Meu bebê acabou de nascer e tenho medo de tudo. O que faço agora?

Mãe com bebê deitado sobre o peito

A sabedoria popular nos ensina:

“Pé de galinha não mata pinto”

e saiba que há uma grande verdade contida em uma frase tão simples, uma verdade que pode e deve te tranquilizar de imediato. 

Sua mente possui uma programação que faz parte da sua natureza biológica. Vou chamar este impulso natural de: “programa mãe”. Se você deixar com que este programa aconteça como deve, deixar com que flua naturalmente, você não terá problemas ao executar sua função e muito menos razões para temer,  ele não deixa espaço para o medo. Deixe de lado tudo que lhe ensinaram sobre os erros que pode cometer pois eles são inevitáveis e focar em tantos erros só fará você sofrer. Viva intensamente o momento sem neuras e é aí que você conseguirá encontrar a verdadeira felicidade de ter e criar uma criança. Ocupe sua mente com as coisas do momento sem se preocupar demais com o futuro.

O porquê de surgirem tantos medos

Mãe ansiosa

Antes de ele nascer, apesar de tudo que o bebê necessitava depender exclusivamente de você, não precisava de ser pensado. Era tudo natural, fazendo parte de você biologicamente as coisas eram mais fáceis, suas ações ainda podiam ser egoístas que tudo “continuaria” bem. Seu corpo era a casa que abrigava, protegia e nutria o ser que existia somente de dentro de você. O bebê ainda não estava literalmente presente no seu mundo, era parte de você e só você era o mundo dele.O risco de perdê-lo, ou não ser suficientemente boa, estava mais distante.

Agora que ele está em suas mãos,  tamanha fragilidade lhe assusta.

E eu sei que é duro aquele momento em que cai a ficha: puxa, sou mãe… e agora?

Mesmo que você já tenha outros filhos o medo e a insegurança se repetem. É muita dependência e fragilidade para lidarmos. Questionamentos internos são frequentes, medos infundados são reais. Há uma mistura de emoções. São reações físicas e psicológicas. Por mais que seu corpo tenha se modificado durante a gravidez, o seu papel, a sua função ainda permaneciam inalterados, você era apenas filha e esposa e estes papeis você já conhecia. 

Você estava na sua zona de conforto. Agora assumiu um novo papel, uma nova função: mãe.  É o desconhecido se apresentando, é o novo que chega, mesmo que seja pela segunda ou terceira vez. Você perdeu o seu lugar, sua zona de conforto e isto é assustador e ainda precisa cuidar de uma nova vida tão frágil e dependente. Por ser uma situação tão complexa e com tantos nuances é que surgem esses medos.

Como lidar com tantos medos?

Mãe cuidando de bebê

Seu corpo está tentando se refazer, sua mente tentando se adaptar mas não há tempo. A vida não pára, o bebê não espera. Você agora é fonte de alimento, proteção e vida. Todos os seus medos e emoções afloram e em meio a tudo isto você está feliz e triste, plena e incompleta, oscilando entre medos e certezas, gozo e pavor. Mas quando você olha para o seu bebê, no fundo você sabe que tudo sabe, que pode ficar tranquila. Isto é real. Você sabe, você pode e fará tudo da maneira mais eficaz para que tudo corra bem. Sabe porque? Sua mente já tem tudo arquivado, todos os programas para conduzir toda e qualquer situação. 

Assim como capacitou você para gerar e parir também irá conduzi-la nesta nova caminhada. Você só precisa permitir que ela o faça. Deixe-a guiar você, siga sua intuição sem medo e verá que pode conduzir cada etapa que seu filho irá percorrer.

Ele sabe que você é a mãe dele e que irá suprir suas necessidades e você saberá quando e como supri-las. Relaxe!

A mente só opera no presente, ela busca soluções para tudo o que está acontecendo no momento, por isso ocupar-se é saúde para a mente, preocupar-se, veneno.

Quando você “pre-ocupa”sua mente não há como ela solucionar algo que não existe, que está no futuro. Ela entra em desequilíbrio porque não tem como dar uma resposta para o que não é real e você chama este desequilíbrio de ansiedade. Se quer que tudo corra bem, deixe-a livre ocupando-se do momento, solucionando tudo que estiver acontecendo.

Você chamará isto de prazer e o seu bebê de amor.

Conclusão

Mãe fazendo pilates com bebê ao lado

Tudo que existe na verdade é: ausência ou presença. Deixe sua mente presente no momento que estiver vivendo, ocupe sua mente. Estar com a mente ocupada é equilíbrio mental e o equilíbrio é o desfrutar do que chamamos felicidade. Felicidade nos remete as leis da natureza e educar uma criança é adptá-la a estas leis. Lembre-se: todo efeito tem uma causa mas todas as causas também têm um efeito.

Para criar filhos saudáveis precisamos apenas nos firmarmos em causas mais nobres.

Em sentimentos positivos e definitivamente o medo está distante de ser um deles. Esqueça de tentar transformar seu filho no seu ideal ou no ideal dos outros, pois a transformação muda somente a forma. Causas nobres e sentimentos positivos no relacionamento com ele desde a mais tenra idade vai levá-lo a transmutação pois a transmutação desperta a essência e a essência é amor.

Existem mães que gostam de todos os filhos de igual maneira? Impossível!

Mãe com seus vários filhos, um ainda na barriga.

Irmãos são uma relação complexa e as vezes difícil, não é mesmo? Para nós que somos mães há momentos que nos sentimos em um beco sem saída. Claro que você já não presenciou uma cena assim na sua vida ou irá presenciar:

Sentados a mesa, durante um almoço de domingo, os filhos começam aquela velha discussão:

_ “Minha mãe gosta mais do nosso irmão mais velho!”, diz o caçula.

_ “Não, ela gosta mais é do irmão do meio.” retruca o mais velho.

_ “Que nada! Ela sempre gostou mais de você porque é o caçula. Comenta o do meio.

Sempre a mesma disputa por um amor que sugere um certo desamor e você, mãe, no meio de tudo tentando provar o contrário, tentando fazer com que acreditem que gosta de todos de igual maneira. 

O padrão ideal de mãe

Mãe e filhos representando um ideal

Aceitando  este papel, você acaba gastando sua energia para se enquadrar em um padrão de mãe, que lhe convenceram ser o da mãe ideal: santa e tão perfeita que é capaz de gostar de seres diferentes de igual maneira.

Vamos parar de mentir para nós mesmas e para outras mães que sofrem com a culpa pelo que realmente sentem. Somos seres limitados, comuns, imperfeitos e vulneráveis a situações e emoções, como todos os outros presentes neste planeta, portanto não precisamos nos enquadrar neste ideal.

Certa vez li um texto do qual transcrevo agora uma pequena parte. O texto é uma resposta que uma mãe, ao ser questionada sobre qual filho amaria mais, expressou:

_ “Amo mais ao que tenha fome até que seja alimentado. Amo mais aquele que sente frio até que seja aquecido. Amo mais ao que tem sede até que seja saciado. Amo mais aquele que se perdeu até que seja encontrado…. e assim ela nos brinda com grande sutileza enumerando todas as necessidades do filho mais amado até que chegue a necessidade do reencontro após a última separação.” 

Está é a resposta que ecoaria naturalmente de todas as mães, aquilo que está lá no fundo mas nem sempre sabemos falar. Somos programadas para proteger nossos filhos, portanto é natural que as mães estejam mais presentes na vida daquele filho que julguem mais precisar dela seja financeira, emocional ou psicologicamente. 

