Saiba identificar quando um adolescente precisa da ajuda profissional

Adolescente triste com as mãos na cabeça

Nossos adolescentes têm vivido tempos difíceis. Estão envolvidos em uma competição sem precedentes onde não há chances de vitória. Se nas gerações anteriores nos comparávamos aos filhos dos vizinhos e amigos da escola, hoje eles se comparam com adolescentes ao redor de todo o mundo. Saiba que isso é desesperador e os deixa sem chão.

Navegam pelas redes se nivelando a pessoas irreais em situações perfeitas, dentro de um padrão de beleza inexistente. O momento social que o mundo vive tem levado nossos rapazes e moças a quadros de ansiedade e depressão como nunca se viu antes. Eles estão vivendo um tempo de transição física e mental dentro de um mundo de padronização em todos os campos. Enquanto isso, nós (os pais) estamos nos despindo de aspectos importantes na educação dos filhos, o que tem contribuído para desequilibrá-los ainda mais.

Temos diminuído o número de rituais, mas eles são importantes

Adolescente com cara pintada

Os rituais sinalizam que um ciclo está se fechando para que se inicie outro. Hoje tudo é padronizado e continuado, até a educação se tornou continuada. Antes tínhamos o jardim de infância, o período da primeira a quarta série, o primeiro grau, o segundo grau, depois vinha o e vestibular e faculdade. Eram períodos bem marcados. A medida em que a criança se desenvolvia, ia paralelamente vencendo etapas para alcançar um novo ciclo. Haviam comemorações que marcavam os momentos de transição. Mesmo entre os próprios adolescentes haviam brincadeiras específicas para cada época. Até participar de determinadas diversões era uma conquista que só se obtinha em determinada idade. Vários desses ritos não existem mais ou não são comuns.

A importância do processo educacional anterior residia no fato de a criança perceber, dentro do  fluxo, que estava crescendo, ficando mais velha porque já havia concluído determinado período e foi ela a responsável pelo seu progresso. Foi ela quem trilhou o caminho. A educação continuada com a obrigatoriedade de aprovação, juntamente com o desapego aos ritos e às tradições quebraram esta possibilidade. Tudo isso tem removido dos nossos filhos a possibilidade de compreender em que fase estão e como chegaram até ela. Talvez não tenhamos percebido o impacto destas mudanças, mas afirmo a vocês que é imenso.

É preciso deixar que os adolescentes se frustrem

Adolescente frustrada.

Juntamente com a remoção dos ritos, surgiu uma lógica de criação de filhos que retira de seus caminhos qualquer possibilidade de sofrimento. É como se fossem criados em redomas, para experienciar um mundo perfeito, onde são perfeitos, não erram e nada de mal pode lhes acontecer. É preciso dizer abruptamente para os pais: esse mundo não existe e o fato de fingirmos sua existência tem feito muito mal aos jovens.

Buscamos minimizar o impacto das frustrações sobre nossos adolescentes sem levarmos em conta que a frustração é necessária para o amadurecimento. 

Amadurecer é aprender lidar com as decepções. É aprender a evitar que elas aconteçam por meio do esforço pessoal. Assim as vitórias e conquistas passam a possuir um valor maior, pois houve um empenho para que ocorressem.

A cada conquista, a cada vitória reconhecemos os nossos valores. Aquele que não amadurece sua capacidade de lidar com as frustrações dentro dessa premissa, tentará outros meios para superá-las. Um deles já é comum entre nossos adolescentes: o uso de drogas.

Nossos jovens estão buscando aceitação, não por um grupo restrito como no passado, mas por um grupo que ultrapassa todas as fronteiras, estampando um sucesso ilusório e fútil cujos valores são “ter” e “ser igual“. Não nas roupas ou estilo apenas, mas nos rostos, nos corpos, nas características, no jeito de lidar com a vida. Viver assim os tem levado ao adoecimento, por isso vemos um número alarmante de púberes tomando doses cavalares de medicação psiquiátrica. Precisamos rever nossos conceitos de criação de filhos, precisamos aprender a enxergar quando nossos filhos precisam de ajuda.

Os sinais de que eles precisam de ajuda 

Adolescente recebendo ajuda da mãe

Se formos capazes de perceber os sinais que eles nos dão poderemos ajudá-los. Observar e oferecer presença genuína com atenção plena é o que fará a diferença:

  • Se eles se mantiverem em seu quarto o tempo todo pode ser sinal de dificuldade de socialização;
  • Se não convivem com amigos da mesma idade e sim com amigos de idades muito acima ou abaixo das suas, fique atento pois em ambos os casos é sinal de desajuste;
  • Se evitam ou se negam conversar com os pais ou familiares podem estar se sentindo excluídos;
  • Se estiverem se machucando fisicamente é um sinal de que estão experimentando uma dor tão profunda que somente uma dor física pode aliviá-la;
  • Observe as companhias e os hábitos; muito sono e dispersão pode estar relacionado ao uso de maconha;
  • Agitação e bem estar seguida de angústia e desespero, ao uso de anfetaminas;
  • Falta de apetite e de sono sem causa aparente, olhar perdido, comportamento agressivo, nariz irritado, pode se associar ao uso de cocaína;
  • A agressividade pode ser também sinal de depressão. Eles podem ficar agressivos por não saber lidar com algumas emoções como a tristeza.

