que germinem precisam ser lançadas ao solo sem a proteção do fruto;
  • Os animais, quando se reproduzem, têm um tempo limitado para prepararem suas crias para que se tornem adultas e logo que detectam esta capacidade as lançam para a vida adulta. Caso isto não ocorra suas crias tornam-se fracas e incapazes de sobreviver. 

Na natureza o ciclo da vida acontece de maneira equilibrada porque não existem criaturas de almas adoecidas. Não há transtornos mentais. Os animais “sabem” que devem ser necessários apenas o suficiente para que suas crias sobrevivam e assim elas se fortalecem e se capacitam a permanecer e perpetuarem a espécie. Porém os seres humanos tendem a se tornarem cada vez mais necessários a seus filhos disfarçando esta codependência em amor, o que está longe de sê-lo.

O que são mães tóxicas?

Filha incomodada com a mãe

Mães necessárias (ou tóxicas) são na verdade seres amedrontados pelo medo de se tornarem descartáveis e por isso prendem seus filhos, transformando-os em eternas crianças incapazes de sobreviverem sozinhas.

São mães que não criam os filhos visando sua liberdade e capacidade própria de viver.

Não entendem que o melhor que podemos fazer por nossos filhos é libertá-los de nós. Devemos buscar o nosso equilíbrio, a nossa felicidade para que possamos ajudá-los a buscar o próprio equilíbrio, a própria felicidade. Devemos entender que nossa atenção deve estar voltada primeiramente para nós mesmas afinal um cego não pode guiar outro cego.

Todo excesso gera excesso. Excesso de dedicação gera excesso de dependência, excesso de dependência gera excesso de fracasso.

O equilíbrio é o ponto central de todas as coisas, é o ponto central da saúde mental e familiar. Somente o equilíbrio na relação de pais e filhos pode gerar saúde mental, emocional e social. Pais inseguros tendem a criar dependência máxima em seus filhos para mantê-los junto a si. Não percebem que estão sendo movidos pelo próprio egoísmo pois disfarçam suas atitudes em excesso de cuidados e amor. Na verdade estão privando seus filhos de vida em abundância, o que lhes é de direito. 

O que isso causa na psicologia dos filhos?

Mãe chingando a filha

Muitas mães procuram os consultórios levando seus filhos tristes e ansiosos, outras vezes depressivos e agressivos sem entender o que está acontecendo para deixá-los assim. Se vêem como mães perfeitas pois protegem suas crias em tempo integral. Elas precisam compreender que na verdade seus filhos estão clamando por vida, pois vida só existe em liberdade e eles nunca se viram livres de seus cuidados excessivos, presença constante e controle exagerados. 

Elas fazem isso e ainda se sentem merecedoras de algo que eles se sentem incapazes de oferecer: amor. Só podemos devolver a alguém o que recebemos, e o que eles recebem desse tipo de mãe está longe de ser amor, é apego

Ao receber apego, os filhos devolverão apego, e este ciclo vicioso se instala disfarçado de amor. Amor com amor se paga.

Muitas mães sufocam os filhos de maneira tão intensa que lhes adoece a alma. 

  • Prendem os filhos em casa o tempo todo sem perceberem que o que está por trás de suas atitudes é no mais puro egoísmo, o que temem na verdade é a dor que elas podem sentir caso algo lhes aconteça. O centro de sua proteção são elas mesmas; 
  • Privam seus filhos da convivência com outras crianças e tantas outras experiências que são necessárias ao seu crescimento. Deixar os filhos longe dos perigos é exatamente o que os enfraquece. 

É preciso deixar que cometam os próprios erros

Criança machucada

Evitar que tropecem deixa-os incapazes de pular as pedras, pois é justamente a necessidade de se proteger que os capacita a fazê-lo. Mães que impedem seus filhos de brincarem por causa da sujeira dos ambientes nunca entendem o porquê de adoecerem tanto. E a medida em que eles crescem, mais elas fortalecem a redoma ao redor deles regando-a com tecnologia de ponta, deixando-os longe dos “perigos” necessários. Perigos que se resumem na possibilidade de que elas possam sofrer caso algo aconteça a eles.