Gostar dos filhos de maneira diferente é natural

Mãe com filho "preferido" no colo

É o instinto natural de toda mãe. Os filhos, por não entenderem ser este um comportamento instintivo, o confundem com um amor desigual. É preciso porém que isto fique claro para as mães para que possam admitir para si mesmas seus sentimentos, pois o amor vai além dos instintos, das emoções e necessidades de auto proteção e preservação. 

Quando uma mãe se vê em uma situação onde a sobrevivência de um filho esteja em perigo, ela ultrapassa todos limites, inclusive colocando a própria vida em segundo plano em relação à vida do filho. Qualquer mãe oferecerá um órgão compatível a um dos filhos seja ele qual for, em caso de necessidade de um transplante, sem qualquer questionamento. Isto é amor. Pois é ação. É ato. O amor se traduz em atos que ultrapassam nossos padrões de auto amor e auto proteção. Acontece no campo da racionalidade da área mais sutil de nossa consciência. 

A diferença entre amar e gostar

Nunca se cobrem pelas emoções que experimentam pois as emoções transitam pelo campo do gostar. As mães amam igualmente cada filho mas gostam de forma diferente. O amor é genuíno, se apresenta de forma totalmente desvinculada dos instintos. O gostar é humano e está diretamente ligado as emoções. O amor é oferecido em igual proporção a cada filho uma vez que é infinito e imensurável. O gostar é proporcional as emoções que prevalecem nas relações, assim haverá um gostar mais acentuado em relação aquele filho que for mais presente, com o qual a mãe tiver maiores afinidades. Aquele que lhe der mais atenção e lhe fizer melhor companhia. 

Entenda a palavra companhia no sentido mais profundo, pois companhia é diferente de estar presente. É claramente possível, por exemplo, que um filho esteja presente na vida da mãe por questões financeiras e não lhe faça companhia genuína, o que permeará tal relação de emoções negativas.  Gostar de maneira individual de cada filho é presente em todas as mães. A tentativa de corresponder a uma figura ilusória de perfeição e de exigir está perfeição é que machuca, adoece e desequilibra as famílias.

Saibam filhos que são amados igualmente mas gostados de acordo com as emoções que despertam, com o que oferecem. O amor de mãe é incondicional o gostar não.

Se liberte da obrigação de ser perfeita

Mãe empoderada e se sentindo liberta

Mães, libertem-se da obrigação de serem perfeitas. Saibam que podem admitir todos os seus sentimentos em relação a seus filhos. Não precisam verbalizar e dizer claramente sobre suas preferências pois o falar pode machucar e deve ser evitado. Mas o saber que esses patamares são naturais evita o sofrimento por uma culpa sem sentido. Libertem-se desta culpa pois estes sentimentos são comuns em todas nós mesmo que a maioria tente nega-lo.

Quando encontrarem seus filhos disputando o seu amor, deixe que o façam pois isto tem haver  com eles. A maturidade também irá libertá-los da necessidade de serem os preferidos, mais queridos e escolhidos. Observe e fique tranquila, consciente de que o amor que sente por cada um deles é genuíno e o gostar merecido dentro da sua capacidade emocional. E mesmo que,aos olhos que a observam, você seja injusta por se manter mais junto a um ou outro, na sua infinita capacidade de se entregar por amor, você sabe que aquele filho necessita mais de voce devido as limitações que ele possui. Seja livre para ser a mãe que precisa ser.

Conclusão

O amor acontece no campo da razão e não das emoções. Não é sentimento. É traduzido em atos. Nos foi pedido que amássemos nossos inimigos e quando não entendemos o que é o amor isto se torna impossível. Podemos, mesmo sem gostar de alguém, praticar o amor adotanto atitudes corretas em relação a este alguém. Isto é o que chamamos “ato de amor”. Mas nos é impossível gostar de alguém que nos causa dor, algo natural dentro das nossas limitações humanas. Então, pratiquemos sempre o amor sem reservas em relação a todos principalmente aos nossos filhos, mas sejamos livres para gostar mais ou gostar menos daqueles que mereçam este sentimento.

Tive gêmeos, e agora?

Bebês gêmeos

Ter gêmeos não é fácil. Quando se chega no consultório do médico e se descobre a novidade ocorre um misto de alegria e medo que não sabemos como explicar. Depois vêm os difíceis momentos em que se havia pensado tudo em um, mas tem-se que dobrar tudo: roupas, carrinhos, cadeirinhas, mamadeiras, escola, enfim, tudo. É assustador no início, mas a experiência naturalmente começa a se tornar maravilhosa com o tempo. O grande problema é que, como os filhos nasceram juntos, alguns pais possuem uma dificuldade enorme de compreendê-los como indivíduos diferentes, e este é o grande erro que se pode cometer para o seu desenvolvimento natural como seres humanos.

Entenda que são irmãos, mas pessoas distintas

Gêmeos com roupas diferentes e olhares diferentes

O primeiro passo é você entender que recebeu duas crianças frutos de uma mesma gestação, porém totalmente diferentes apesar de parecerem idênticas. 

Por mais que haja semelhanças físicas entre elas, existem ali duas mentes completamente únicas e em processo de evolução. Para nos orientar neste sentido basta nos lembrarmos que suas impressões digitais os distinguem e notar que já na primeira infância eles se mostram diferenças claras em suas preferências.

Não raramente gêmeos podem ter personalidades muito diferentes, visto que os traços de personalidade são influenciados pelas experiências que vivem e como eles as experimentam internamente. Embora o senso comum diga o contrário, a ciência aplicada à psicologia tem demonstrado que as experiências são muito mais determinadas pela maneira como o indivíduo as vivencia do que pela forma crua como as experiências se lhe apresentam. 

Nós sempre nos questionamos quando observamos irmãos que trilham caminhos muito diversos na vida. Nos perguntamos:

“Como podem ser tão diferentes sendo filhos dos mesmos pais e tendo sido criados no seio da mesma família?” 

Isto acontece justamente porque o meio pode sim influenciar o indivíduo, mas não determina por completo o resultado. Ainda há o registro peculiar do indivíduo em relação às experiências vividas.

Entendendo essa complexidade fica mais fácil para os pais entenderem que, apesar de seus filhos serem gêmeos, nunca serão idênticos.

Mesmo que tenham personalidades parecidas, têm identidades diferentes que precisam ser respeitadas e reforçadas, nunca se deve buscar buscar o contrário.

Acolha as diferenças

Pais com as filhas

Além de entender que são diferentes é preciso que os pais aprendam a acolhê-los. E não se iluda, isto deve acontecer desde o início, se possível desde a gestação. Você gerou dois indivíduos, se esqueça disso por um minuto e saiba que corre grandes riscos, pois um indivíduo que não possui individualidade é um indivíduo que sofre copiosamente. 

Sei que é tentador ver a ambos como cópias exatas e reforçar esta imagem vestindo-os com roupas iguais. Este é um grande erro que acaba se perpetuando pelos anos da infância e pré adolescência e pode causar muita confusão interna nestas crianças, considerando que faz com que percam sua identidade. 

Se você observar com atenção, gêmeos, mesmo quando considerados idênticos, sempre têm algumas características físicas que os diferenciam e caraterísticas de personalidade muito particulares. Então, ao invés de reforçar suas semelhanças, ajude-os a definir a sua identidade acolhendo as diferenças sem comparações.

Vista-os com roupas diferentes desde o início. Você vai perceber claramente como isto é determinado pela própria criança e não por você. Faça o enxoval com peças diferentes e quando você for vesti-los vai notar que sabe exatamente quais roupinhas combinam com cada um. Você vai se surpreender como isto é interessante e uma experiência que só quem possui gêmeos pode viver.