Todos os pais precisam de ajuda, mas poucos admitem

Adolescência é período de transformações e conflitos, não de tristeza e ansiedade. Se você observar algum desses sinais em seu filho, fique atenta e procure ajuda profissional. Um profissional competente ajudará seu filho e conhecer e reconhecer suas limitações e enxergá-las apenas como características pessoais que podem ser usadas positivamente. Vai ajudá-lo a perceber o seu próprio valor o que lhe devolverá o equilíbrio, a paz e auto confiança.

Admitir que precisamos de ajuda é um enorme sinal de amor em relação aos nossos filhos, é sinal de sabedoria, não de limitação.

Saiba identificar quando uma criança precisa da ajuda de um profissional

Criança recebendo ajuda de um psicoterapeuta

Uma cena bastante comum

O objetivo de todos nós era apenas comprar algumas delícias para o café da tarde. Aquela padaria era uma das melhores opções. Andávamos pelos corredores observando o que mais nos agradava, entre coisas saudáveis e não saudáveis, fascinados pelos cheiros e cores que nos seduziam. 

De repente uma criança, entre seus três ou quatro anos de idade, tirou completamente a paz do lugar. Com choro estridente, tentava agredir a uma jovem mãe que se encontrava na fila do caixa. Aos berros dizia: “eu quero! me dá! feia! nojenta. Eu vou comprar outra mãe, não gosto mais de você.”

O rosto da jovem ficou pálido, uma mistura de vergonha e desespero transformaram o seu semblante. Com muita dificuldade ela conseguiu pagar as compras e caminhar para o carro estacionado em frente ao estabelecimento, sendo puxada e arranhada pelo filho aos prantos. 

Criança fazendo birra no estacionamento

Quando cheguei à calçada vi a criança ainda do lado de fora do carro se negando a entrar, sapateando e gritando. A jovem mãe permanecia de pé ao lado do carro, já nem insistia para que o pequeno entrasse. Estava debruçada sobre o teto do veículo, com a cabeça baixa, apenas observando a criança com o olhar fixo em total exaustão.

Meu olhar de terapeuta me permitiu ver imediatamente que aquela criança precisava de ajuda.

Os sinais de que a criança pode precisar de ajuda

Quando falamos em crianças, a primeira coisa que precisamos entender é que elas ainda não são capazes de decidir sobre suas ações e escolhas, portanto precisam ser direcionadas. Elas ainda não têm o superego formado, ou seja, não têm dentro de si a capacidade psíquica de impor a si mesmas os limites necessários à vida em sociedade. Esta limitação precisa vir de fora para dentro, dos adultos que a educam. Elas ainda não possuem a capacidade de se colocarem no lugar do outro, não desenvolveram empatia suficiente para frear a sua busca por satisfação. Se você vir crianças que apresentam os seguintes sinais:

  • Comportamento agressivo em relação aos pais, familiares e cuidadores;
  • Negar-se a comer o que lhe é dado, aceitando se alimentar somente com o que quer e onde quer, sem aceitar ficar à mesa ou no seu local de refeições;
  • Fazer pirraça por tudo que deseja com choros convulsivos e sem controle;
  • Negar-se a dormir nos horários determinados;
  • Se auto-agredir;
  • Agredir a outras crianças com frequência;
  • Regredir a idades anteriores adotando voz infantil, voltando a fazer xixi na cama e/ou a usar mamadeira novamente.

Não as julgue, muito menos julgue seus pais. São sinais de que precisam de ajuda de um profissional. 

Comportamento agressivo, pirraça constante, nega-se a comer aquilo que os pais oferecem 

Estes podem ser sinais de que limites não estão sendo colocados pelos pais e familiares. Quando a criança não recebe limites claros, contrariamente ao que o senso comum pode nos deixar pensar, ela não fica feliz ou empolgada com a possibilidade de fazer o que quer, pelo contrário, ela tende a adoecer psicologicamente pois vive sensações de profunda angústia porque seus impulsos não foram contidos. 

E é na busca por receber essa contenção que ela vai expandindo seus limites cada vez mais. É como se ela gritasse aos quatro cantos:

“Por favor, mãe, pai, tios, professores, parentes, alguém me contenha e me mostre como me devo me comportar, me ensine quais impulsos seguir e quais ignorar, eu preciso desses limites!”

Ela precisa de uma figura forte que lhe mostre os seus limites. Quando isto não acontece ela sofre, se angustia. Sem saber como lidar com esse sentimento torna-se cada vez mais agressiva e tirânica.