Assim esses filhos são impedidos de viverem plenamente pois vivem sem o gozo necessário a cada fase que percorrem porque o que determina o prazer de viver casa momento é determinado pelos estímulos que são recebidos. Para cada estímulo existe uma experiência correspondente. Por sermos seres de gozo só nos tornamos saudáveis quando vivenciamos as situações com prazer. O trauma que todos procuram entender e encontrar nada mais é que uma experiência vivida sem gozo ou onde tenha havido um gozo regado de culpa.

O que fazer para não ser uma mãe tóxica?

Mulher perguntando

Quando prendemos os nossos filhos estamos impedindo que tenham os estímulos necessários a este estado de gozo. Pois a medida que ele cresce mudam os estímulos e a fonte de prazer. “Mudam-se os tempos mudam-se as vontades”, a sabedoria popular já nos ensina. Se quando ainda criança nosso filho tinha prazer por estar ao nosso lado, somente com a nossa presença,  quando adolescente precisa da convivência com os amigos para sentir prazer, precisar gozar das amizades e do que elas lhes oferecem, adulto necessita ainda da companhia da parceira (o). Em cada fase necessita de algo além de nós e é esta necessidade de alguém além de nós que nos amedronta. Esta possibilidade de abandono que leva mães a se tornarem tóxicas levando seus filhos a dependência, seja emocional ou financeira para se tornarem necessárias. Vale lembrar que o necessário não é indispensável. 

Para não  ser uma mãe tóxica basta permitir: permita que seu filho vá e viva, não o crie dentro de uma redoma, seja ela física ou emocional. Deixe-o viver e aprender também com a vida, isso é saudável e faz parte de um bom desenvolvimento.

São os medos mais profundos que adoecem essas mães e as tornam fontes de adoecimento dos filhos. Para saírem deste lugar basta se lembrarem que nossos filhos pertencem a eles mesmos. Somos apenas guardiãs de mentes em desenvolvimento e como guardiãs devemos ser mestres e não chefes ou guias. O poder que a princípio temos sobre eles deve lhes ser entregue logo que possam ser guias de se mesmos.

Existem mães que gostam de todos os filhos de igual maneira? Impossível!

Mãe com seus vários filhos, um ainda na barriga.

Irmãos são uma relação complexa e as vezes difícil, não é mesmo? Para nós que somos mães há momentos que nos sentimos em um beco sem saída. Claro que você já não presenciou uma cena assim na sua vida ou irá presenciar:

Sentados a mesa, durante um almoço de domingo, os filhos começam aquela velha discussão:

_ “Minha mãe gosta mais do nosso irmão mais velho!”, diz o caçula.

_ “Não, ela gosta mais é do irmão do meio.” retruca o mais velho.

_ “Que nada! Ela sempre gostou mais de você porque é o caçula. Comenta o do meio.

Sempre a mesma disputa por um amor que sugere um certo desamor e você, mãe, no meio de tudo tentando provar o contrário, tentando fazer com que acreditem que gosta de todos de igual maneira. 

O padrão ideal de mãe

Mãe e filhos representando um ideal

Aceitando  este papel, você acaba gastando sua energia para se enquadrar em um padrão de mãe, que lhe convenceram ser o da mãe ideal: santa e tão perfeita que é capaz de gostar de seres diferentes de igual maneira.

Vamos parar de mentir para nós mesmas e para outras mães que sofrem com a culpa pelo que realmente sentem. Somos seres limitados, comuns, imperfeitos e vulneráveis a situações e emoções, como todos os outros presentes neste planeta, portanto não precisamos nos enquadrar neste ideal.

Certa vez li um texto do qual transcrevo agora uma pequena parte. O texto é uma resposta que uma mãe, ao ser questionada sobre qual filho amaria mais, expressou:

_ “Amo mais ao que tenha fome até que seja alimentado. Amo mais aquele que sente frio até que seja aquecido. Amo mais ao que tem sede até que seja saciado. Amo mais aquele que se perdeu até que seja encontrado…. e assim ela nos brinda com grande sutileza enumerando todas as necessidades do filho mais amado até que chegue a necessidade do reencontro após a última separação.” 