A medida em que forem crescendo, maiores diferenças serão percebidas. Acolha essas diferenças sem tentar encaixá-los em um mesmo padrão. 

Lembre-se: você tem dois filhos que por força da natureza nasceram no mesmo dia, frutos de uma única gestação. Dois filhos que precisam ser vistos assim: separados, distintos e diferentes.

Como entender o amor para com estes filhos?

Pais e filhos gêmeos

O amor nada espera, portanto não se mede pelas expectativas. É a capacidade de se dar sem qualquer cobrança, de querer o bem do outro mesmo quando isso fere os nossos desejos. O amor nos permite ultrapassar os limites até mesmo dos nossos instintos de auto proteção e auto preservação. Imagine uma mãe de vários filhos, qualquer um que dela necessitar para sobreviver ela tudo fará por ele, certo? Mesmo que tenha que oferecer uma parte de si. Um exemplo claro ocorre quando algum filho necessita de doação de órgãos: nunca vi um caso de uma mãe se negar a doar um rim para um filho sendo ela compatível, independente do filho que seja. 

Nunca as vi questionar de ser aquele filho o mais rebelde ou menos merecedor em relação aos demais. Isto é amor. O amor se apresenta em atos, não em sentimentos. O amor é divino, o gostar é humano. O amor não se limita, o gostar é determinado por satisfação de desejos e vontades. Se mede por merecimento que criamos em relação às atitudes que correspondem a nossa maneira de ver o mundo, de julgar as atitudes alheias inclusive dos nossos filhos. 

Sendo assim, conclui-se que uma mãe vai gostar mais daquele filho que lhe dê mais atenção, que lhe demonstre mais afeto, que lhe ouça e esteja mais presente em sua vida porque essas atitudes satisfazem à expectativas internas de todas as mães, mas vai amar a todos. Você pode se permitir sentir-se assim sem culpa porque este gostar de maneira diferenciada está presente em todas as mães apesar de uma grande maioria não o admitir pela necessidade de se encaixarem num estereótipo de mãe imposto sobre elas.

Como as brigas do casal os afetam?

Pais brigando e filhos afetados pela briga

Outro comportamento que atua de forma brutal sobre gêmeos é a tendência de cônjuges que têm uma vida conjugal ruim, muitas vezes buscarem nos filhos apoio para se fortalecerem elegendo um deles como seu favorito. Isto aumenta as comparações entre ambos como se os pais estivessemm em uma disputa por serem melhores pais individualmente. Começam a comparar o desempenho escolar, as capacidades de cada filho como se fossem um troféu pessoal. Esta competição acaba se expandindo a se perpetuando entre os irmãos, o que destrói a relação entre eles. 

Nesse cenário macabro, os filhos, para corresponderem às expectativas daquele cônjuge que o escolheu, começam a denegrir a imagem um do outro desmerecendo suas conquistas na tentativa de minimizar as próprias limitações. Isto é devastador pois fere a auto estima de ambos. O que se sente humilhado perde sua capacidade de enxergar-se dentro de suas capacidades e o que humilha incorpora uma falsa capacidade pois não busca identificar e superar suas limitações e sim escondê-las evidenciando e aumentado as limitações do irmão perante os pais. 

Esses pais projetam nos filhos as divergências existentes entre eles e os filhos, sem saber lidar com essas situações, as incorporaram e tomam para si este comportamento disfuncional que não lhes pertence. Isto pode levar ao rompimento dos laços fraternos que deveriam existir entre eles a medida em que destrói a admiração e respeito entre os irmãos.

O que as próprias crianças reclamam em relação aos pais e você não deve fazer?

Quando atendo pacientes que têm irmãos gêmeos a queixa é sempre a mesma:

Meus pais querem que eu seja igual ao meu irmão mas eu não sou. Tudo que faço me comparam e me cobram e eu não aguento isso. Tudo que compram pra mim, compram pro meu irmão e vice versa mesmo quando apenas um de nós precisa daquilo”.

Vou lhe contar alguns casos esperando que você não se identifique para com eles, pois são comportamentos de pais que geram filhos com sérias dificuldades:

  1. Um adolescente me disse certa vez que pediu ao pai um chuteira e ele comprou um par para o irmão também, mesmo que somente ele jogasse futebol;
  2. Um outro me disse que o pai comprou um tênis para o irmão mesmo sem necessidade para compensar a chuteira que estava lhe dando. Isto o deixava muito chateado; 
  3. Um terceiro, disse-me que fazia natação e detestava mas tinha que treinar porque o irmão era competidor.

São situações corriqueiras no consultório, adolescentes adoecidos puramente por não poderem viver na sua própria identidade. Personalidade e individualidade são inerentes a cada ser e precisam ser respeitadas. Não espere deles comportamentos semelhantes e não se decepcione com as diferenças. Também não se cobre e se culpe por sentir-se diferente em relação a cada um deles. 

O que fazer então? Como atuar?

Pais com filhos gêmeos sobre a cama

Se você tem filhos gêmeos você precisa focar em realizar estes pontos:

  1. Deixe cada um ser ele mesmo;
  2. Dê a cada um deles a atenção que merece sem se culpar;
  3. Incentive as diferenças
  4. Respeite as escolhas
  5. E principalmente: evite comparações.

Nunca se cobre ou sinta-se culpada por seus sentimentos em relação a cada um. Saiba que as mães amam seus filhos igual mas gostam diferente. Muitas mães sentem-se culpadas por terem sentimentos diferentes em relação aos filhos principalmente se forem gêmeos. Isto se dá pela cobrança que verte sobre as mães de serem seres quase que divinos. Jamais confessam para si ou para os outros seus sentimentos porque acham que apenas ela sente dessa maneira. 

Aprenda então uma verdade libertadora: toda mãe tem sentimentos diversos porque são humanas e não divinas, limitadas e não perfeitas.

Quando lhe perguntarem se ama os seus filhos igual pode responder que sim pois é verdade. O amor transcende o humano começa onde o termina o gostar. Pois o gostar está sujeito a satisfação das expectativas que criamos em relação ao outro. Portanto quando mãe, você vai gostar mais daquele filho que satisfaz ao maior número de suas expectativas. 

Portanto, o maior erro que os pais podem cometer com filhos gêmeos é se sentirem obrigados a moldá-los dentro de um mesmo padrão e satisfazer suas vontades por medo de estarem fazendo diferenças entre eles.

A maioria compra os mesmos brinquedos, como se eles tivessem o mesmo gosto. Presenteia a ambos, mesmo que apenas um deseje ou mereça ser presenteado. Exigem de ambos o mesmo desempenho quando suas capacidades são voltadas para objetivos diferentes. Aceite suas diferenças, respeite-as.

Conclusão

Ter gêmeos é uma oportunidade de crescimento pessoal duplicada. Exige de nós adaptações e transformações em dobro. Exige um olhar apurado para enxergar as diferenças, um sentimento capaz de acolher as divergências. Um autoconhecer capaz de nos permitir seguir em frente sem nos perdermos em projeções múltiplas. Ouvidos e sentidos apurados para nos conectarmos com a beleza sutil de diferenças tão semelhantes que possam despertar o amor que vem único apesar de um gostar diverso.

Tudo o que você deveria saber antes de ter seu primeiro parto

Mulheres grávidas

Você deve saber ou no mínimo sentir que para todas as situações que vivenciamos, nossa mente possui um programa que nos conduz acertadamente. Veja como exemplo a respiração. O programa que a conduz é acionado no primeiro instante em que o bebê deixa o útero materno levando-o a suprir o corpo com o oxigênio necessário a sua sobrevivência uma vez que está sendo desligado da fonte que lhe abastecia de vida.