Está é a resposta que ecoaria naturalmente de todas as mães, aquilo que está lá no fundo mas nem sempre sabemos falar. Somos programadas para proteger nossos filhos, portanto é natural que as mães estejam mais presentes na vida daquele filho que julguem mais precisar dela seja financeira, emocional ou psicologicamente. 

Gostar dos filhos de maneira diferente é natural

Mãe com filho "preferido" no colo

É o instinto natural de toda mãe. Os filhos, por não entenderem ser este um comportamento instintivo, o confundem com um amor desigual. É preciso porém que isto fique claro para as mães para que possam admitir para si mesmas seus sentimentos, pois o amor vai além dos instintos, das emoções e necessidades de auto proteção e preservação. 

Quando uma mãe se vê em uma situação onde a sobrevivência de um filho esteja em perigo, ela ultrapassa todos limites, inclusive colocando a própria vida em segundo plano em relação à vida do filho. Qualquer mãe oferecerá um órgão compatível a um dos filhos seja ele qual for, em caso de necessidade de um transplante, sem qualquer questionamento. Isto é amor. Pois é ação. É ato. O amor se traduz em atos que ultrapassam nossos padrões de auto amor e auto proteção. Acontece no campo da racionalidade da área mais sutil de nossa consciência. 

A diferença entre amar e gostar

Nunca se cobrem pelas emoções que experimentam pois as emoções transitam pelo campo do gostar. As mães amam igualmente cada filho mas gostam de forma diferente. O amor é genuíno, se apresenta de forma totalmente desvinculada dos instintos. O gostar é humano e está diretamente ligado as emoções. O amor é oferecido em igual proporção a cada filho uma vez que é infinito e imensurável. O gostar é proporcional as emoções que prevalecem nas relações, assim haverá um gostar mais acentuado em relação aquele filho que for mais presente, com o qual a mãe tiver maiores afinidades. Aquele que lhe der mais atenção e lhe fizer melhor companhia. 

Entenda a palavra companhia no sentido mais profundo, pois companhia é diferente de estar presente. É claramente possível, por exemplo, que um filho esteja presente na vida da mãe por questões financeiras e não lhe faça companhia genuína, o que permeará tal relação de emoções negativas.  Gostar de maneira individual de cada filho é presente em todas as mães. A tentativa de corresponder a uma figura ilusória de perfeição e de exigir está perfeição é que machuca, adoece e desequilibra as famílias.

Saibam filhos que são amados igualmente mas gostados de acordo com as emoções que despertam, com o que oferecem. O amor de mãe é incondicional o gostar não.

Se liberte da obrigação de ser perfeita

Mãe empoderada e se sentindo liberta

Mães, libertem-se da obrigação de serem perfeitas. Saibam que podem admitir todos os seus sentimentos em relação a seus filhos. Não precisam verbalizar e dizer claramente sobre suas preferências pois o falar pode machucar e deve ser evitado. Mas o saber que esses patamares são naturais evita o sofrimento por uma culpa sem sentido. Libertem-se desta culpa pois estes sentimentos são comuns em todas nós mesmo que a maioria tente nega-lo.

Quando encontrarem seus filhos disputando o seu amor, deixe que o façam pois isto tem haver  com eles. A maturidade também irá libertá-los da necessidade de serem os preferidos, mais queridos e escolhidos. Observe e fique tranquila, consciente de que o amor que sente por cada um deles é genuíno e o gostar merecido dentro da sua capacidade emocional. E mesmo que,aos olhos que a observam, você seja injusta por se manter mais junto a um ou outro, na sua infinita capacidade de se entregar por amor, você sabe que aquele filho necessita mais de voce devido as limitações que ele possui. Seja livre para ser a mãe que precisa ser.

Conclusão

O amor acontece no campo da razão e não das emoções. Não é sentimento. É traduzido em atos. Nos foi pedido que amássemos nossos inimigos e quando não entendemos o que é o amor isto se torna impossível. Podemos, mesmo sem gostar de alguém, praticar o amor adotanto atitudes corretas em relação a este alguém. Isto é o que chamamos “ato de amor”. Mas nos é impossível gostar de alguém que nos causa dor, algo natural dentro das nossas limitações humanas. Então, pratiquemos sempre o amor sem reservas em relação a todos principalmente aos nossos filhos, mas sejamos livres para gostar mais ou gostar menos daqueles que mereçam este sentimento.

Tudo o que você deveria saber antes de ter seu primeiro parto

Mulheres grávidas

Você deve saber ou no mínimo sentir que para todas as situações que vivenciamos, nossa mente possui um programa que nos conduz acertadamente. Veja como exemplo a respiração. O programa que a conduz é acionado no primeiro instante em que o bebê deixa o útero materno levando-o a suprir o corpo com o oxigênio necessário a sua sobrevivência uma vez que está sendo desligado da fonte que lhe abastecia de vida.

Observando a respiração  nos certificamos da capacidade de nossa mente de conduzir de forma plena todas as situações em que somos colocados. Ela mantém a vida fluindo em nós sem que precisemos pensar sobre ela, sem que possamos ter qualquer tipo de controle ou resistência em relação a ela. A respiração se impõe sobre nós automaticamente como fonte de vida. Nada se pode fazer para impedi-la de manter a vida fluindo em nós através do ar que entra e sai a cada ciclo.

Ela é a mantenedora da vida desde o início de nossa jornada e a última a ser desligada quando já não há mais vida em nossos corpos.

É natural que tenhamos vários desses “programas” em nós como parte de nossa natureza humana. Eu sempre digo que um dos programas mais perfeitos que existe é o que aqui chamaremos de “Programa Parto”. Ele é acionado diretamente na mente da mãe quando o bebê está pronto para iniciar sua trajetória fora do útero materno. 

Toda mulher que já passou por um parto consegue compreender que vivenciou este programa, mesmo sem ter conhecimento de suas etapas. Aquelas mulheres que ainda irão experimentá-lo, poderão identificar cada passo com total consciência depois de lerem o resto deste texto. 

Etapa 1 – A preparação

Mulher grávida limpando a casa

Quem é mãe ou quem esteve ao lado de uma mulher no  final da gravidez,  percebeu que em determinado momento a gestante começa uma arrumação repentina na casa, no quarto do bebê ou até mesmo reorganizando as roupinhas na gaveta. Este é o sinal que o programa foi acionado. 

Pois em seu estado natural a mulher realmente precisaria organizar um local confortável e seguro para parir. Logo após este início, o programa faz então com que seja liberado em seu sistema uma grande quantidade de ocitocina que, chegando ao útero, dará início às contratações.

A ocitocina é o hormônio do amor portanto o bebê estará sendo forçado a sair do útero por amor. 

Etapa 2 – Prazer e dor

Mulher tendo um parto

Logo depois, para amenizar as dores provocadas pelas contratações, o programa provoca a liberação de endorfina no sistema. Endorfina é o hormônio do prazer. A gestante começa a sentir, mesmo em meio à dor provocada pelas contratações, sensações genuínas de prazer, o que a ajuda no processo.

Quando  o bebê começa a sair do corpo materno, assim que passa pelo abertura vaginal, o programa promove a liberação imediata de adrenalina no sistema, principalmente na  região vaginal. Adrenalina é o hormônio do estado de prontidão. Ela é liberada para que a mulher, mesmo estando extenuada, fique em estado de alerta para proteger o bebê e também para que, quando a cabeça do bebê passar pela saída da vagina, receba uma descarga de adrenalina que o permita abrir os olhos para que possa fixar o olhar nos olhos da mãe.

Esta troca de olhares é fundamental para o bebê pois neste momento ele se reconecta com a mãe e sente-se protegido.

Etapa 3 – A placenta e o amor incondicional

Para completar o processo, o programa leva o corpo a expulsar a placenta pois no momento em que este composto intra-uterino passa pela abertura vaginal há a liberação imediata da maior quantidade de ocitocina que qualquer mulher já experimentou.

Esta liberação de ocitocina leva a jovem mãe a experimentar a emoção genuína do amor incondicional.

Neste momento, nem mesmo a dor que ainda persiste no corpo pelo processo, impedirá a jovem mãe de sentir amor e  ir às lágrimas sem nem mesmo saber o porquê . É um programa complexo que só pode ser comandado nesta perfeição devido ao potencial inimaginável que a mente possui.