Observando a respiração  nos certificamos da capacidade de nossa mente de conduzir de forma plena todas as situações em que somos colocados. Ela mantém a vida fluindo em nós sem que precisemos pensar sobre ela, sem que possamos ter qualquer tipo de controle ou resistência em relação a ela. A respiração se impõe sobre nós automaticamente como fonte de vida. Nada se pode fazer para impedi-la de manter a vida fluindo em nós através do ar que entra e sai a cada ciclo.

Ela é a mantenedora da vida desde o início de nossa jornada e a última a ser desligada quando já não há mais vida em nossos corpos.

É natural que tenhamos vários desses “programas” em nós como parte de nossa natureza humana. Eu sempre digo que um dos programas mais perfeitos que existe é o que aqui chamaremos de “Programa Parto”. Ele é acionado diretamente na mente da mãe quando o bebê está pronto para iniciar sua trajetória fora do útero materno. 

Toda mulher que já passou por um parto consegue compreender que vivenciou este programa, mesmo sem ter conhecimento de suas etapas. Aquelas mulheres que ainda irão experimentá-lo, poderão identificar cada passo com total consciência depois de lerem o resto deste texto. 

Etapa 1 – A preparação

Mulher grávida limpando a casa

Quem é mãe ou quem esteve ao lado de uma mulher no  final da gravidez,  percebeu que em determinado momento a gestante começa uma arrumação repentina na casa, no quarto do bebê ou até mesmo reorganizando as roupinhas na gaveta. Este é o sinal que o programa foi acionado. 

Pois em seu estado natural a mulher realmente precisaria organizar um local confortável e seguro para parir. Logo após este início, o programa faz então com que seja liberado em seu sistema uma grande quantidade de ocitocina que, chegando ao útero, dará início às contratações.

A ocitocina é o hormônio do amor portanto o bebê estará sendo forçado a sair do útero por amor. 

Etapa 2 – Prazer e dor

Mulher tendo um parto

Logo depois, para amenizar as dores provocadas pelas contratações, o programa provoca a liberação de endorfina no sistema. Endorfina é o hormônio do prazer. A gestante começa a sentir, mesmo em meio à dor provocada pelas contratações, sensações genuínas de prazer, o que a ajuda no processo.

Quando  o bebê começa a sair do corpo materno, assim que passa pelo abertura vaginal, o programa promove a liberação imediata de adrenalina no sistema, principalmente na  região vaginal. Adrenalina é o hormônio do estado de prontidão. Ela é liberada para que a mulher, mesmo estando extenuada, fique em estado de alerta para proteger o bebê e também para que, quando a cabeça do bebê passar pela saída da vagina, receba uma descarga de adrenalina que o permita abrir os olhos para que possa fixar o olhar nos olhos da mãe.

Esta troca de olhares é fundamental para o bebê pois neste momento ele se reconecta com a mãe e sente-se protegido.

Etapa 3 – A placenta e o amor incondicional

Para completar o processo, o programa leva o corpo a expulsar a placenta pois no momento em que este composto intra-uterino passa pela abertura vaginal há a liberação imediata da maior quantidade de ocitocina que qualquer mulher já experimentou.

Esta liberação de ocitocina leva a jovem mãe a experimentar a emoção genuína do amor incondicional.

Neste momento, nem mesmo a dor que ainda persiste no corpo pelo processo, impedirá a jovem mãe de sentir amor e  ir às lágrimas sem nem mesmo saber o porquê . É um programa complexo que só pode ser comandado nesta perfeição devido ao potencial inimaginável que a mente possui.

Assim nos tornamos mães e começamos uma outra jornada que nos acompanhará por toda a vida sem possibilidade de retrocesso.

Etapa 4 – Apanhando o recém nascido no colo

Mulher depois do parto com filho no colo

Quando se pega o bebê no colo pela primeira vez ele está com a carga de adrenalina que recebeu ao sair de dentro da mãe e está assustado pelas novas sensações que está experimentando. A respiração se impôs pela primeira vez rompendo caminho através das narinas e de todo o aparelho respiratório. Isto lhe causa estranheza  e desconforto. 

Mas a mãe, com a saída da placenta, acabou de receber a maior quantidade de ocitocina que já  experimentou. Está impregnada com o hormônio do amor, então no momento em que o bebê é colocado no seu colo, e começa a sentir a pele da mãe, sente aconchego em seus braços e, como a mulher está imersa nesta carga de ocitocina, o bebê sente-se acolhido por este amor. Por isso se acalma imediatamente pois está substituindo a adrenalina por ocitocina.

Mãe e filho tornam-se novamente um só neste momento. O mesmo amor que o expulsou do útero o acolhe agora. O vínculo se forma e o amor impera nesta relação.

Etapa 5 – Levando o bebê pra casa

Mãe com bebê recém nascido

Depois de tantas emoções vivenciadas pelo “Programa Parto” o “Programa Mãe” começa a ser acionado.Mesmo que você seja uma mãe de primeira viagem e não tenha ninguém para acompanhá-la nos primeiros dias de cuidados com o bebê, fique tranquila, sua mente vai comandar a situação com maestria liberando todas as informações necessárias a essa nova etapa. 

O seu corpo está sendo adaptado para produzir o alimento necessário ao seu bebê e caso isto não aconteça você saberá buscar alternativas. Vocês foram um só durante muito tempo e isto lhe capacita a sentir as necessidades do bebê apenas observando suas reações. Fique atenta sim, mas ao mesmo tempo tranquila, sua mente lhe orientará melhor do que qualquer especialista.

Conclusão

Ser mãe é a mais complexa das missões que nós mulheres podemos vivenciar. Seja por uma opção consciente ou não, ela nos proporciona sensações e aprendizados ímpares. É tão ambígua quanto o parto, que mistura prazer e dor e ao mesmo tempo nos oferece a oportunidade  experimentar a sensação de receber a maior carga de amor de toda a nossa existência. 

Ser mãe é muito mais que uma experiência é uma oportunidade de alcançar a excelência do amor em toda a sua dimensão.

Como criar um filho sendo mãe solteira?

Mãe solteira recebendo beijo do filho

A vida de mãe solteira não é fácil. Todas nós sabemos disso. Sejamos mães solteiras ou não, somos muito compassivas umas com as outras. E as dificuldades indiferem se você é “mãe solteira” por:

  • Ter sido simplesmente abandonada pelo marido na criação dos filhos;
  • Ter preferido criar os filhos sozinha, isto é, ter “escolhido” ser solteira;
  • Ou mesmo por ser viúva ou ter feito feito uma “produção independente”.

Em todos os casos as dificuldades são as mesmas. E o problema aumenta ainda mais quando vemos que o conteúdo que existe disponível sobre o assunto da criação de filhos quase sempre espera uma relação entre: pai, mãe e filhos, o que dista muito da realidade da maioria das famílias hoje em dia.

Uma relação diferente

Mãe e filha alegres

Você pode estar se perguntando agora:

Tudo que tenho lido contempla um pai na relação e eu não tenho um marido ao meu lado. O que vai acontecer com o meu filho?

Tranquilize-se. Reflita. Você esteve presente desde os primeiros momentos do seu filho(a) portanto tem muita importância no contexto de vida dele e isto perdurará por muito tempo.

No primeiro estágio de vida, do nascimento até um ano e meio, a relação é entre a criança e a mãe, e até aproximadamente os dois anos a meio há ainda uma ligação muito forte entre mãe e filho mesmo estando presente agora a interação entre a criança e as demais figuras familiares, inclusive a figura paterna. 

Estamos falando aqui em figuras mas é preciso ter clareza  que o importante é que essas figuras exerçam seus papéis, suas funções. Existem famílias onde os pais são apenas figuras que transitam no seio familiar sem contudo exercerem suas funções paternas. Muitas mães, atualmente, também deixam a desejar quanto à sua função materna.

Se você é mãe e sozinha, entenda que isto não é motivo para desespero.

Talvez seja menos problemático para a criança do que ter ao seu lado a figura de um homem que não exerça sua função, e que por isso seja um mal exemplo para o seu filho e objeto de rejeição.

Existe mesmo essa coisa de pãe? (mãe que é na verdade pai e mãe)

Mãe solteira com filho no colo

Muitas mulheres hoje em dia se vêem obrigadas a sustentar este lugar . Trabalham fora e dentro de casa. Acompanham seus filhos em todas as atividades e são responsáveis por suprir suas necessidades. São protetoras e supridoras. São a mulher e o homem da casa, nos termos mais antigos. Sabemos que a medida em que a criança cresce deve internalizar as funções paterna e materna para torna-se adulta. So é adulto quem é capaz de ser pai e mãe de si mesmo. Saiba que essas funções podem, ambas, estar presentes em você. 

Já vimos mulheres afirmarem: eu fui pai e mãe dos meus filhos e hoje eles são motivo de orgulho. São boas pessoas, bons pais e bons filhos. Como isto foi possível? Simples, essas mulheres exerceram ambas as funções. A função materna de acolher e proteger seus filhos, sendo a ordem dentro do grupo familiar e,  ao mesmo tempo, a função paterna de prover e limitar, sendo a lei dentro desta família. 

A criança, uma vez que tinha sobre si ambas as funções, mesmo que exercidas por uma mesma figura, teve a possibilidade de internalizar as duas funções tornando-se capaz de ser pai e mãe de si mesma. 

A criança aprende pelo exemplo e se identifica pela admiração

Criança cozinhando com a mãe

A criança aprende pelo exemplo e, além de internalizar as funções das figuras paternas, irá se identificar com a figura que lhe for objeto de admiração. Se você cria os seus filhos sozinha  relaxe, ele vai escolher uma figura que lhe seja admirável para se espelhar e com a qual irá se identificar. Provavelmente uma figura que seja do mesmo sexo dele (a). Portanto, facilite sua convivência com pessoas que o inspirem positivamente. Pode ser os tios, avós  irmãos, cunhados, amigos, não importa. Você vai perceber esta identificação e deve simplesmente permitir que se concretize. 

Figuras negativas podem ser um problema

Grande família com várias figuras que podem servir de exemplo

Saiba que a admiração pode acontecer com uma figura tanto positiva quanto negativa pois a mente da criança ainda não tem  capacidade de discernimento entre o certo e o errado. Ela apenas observa quem é o mais forte e poderoso no contexto para se espelhar e se identificar. Então estará propensa a ter o mesmo comportamento da figura admirada.

Cabe a você oferecer a criança ambientes saudáveis com pessoas equilibradas.

Se a criança estiver em um ambiente onde a figura de poder e força ocupe este lugar  por meios ilícitos, ela poderá se identificar com esta pessoa e seguir os seus passos. 

O que fazer então?

Por isso é preciso que você esteja alerta e consciente de suas funções. Como função materna deve acolher a criança em suas dores e dúvidas e  proporcionar a ela um ambiente ordenado para levá-la  ordernar-se internamente. Como função paterna deve traçar as diretrizes por onde ela deve transitar e as regras as quais precisa se submeter.

Isto requer firmeza e equilíbrio pois ela ainda precisa obedecer sem contudo ser privada de ter opiniões e um mínimo de liberdade para conseguir discernir sobre os próprios caminhos.

E preciso ordem e disciplina, amor e liberdade. Você deve ser seu porto seguro onde ela possa se expressar  sem contudo ultrapassar os limites que separam os papéis exercidos. Portanto vale a afirmação: “instrui o  teu filho nos caminhos que deve andar e ele jamais se afastará deles”.

Seus filhos estão muito distantes de você? Saiba o porquê e como aproximá-los novamente

Que o ser humano é um ente complexo todos nós sabemos. Mesmo os bebês e crianças, ainda tão pequenos e com pouco aprendizado sobre o mundo, são seres extremamente complexos e inteiros, com suas características, pensamentos e o mais importante: com sentimentos particulares e únicos.

Toda essa unicidade humana permite também algo único de nossa espécie: as pessoas podem se ligar umas às outras, se compreender, se sentir. Por mais que as ligações mentais possam ocorrer, a verdade é que

a única coisa que pode ligar verdadeiramente uma pessoa à outra são os sentimentos criados entre elas, ou seja, os vínculos que partilham e que desenvolvem em conjunto.

Existe um momento melhor para criar laços com meu filho ou filha?

Isso é assim para todos os seres humanos, sejam amigos, namorados, conhecidos ou colegas de trabalho. Saiba que entre mães e filhos não é diferente. Por mais que exista uma ligação biológica forte, esses laços precisam ser criados e desenvolvidos. O que nem todas as mães sabem é que há um momento ideal para o desenvolvimento inicial desses laços:

precisam ser criados quando a criança está desenvolvendo sua personalidade, ou seja, nos sete primeiros anos de sua vida. 

Crianças e pais brincando

Os laços que se criam nesta época são muito fortes. Eles têm um potencial enorme de criar vínculos profundos entre mãe e filhos. Perdemos nossos filhos quando deixamos escapar esta grande oportunidade. E aí ocorre um grande erro que a maioria das mães cometem: perdem a melhor época do relacionamento para se ligar emocionalmente aos seus filhos.

Se você conseguiu criar laços de afeto nesta época isto é ótimo, se não conseguiu saiba que ainda existe a oportunidade de fazê-lo, mas é preciso que você aprenda que vínculos são completamente diferentes de dependência.

Crie vínculos, não dependência

Mãe alimentando o filho enquanto o filho utiliza o celular

Muitos pais acham que criaram laços com seus filhos quando na verdade criaram dependência. Você provavelmente deve estar se perguntando agora: mas qual é a diferença entre eles? Como faço para criar vínculos e não dependência?

Eu respondo: vínculos são criados com afeto, dependência com cuidados. 

Muitas mães são extremamente cuidadosas e acham que são boas mães somente por:

  • Darem tudo o que os filhos querem;
  • Cuidar de suas roupas com perfeição e zêlo;
  • Dar banho e deixá-lo sempre limpinho;
  • Comprar os alimentos mais caros e lhes dar de comer “do bom e do melhor”.

E perdem a oportunidade de se ligar aos filhos mesmo tendo-os ao seu lado e se achando a melhor mãe do mundo. Companhia não é o mesmo que presença. Apenas o cuidado não cria vínculos, é preciso distribuir afeto. E o afeto gera a relação de intensidade que precisa existir entre mãe e filhos.

Filhos sem vínculos permanecem ao lado dos pais por dependência financeira ou psicólogica mas não por prazer, e por vontade.

Muitas mães perderam seus filhos nos pequenos momentos da rotina diária, quando pensaram que cumprir suas “obrigações” para com eles era o suficiente, que isso preencheria todas as necessidades dos filhos. Assim, essas mães oferecem tudo que o filho precisava  mas não o que ele verdadeiramente necessitava. Consegue perceber a diferença? É muito simples: o que a criança precisa pode ser comprado o que ela necessita não.