Assim nos tornamos mães e começamos uma outra jornada que nos acompanhará por toda a vida sem possibilidade de retrocesso.

Etapa 4 – Apanhando o recém nascido no colo

Mulher depois do parto com filho no colo

Quando se pega o bebê no colo pela primeira vez ele está com a carga de adrenalina que recebeu ao sair de dentro da mãe e está assustado pelas novas sensações que está experimentando. A respiração se impôs pela primeira vez rompendo caminho através das narinas e de todo o aparelho respiratório. Isto lhe causa estranheza  e desconforto. 

Mas a mãe, com a saída da placenta, acabou de receber a maior quantidade de ocitocina que já  experimentou. Está impregnada com o hormônio do amor, então no momento em que o bebê é colocado no seu colo, e começa a sentir a pele da mãe, sente aconchego em seus braços e, como a mulher está imersa nesta carga de ocitocina, o bebê sente-se acolhido por este amor. Por isso se acalma imediatamente pois está substituindo a adrenalina por ocitocina.

Mãe e filho tornam-se novamente um só neste momento. O mesmo amor que o expulsou do útero o acolhe agora. O vínculo se forma e o amor impera nesta relação.

Etapa 5 – Levando o bebê pra casa

Mãe com bebê recém nascido

Depois de tantas emoções vivenciadas pelo “Programa Parto” o “Programa Mãe” começa a ser acionado.Mesmo que você seja uma mãe de primeira viagem e não tenha ninguém para acompanhá-la nos primeiros dias de cuidados com o bebê, fique tranquila, sua mente vai comandar a situação com maestria liberando todas as informações necessárias a essa nova etapa. 

O seu corpo está sendo adaptado para produzir o alimento necessário ao seu bebê e caso isto não aconteça você saberá buscar alternativas. Vocês foram um só durante muito tempo e isto lhe capacita a sentir as necessidades do bebê apenas observando suas reações. Fique atenta sim, mas ao mesmo tempo tranquila, sua mente lhe orientará melhor do que qualquer especialista.

Conclusão

Ser mãe é a mais complexa das missões que nós mulheres podemos vivenciar. Seja por uma opção consciente ou não, ela nos proporciona sensações e aprendizados ímpares. É tão ambígua quanto o parto, que mistura prazer e dor e ao mesmo tempo nos oferece a oportunidade  experimentar a sensação de receber a maior carga de amor de toda a nossa existência. 

Ser mãe é muito mais que uma experiência é uma oportunidade de alcançar a excelência do amor em toda a sua dimensão.

A forma que uma mãe vê seus filhos pode ser a ponte que a separa da sua felicidade

A maneira como vemos as situações determinam como elas são. Em uma palestra sobre filosofia, ouvi a seguinte frase:

“Há quem passe pela floresta e só enxergue lenha para sua fogueira”.

Fiquei surpresa e pensativa. Como pode alguém olhar para uma floresta e não ver a exuberância do verde, a harmonia da vida e a presença da paz? Isto me deixou muito intrigada. Achei um exagero completo num primeiro momento. Porém, tudo o que nos confunde  um dia se revela em outro mais a frente. E numa situação em que pude vivenciar a história de duas mães, aprendi que a frase encerrava um tom de verdade. Ou seja, a beleza ou feiura podem estar realmente nos olhos de quem vê as mais distintas situações que ocorrem em nossas vidas.

Duas mulheres com seus filhos no colo e conversando.

A felicidade ou infelicidade pode ser determinada pela postura que está na mente de quem as experimenta.

E isso significa que podemos modificar nosso estado apenas resignificando a nossa própria realidade.

Vou lhes dar um exemplo do que vivi pelos caminhos da minha vida como psicanalista. Ouvi uma história muito semelhante de duas mulheres distintas. É praticamente a mesma história, mas os olhares são totalmente divergentes:

O olhar para o copo meio vazio

Uma delas em meu consultório, ainda sentada sobre o divã, com um olhar assustado e semblante sofrido, dizia-me:

“Sabe doutora, eu não sei o que fazer. Não posso ser feliz. Nada pode tirar de mim esta dor. Deus não foi bom comigo, me castigou sem motivos. O que me traz aqui é esta dor que me aperta o peito.”