Mãe comprando coisas para a filha

Podemos comprar um brinquedo para uma criança mas não podemos comprar a sua capacidade de brincar e se divertir com ele. Podemos comprar roupas para ela no inverno mas não podemos comprar o calor para aquecê-la. Portanto, podemos fazer com que dependam de nós, mas não podemos fazer o mesmo com os vínculos.

Vínculos são criados com afeto, com entrega!

Mãe vinculada à filha

Na vida cotidiana e, é claro, em meu consultório, observo triste  mães cuidando dos filhos sem afeto, sem o aprofundamento na relação necessário e inerente à maternidade, e o grande problema é que os vínculos só são criados quando entregamos ao outro o que está além do necessário. 

É preciso que haja presença, o que é muito diferente de estar fisicamente presente. Presença nos momentos juntos só existe se houver afeto e o afeto só acontece se você estiver focada naquele momento. Se você estiver com seu filho com a mente em outro lugar, você não está presente. É preciso que você entenda isto pois um minuto de presença efetiva vale mais do que horas de estar apenas presente ao lado dele. Presença genuína se traduz em afeto nos momentos rotineiros. O afeto está presente durante o banho, em cada toque, na companhia verdadeira durante as refeições, em cada palavra dita com carinho. E dedicação que vai além do medo de errar e do medo de não corresponder às expectativas que você criou sobre si mesma e que pensa que os outros têm sobre você. 

Muitas mães colocam seus filhos para almoçar diante de uma mesa farta e os deixam ali, se alimentando sozinhos tendo a TV ou o celular por companhia, enquanto se dedicam a coisas que consideram mais importantes. Este é um dos maiores erros que podem cometer. Este  momento é indispensável para a criação de vínculos com seus filhos.

Dê valor ao momento de alimentação

Criança na mesa com pai ocupado

O momento da alimentação é importantíssimo. É um momento que aguça os sentidos  mais profundos da criança e ela precisa se sentir acolhida. Precisa de companhia genuína. Ela está completamente aberta ao prazer naquele instante pois seus sentidos estão a postos. O paladar, a visão, o olfato e o tato estão sendo estimulados ao mesmo tempo o que corrobora para criar memórias na mente dela. Por estar com os sentidos estimulados, seu senso crítico está rebaixado, a audição está livre, assim o que  é dito a ela tende a cristalizar-se em memórias mais facilmente. 

Este é o momento propício para lhe passar valores e não criticá-la ou expor suas falhas. É um momento em que memórias serão fixadas fortemente em sua mente. Se estas memórias são de convivência, de presença dos pais, vínculos fortes serão criados. Quando esses momentos são negligenciados perde-se uma das maiores oportunidades de criação de vínculos. Os vínculos criados nesses momentos são tão fortes que se tornam âncoras em suas mentes. Âncoras são memórias tão intensas que são acionadas pelos nossos sentidos sem que tenhamos controle sobre elas. 

Quem nunca se lembrou da casa da avó ao sentir aquele cheiro de bolo no ar ou da comida que ela fazia quando você ia visitá-la? Esta memória se transformou em uma âncora que leva você a este momento sempre que estimulada. As memórias que vinculam mães e filhos precisam ser positivas e fortes o suficiente para não deixar dentro delas abismos pela sua falta ou dores pela sua negatividade.

Ligue-se ao seu filho pelos momentos positivos, esteja presente

Pais e filho em um picnic

Somente criando vínculos na infância teremos nossos filhos ligados a nós por sentimentos positivos. As emoções vivenciadas nestes momentos serão a base dos sentimentos futuros que irão unir pais e filhos. Nada pode substituir tais memórias.

Boas memórias só se criam com bons momentos, bons momentos só existem se houver afeto, afeto só existe se houver presença.

Momentos perfeitos são ilusões que criamos com nossa mente limitada dentro da nossa capacidade humana, onde o perfeito se resume a momentos onde podemos dar tudo que o nosso filho quer. 

Quando permitimos que ele compre o que ele deseja no shopping, peça os sanduíches mais caros mesmo sem ter fome e depois nos sentamos a mesa lado a lado, cada qual com seu smartphone, destroem-se os laços. Estamos juntos mas não estamos presentes. Estamos em mundo diferentes, sem afeto.

Nos o vemos mas não nos enxergamos. Eles se afastam porque não há vínculos entre eles e os pais. Eles sentem-se cuidados mas não amados. Se alimenta mas continua faminto de afeto. 

Conclusão

Mãe ensinando ao filho

Ser mãe sem a clareza do que significa presença exige muito de nós. Ser mãe com esta compreensão nos liberta da culpa de nossas ausências naturais e obrigatórias. Nos liberta da necessidade de criarmos situações para estarmos a maior parte do tempo ao lado dos nossos filhos. Hoje a maioria das mães têm suas jornadas de trabalho e se culpam por estarem fora por grandes períodos. Fiquem tranquilas pois vocês podem transformar as poucas horas ao lado dos seus  filhos em presença genuína que vai estar na memória deles com tamanha grandeza que nada poderá abalar este vínculo entre vocês. Lembre-se: esteja presente todo o tempo em que estiver ao lado dos seus filhos.

Como errar menos com nossos filhos de 0 a 14 anos

Sou psicanalista, terapeuta e hipnoterapeuta, mas quando me perguntam minha profissão sempre respondo em conjunto: sou mãe! Isso porque esta é a tarefa mais difícil entre todas que eu já realizei e me orgulho profundamente da mãe que sou, apesar de saber que cometi muitos erros, que são naturais no processo. 

Este orgulho surge naturalmente, entretanto isso não faz com que eu deixe de lado o que sinto, senti e vivi na criação deles e é disso que quero falar aqui hoje.

A verdade é que os sentimentos em relação aos nossos filhos são tantos que muitas vezes não sabemos exatamente o tamanho desse amor que sentimos.

Também não aceitamos aqueles sentimentos escondidos que surgem e que precisamos aprender a aceitá-los para trabalhar com eles e tirar o melhor de nós e de nossos filhos. Vou descrever alguns desses sentimentos agora.

5 sentimentos que escondemos em relação a nossos filhos

Pare um pouco, veja se algum desses sentimentos nunca ocorreu com você… você olha para o seu filho e sente:

MEDO 

Mulher com medo de errar em relação ao filho

Do que está vivendo, do futuro, medo de errar. Saiba que esses são sentimentos comuns a toda mãe, você não está sozinha. Neste caso é um sentimento tão comum que às vezes nem temos vergonha de compartilhar com outras pessoas, nem sempre fica tão escondido.

ARREPENDIMENTO 

Mulher com arrependimento de ter tido o filho

Muitas vezes nos sentimos arrependidas até mesmo de termos parido nosso filho. É difícil admitir, mas ambas sabemos que é verdade. Lembramos do quanto éramos livres antes do seu nascimento:

  • Do quanto a vida era mais fácil e menos dispendiosa;
  • Do quanto tínhamos tempo para nós mesmas;
  • Dos sonhos que tínhamos e queríamos seguir.

Escondemos esse sentimento porque ele faz com que nos sintamos mal, nos sintamos não adequadas para o que a sociedade espera de nós. É natural que este sentimento escondido faça-nos sentir tão mal e não nos sintamos no direito de compartilhar que lá no fundo há um pouquinho de arrependimento.

RAIVA 

Mulher com raiva

Em certos momentos sentimos raiva. Raiva genuína de onde às vezes até brota alguma agressividade. Nos sentimos horríveis por achar que somos as únicas a termos tal sentimento, afinal, nossas amigas sempre nos dizem que só sentem amor, e esta pequena mentira que elas contam acaba nos condenando ao lugar de péssima mãe, numa análise que vem de dentro de nós mesmas. Então nos protegemos atrás de comportamentos amorosos e seguimos com nossa culpa. 

CIÚMES 

Mulher com ciúmes do filho

Porque todos olhos que te viam já não te enxergam mais. Estão voltados para a criança. Seu marido, amigos e familiares a enxergam sempre antes de você. Você quer ser vista com a importância que tinha antes, o que não é possível mais. Isto é a raiz do ciúme, e você pode até começar a direcionar um pouco de agressividade para aqueles que antes tinham muito mais olhos para você. Sem compreender a normalidade desses sentimentos, você segue sem saber o que fazer e sentindo-se ridícula e infantil por ter esse tipo de sentimento.

DECEPÇÃO

Mulher com decepção em relação ao filho

Afinal, a criança sempre é diferente daquilo que sonhamos e planejamos. Nunca é exatamente o resultado da nossa expectativa. Daí, surge uma pequena inveja do filho da minha amiga, lindo e tão perfeito mas que só o é porque o vemos em poucos momentos. Desta comparação surge um pensamento:

“Opa! Mas este que é o meu filho e eu tenho que amá-lo como é.”

E surge mais uma vez a culpa. Que agora pode desencadear uma pequena revolta. Da revolta com nossa expectativa e da culpa por sentí-la, surge a necessidade de dedicação genuína a esta missão que nos foi dada, a missão de mãe.

NÃO SABE O QUE SENTE? 

São “emoções‘’ entre amor e raiva, querer e não querer, proximidade e distância, carinho e rejeição, é tudo e nada ao mesmo tempo. Então você se perde nessa quantidade enorme de sentimentos não compreendidos e o único papel em que se encontra é o de mãe! Esquece-se de todos os outros papéis:

  • Filha;
  • Mulher;
  • Esposa;
  • Amiga.

E concentra-se em apenas um, fazendo de tudo sem medir esforços, e segue se obrigando a ser a melhor mãe que conseguir, cumprindo todas as expectativas que estão sobre você, enfrentando a tudo e a todos em defesa deste filho.

Mulher com filho desobediente

Então você pára e olha e percebe que precisa lidar com um filho:

  1. Que chora muito e não te dá espaço;
  2. Que não vai bem na escola;
  3. Que briga muito com os irmãos;
  4. Que não lhe obedece;
  5. Que é diferente do que você sonhou.

Aí você se pergunta: onde foi que eu errei?

Onde foi que errei?

Você não está sozinha. Todas nós erramos, erramos feio, erramos muito. Mas sabemos que tudo que fizemos foi tentando acertar pois fomos guiadas pelo desejo de vê-los felizes. O nosso problema é que não nos ensinaram que o “amor’’ liberta, e a verdade é que ele também aprisiona.

Se você estiver no início da jornada pode aprender a errar menos. Se já fez este caminho pode entender onde e porque errou e criar condições para minimizar as consequências destes erros, tomando atitudes acertadas no presente. Para isto é preciso que entendamos que o ser humano evolui em ciclos. Hoje vamos falar dos dois primeiros ciclos, de 0 a 14 anos, e eu vou dividi-los aqui em outros menores para explicar melhor e te dar dicas de como lidar com seu filho em cada fase.

Fase 1 – Do parto a um ano e meio

Criança de 0 a 1 ano e meio

A criança só deseja. Desejar é o sentimento que nos leva a nos livrarmos de tudo aquilo que nos incomoda e nos causa dor. O prazer nada mais é do que livrar-se desse incômodo. Nesta fase… Ler mais>>

Fase 2 – De um ano e meio aos 3 anos e meio

Menino de 3 anos

É o ciclo o mais importante, pois neste período a personalidade está se moldando de acordo com as memórias que estão sendo fixadas em sua mente. A interação pais e filhos será fundamental… Ler mais>>

Fase 3 – De 3 anos e meio aos 7 anos

Menina de 5 anos

Neste período a introjeção das funções paterna e materna tende a consolidar-se. A criança ainda estará tentando ocupar mais espaço e ampliar seus limites… Ler mais>>

Fase 4  – De 7 anos e meio aos 14 anos

Crianças de 11 a 12 anos

Neste ciclo a criança precisa ter internalizado as funções materna e paterna, pois se encontrará em situações onde não terá a presença dos pais para direcioná-la… Ler mais>>

Conclusão

Em qualquer período em que seu filho esteja e precise de ajuda, há sempre caminhos que você pode trilhar para chegar até ele. Porém, estes caminhos devem levar você ao encontro da criança negligenciada ou mimada dentro dele. É esta criança que precisa de cura. É esta criança que precisa de você e somente ela vai aceitar a sua ajuda. Você pode aprender a reconhecer esta criança observando as características físicas e comportamentais do seu filho ou filha. Ao encontrar a criança você poderá  supri-la apenas com o que faltou sem excessos, sem exageros. 

Pais carinhosos com os filhos

A falta desta clareza leva muitos pais a se perderem, sucumbindo às exigências dos filhos ao invés de suprir as necessidades que não foram supridas no momento oportuno.

Eles não conseguem perceber que o que faltou na verdade foram limites, foi um não firme e bem colocado; e assim continuam dizendo “sim” às suas  exigências. Não percebem que foram cuidadosos mas não foram amorosos, que criaram laços com seus filhos mas não criaram vínculos. Laços criam dependência, vínculos fazem nascer o amor.

Como errar menos com filhos de 1 ano e meio aos 3 anos e meio

Menino de 3 anos

Como é a criança

É o ciclo o mais importante, pois neste período a personalidade está se moldando de acordo com as memórias que estão sendo fixadas em sua mente. A interação pais e filhos será fundamental para o seu futuro. Temos ciência, é claro, que antes destes estágios, a criança interage com a mãe, sente o que ela sente e recebe tudo que ela lhe oferece, seja bom ou ruim. A criança precisa de energia para sustentar-se. Quando a mãe está bem o útero fica cheio de energia, e naturalmente quando está mal o útero fica sem energia e se contrai, tornando-se um lugar não tão confortável para a criança. 

O bebê fica apertado e sem energia, e este padrão de energia que recebe durante a gestação irá acompanhá-lo vida afora, como tudo o que vivemos e fica marcado em nós. Mas isto não é um ponto para desespero e para gerar um ultra-cuidado com seus filhos. Ame e cuide sem exageros, você deve suprir as necessidades do seu filho ou filha e não ele ou ela a sua de realização. Não o sufoque com um amor que seja intenso demais, pois um amor trabalhado desta maneira pode se transformar muito mais em um pseudo-amor do que um amor verdadeiro.

Criança com pais felizes

Neste estágio também é o momento que a criança percebe que tem controle sobre algo que é seu, ela aprende que pode controlar as fezes. Sabe quando você chega em um lugar e vê uma mãe com uma criança no banheiro, tentando fazer com que ele desfralde? A criança fica no banheiro horas com a mãe e não faz e assim que a mãe desiste e coloca uma fralda ela enche a fralda? Pois é, esta é uma manifestação deste controle por parte da criança. É a criança sentindo que tem vontade sobre algo que é dela. É a criança se sentindo um sujeito pelas primeiras vezes, sentindo que tem sua própria vontade e que tem um pouco de controle sobre a vontade da mãe.