Seus olhos neste momento já não me fitavam mais. Estavam voltados para o chão como se mergulhassem em suas memórias. Lágrimas corriam por sua face. E continuou a falar agora envolta em sua dor: 

“Eu sempre quis ter filhos. Tive muita dificuldade para engravidar, era o meu sonho. Após vários tratamentos finalmente aconteceu e para minha surpresa, engravidei de gêmeos.

Foi uma gravidez complicada mas consegui vencer. Dei a luz a duas meninas. Elas nasceram muito fraquinhas, prematuras. Os médicos foram muito dedicados mas mesmo assim uma delas não resistiu. Fiquei com apenas uma delas em meus braços. Ela resistiu e agora tem quatorze anos. Mês que vem vamos comemorar os quinze anos dela e a dor não passa, não estou mais aguentando:

Como posso aceitar que a outra não esteja comigo, que ela se foi? 

Eu não merecia perder a minha menina. Não posso ser feliz. Eu perdi minha alegria, minha felicidade, tudo que tinha naquele dia. Depois ainda perdi meu marido. Ele não compreendeu a minha dor e me deixou. Ninguém pode compreender porque ninguém passou pelo que passei. Não entendo porque Deus fez isso comigo. Como posso comemorar os quinze anos de uma filha se a outra não está comigo? São quatorze anos de sofrimento e dor. Uma tristeza sem tamanho. Não posso, não posso.”

Mergulhou então em um choro convulsivo que sacudia todo o seu corpo. Olhei-a com extrema compaixão pois sou mãe e sei como ela poderia estar se sentindo. Minha mente tentava compreendê-la e ajudá-la, ao mesmo tempo que se recordava de outra história que havia escutado há poucos dias nos corredores de um supermercado.

O olhar para o copo meio cheio

Observei, ao fazer as minhas compras, uma mulher com um olhar tão radiante que desejei aproximar-me dela. Cumprimentei-a e logo percebi seu olhar fixo em uma adolescente que, muito sorridente, escolhia coisas de adolescente e abastecia seu carrinho. Esta mulher com uma alegria contagiante perguntou-me:

“A senhora tem filho?”

Respondi que sim e ela continuou: 

“É uma benção, não é? Eu sou uma mulher muito abençoada. Eu sempre quis ser mãe mas tive muita dificuldade para engravidar. Fiz diversos tratamentos e depois de várias tentativas frustradas, finalmente consegui engravidar. E, para minha surpresa, fiquei grávida de gêmeos. Tive uma gravidez complicada mas finalmente elas nasceram, duas meninas. Eram muito fraquinhas, prematuras. Os médicos foram muito bons comigo, fizeram tudo que podiam mas mesmo assim uma delas não resistiu. Foi sofrido perdê-la, mas aquela ali sobreviveu. Não é uma benção?! 

São quatorze anos de alegria e felicidade por tê-la conosco. As duas eram tão fraquinhas que foi um milagre que esta tenha resistido. Mês que vem ela faz quinze anos e fico imaginando como será maravilhoso vê-la bailando pelo salão nos braços do pai. Deus foi muito bom comigo e eu só posso ser grata por tamanha benção.”

Seus olhos também choravam neste momento mas um choro tão doce que era de paz. Senti amor por ela e, sem conseguir falar, só pude compartilhar com ela a mesma felicidade dentro das minhas memórias, onde moram agora duas mulheres com duas estórias, tão iguais e tão opostas ao mesmo tempo. 

Concluindo

As situações se apresentam a nós como são, sem que tenhamos controle sobre isso, mas a maneira como vamos experimentá-las é escolha nossa. Se colocarmos nossa atenção na nossa fogueira, tudo que veremos na floresta será lenha para alimentá-la. Se apenas desfrutarmos do que ela nos proporciona, quando o sol nascer pela manhã, nos oferecendo luz e calor, já não haverá necessidade de reabastecê-la.  Como está o nosso olhar em relação aos nossos filhos? Fixados em suas dificuldades ou no brilho de suas virtudes?