Criança desfraldamento

Por conta do surgimento desta vontade, o período de desfraldamento é uma fase muito delicada, onde o equilíbrio deve prevalecer, pois se houver muita pressão ou muita permissividade, o bebê será prejudicado. A criança deve entender que pode ajustar o controle que tem sobre seu “produto” com o interesse da mãe. 

Simultaneamente a criança também está percebendo que há outra pessoa nesse sistema familiar: o pai. Ela começa a se afastar da mãe e se aproximar do pai. Ao contrário do que muitas mães podem sentir neste período, a aproximação com o pai é um sinal positivo, sinal de que o desenvolvimento do bebê está ocorrendo de forma satisfatória. O problema é que, sem compreender isto muito bem, muitas mães se sentem nesta fase abandonadas e injustiçadas. Afinal, quem carregou este bebê por tanto tempo? Quem dá de mamar? Quem dá tudo o que ele precisa e ainda assim a criança fica querendo o pai toda hora? Isso não é justo, certo? Errado, é justo sim. Você não deve pensar assim.

Criança alegre com o pai

O que fazer

Entenda que você não está perdendo o amor da criança. Não tente prendê-la a você pois fatalmente fará com que ela regrida ao estágio onde só havia mãe e filho, com que seu desenvolvimento fique parado numa fase anterior, e isso pode comprometer o seu desenvolvimento por toda a vida. Facilite que o pai exerça a função paterna. Saiba que estará adoecendo a criança com pequenas colocações e proibições como:

‘’Seu pai é bobo! A mamãe quem sabe cuidar de você!” ou“Seu pai não sabe de nada, fica com a mamãe.” 

Deixe de lado ideias ilusórias de que a criança só será protegida se estiver com a mãe, impedindo o pai de sair com a criança na justificativa de que ele não cuidará dela. Você estará ensinando a criança que a figura paterna é fraca, não é amada e não merece respeito. A criança entenderá que o diferente dela, neste momento o pai não merecer ser amado e respeitado. A semente dos preconceitos nasce desta dinâmica criando raízes profundas na mente da criança de  que o diferente dela é fraco portanto não merece ser amado  e respeitado. Mais tarde você talvez irá se perguntar porque seu filho não aceita algumas pessoas por terem traços, cor da pele, ideias ou opções diferentes das dele e não encontrará respostas.

É preciso concordância também entre os pais na hora de impor limites a criança.

É preciso ficar claro que: “Não é não”, independente de quem vem. Não se pode haver um pai que fala não e a mãe diz sim para a mesma coisa, ou mesmo o reverso. Este é um grande erro que os casais cometem. 

Pais permissivos demais, filho sem limites.

Neste momento amar é impor limites. O maior erro dos pais, aqui, é que por medo de traumatizar a criança, tornam-se permissivos. Isso fará surgir na criança um sentimento de onipotência, tornando-a agressiva, controladora e sem limites.Ela lançará mão de todos os recursos que possui para experimentar o prazer de ter suas vontades satisfeitas. Pirraças, gritos, mordidas, agressões aos pais, xixi e cocô na roupa serão cada vez mais comuns se não houver limites.

Mães e pais precisam ser firmes e coerentes: “Sim é sim! Não é não!”

Se houver entre eles uma disputa pelo amor do filho, a criança perceberá e se tornará um oponente doentio de ambos. Ela usará de todos os recursos sem qualquer escrúpulo para dominá-los pois nesta fase a criança ainda não é capaz de sentir culpa ou empatia. Conduzir bem esse período é necessário para que, quando se tornar adulta, tenha respeito à figuras de autoridade e poder (pais, avós, professores, etc), controle financeiro e capacidade de agir com maturidade.

Como errar menos com filhos do parto a 1 ano e meio

Criança de 0 a 1 ano e meio

Como é a criança

A criança só deseja. Desejar é o sentimento que nos leva a nos livrarmos de tudo aquilo que nos incomoda e nos causa dor. O prazer nada mais é do que livrar-se desse incômodo.

Nesta fase, a criança deseja alimento e proteção.

A mãe é responsável em suprir todas as suas necessidades, e ela sente-se amada e ligada à mãe como parte dela, como ainda era dentro do útero. É natural já que esta é a primeira fase, logo após ela nascer e fazer parte deste mundo completamente novo para ela.

O que fazer

Nesta fase a criança ainda não tem noção de ser alguém separado da mãe, mas você tem esta clareza e precisa ajudá-la a perceber que agora não é mais parte de você. Fique tranquila e observe as necessidades da criança. Ela irá sinalizar sempre que tiver algum incômodo.

Você precisa permitir que ela entre em contato com as próprias necessidades. Espere os sinais, não ofereça a ela o que e quando você acha que ela precisa de algo.

Amamentação: as 5 maiores dificuldades das mães (e como resolvê ...

Quando você dá a ela o que ela não necessita, estará impedindo que ela entre em contato com suas vontades e desejos, mantendo uma relação similar àquela quando o bebê ainda era uma parte de você, estava em seu útero.

Somente entrando em contato com seus desejos e vontades a criança pode se reconhecer como alguém completo e não uma parte de outra pessoa.

Por sentir-se ainda ligada à mãe, muitas vezes ela vai chorar quando você se afastar. Você deve acalmá-la e recolocá-la no berço ou no carrinho para que aprenda que pode se sentir tranquila e protegida longe do seu corpo. Esteja atenta mas não sufoque a criança pela necessidade que você tem dela. Lembre-se que as necessidades da criança que precisam ser atendidas e não as suas. Aprender a se sentir completa é a necessidade básica dela agora. Ela precisa de aconchego, cuidados e afeto mas também precisa de espaço para adaptar-se ao mundo que existe além de você. 

Bebê chorando

Não se esqueça de que você também precisa aprender a ser mãe de alguém fora de você. Não tente fazer da criança uma parte sua novamente. Não a torne completamente dependente de você. Ela ainda precisa de você mas já sobrevive sem você. Isto parece ruim mas é libertador, e te dá a certeza de que a primeira etapa da maternidade foi vencida, que à criança foram dadas as condições de desenvolver-se dentro de você, de se tornar um corpo no seu corpo. Agora ela está em seus braços e precisa de espaço para desenvolver-se fora do útero. 

O cordão umbilical foi rompido. Isto não significa que a sua importância diminuiu, pelo contrário, você agora é a fonte que lhe proporciona prazer. Dentro da psicanálise chamamos este período de fase oral, porque a criança experimenta as sensações de prazer e afeto pela boca através da alimentação. Você é a fonte de tudo que ela precisa agora. Aconchegue-a durante as mamadas mesmo que seja com a mamadeira porque

ela não estará se alimentando apenas do leite, estará absorvendo afeto, carinho e amor.

Bebê dormindo na barriga da mãe

Olhe-a sempre nos olhos porque os olhos falam sem palavras. Toque-a com delicadeza. Aproveite todos os momentos para criar vínculos com ela fazendo com que se sinta saciada e protegida mas permita que ela tenha liberdade e um ambiente fora do seu colo para que aprenda que existe além de você. 

Em resumo, neste estágio é preciso que você fique tranquila e aberta aos desejos da criança, ela sempre irá dar sinais quando tiver qualquer incômodo ou quiser se alimentar. Espere os sinais, não force as mamadas, não ofereça além do que ela necessita, pois você irá forçá-la a receber energia em excesso. Sempre que ela precisar de você ela irá se manifestar. Ela não tem noção de ser um ‘’ser separado’’ de você, mas você tem essa clareza. Você ainda é completa apenas tem uma nova função: ser mãe!