Adota comportamentos de idades anteriores, fazendo xixi na cama, voz infantil ou perdendo parte da autonomia já desenvolvida

Por mais impressionante que possa parecer, esses comportamentos normalmente não ocorrem porque “seu filho está se desenvolvendo mais lentamente do que outros”. Não! A causa está em outro ponto que é preciso trabalhar em conjunto com o psicoterapeuta:

A criança está buscando por atenção.

Há crianças que, mesmo depois de terem aprendido a comer com talheres, regridem e começam a comer com as mãos e fazer uma bagunça tremenda durante as refeições. Há pais que se desesperam, não sabem o que fazer. A resposta é simples: ela está clamando por limites o tempo todo. Claro que vem a pergunta: 

  • Quais limites? 
  • Em relação a quê?
  • Como colocar limites em uma criança que nunca os teve?
  • Que tipos de atitudes nós, como pais, temos que modificar?

Aqui se tem mais uma clareza da necessidade de ajuda, não só da criança mas também dos pais. Essas perguntas são respondidas em consultório, caso a caso. É um trabalho belíssimo feito entre terapeuta, criança e pais que faz com que conheçamos mais a nós mesmos como pais e nos aprofundemos nas necessidades de nossos filhos, sem extrapolarmos para além do necessário.

Criança chorosa, ansiosa e/ou que roe unhas, insegura

Contrariamente ao estado anterior, esses são traços de uma criança limitada em demasia. Ela pode também apresentar um comportamento agressivo mas apenas em alguns momentos e é comum observar um choro profundo e doído, diferente do choro da criança que busca por limites. Apresentará quadros constantes de ansiedade e muitas vezes concomitante com oncofagia (hábito de roer as unhas).

Poderá também se auto-agredir, porém o fará às escondidas pois esta auto-agressão não será para ser limitada ou chamar atenção, mas sim como um caminho de alívio de sua dor interna através da dor física.

Crianças criadas com muita rigidez recebem poucos elogios e muitas críticas. São cobradas o tempo todo e impedidas de usufruírem de suas vontades e satisfazerem seus menores desejos. Adoecem por falta de prazer e se limitam a limitar-se constantemente para serem aceitas. Quando isto se torna impossível os comportamentos falam por elas. 

O que podemos perceber nesses momentos é que elas estão na verdade deprimidas a tal ponto que derramam-se nesses comportamentos. É preciso ressaltar que os sinais de depressão nas crianças muitas vezes são diferentes da apatia que observamos nos adultos. Pode-se observar:

  • Agitação constante;
  • Agressividade contra os familiares e professores;
  • Auto-agressão;
  • Verborragia (crianças que falam demais);
  • Falar palavrões demasiadamente.

Mudança brusca de comportamento e humor, tristeza profunda

Esse tipo de comportamento pode ter uma causa mais séria. Observem bem os seus seus filhos. As crianças têm uma certa dinâmica comportamental que é constante. Lógico que há algumas variações de humor mas, elas logo voltam à sua “maneira natural de ser”. Elas têm o seu jeitinho que nós pais entendemos apreciamos e outras vezes desejamos modificar. Se a sua criança apresenta :

  • Mudança brusca de comportamento;
  • Mudança de humor;
  • Tristeza profunda.

Pode estar acontecendo algo sério com ela. Tente falar com ela e busque ajuda. Ela pode estar sofrendo algum tipo de abuso. Crianças em situações de abuso se fecham e entristecem porque sentem-se acuadas e culpadas. Procure ajuda de um profissional.

Choro aos finais de domingo ou antes de ir para a escola

Podem ser sinais típicos de crianças que estejam sofrendo bullying (assédio moral). Apresentará choro principalmente aos finais de domingo ou antes de ir para a escola. Poderá até mesmo sentir dores de barriga ou ter febre nesses momentos.

As crianças sempre nos darão sinais de seu sofrimento. O importante é estarmos atentos aos sinais e abertos inclusive a possibilidade de sermos nós, com nossos comportamentos equivocados, os responsáveis por seu adoecimento. Mais importante ainda é estarmos dispostos a mudar para que cresçam saudáveis e se tornem adultos felizes.

Todos os pais precisam de ajuda, mas são poucos os que admitem

Há uma necessidade íntima de acertarmos na criação dos nossos filhos em todos os campos. Ter filhos “perfeitos” é o objetivo por trás do nosso esforço, mas lá no fundo sabemos que isto é impossível.

Aceitarmos esta impossibilidade nos leva a uma sensação de impotência e derrota, por isto é tão difícil enxergarmos e principalmente admitirmos quando falhamos. Entretanto, precisamos entender que é impossível acertarmos sempre pois somos falhos por também termos tido pais que falharam em nossa formação, afinal a imperfeição está em todos nós. O importante não são as nossas ações, elas não são boas nem más o que as torna corretas são as intenções por trás delas. E nós sabemos que tudo que fazemos em relação aos nossos filhos, o fazemos com boas intenções.

Admitir que precisamos de ajuda é um enorme sinal de amor em relação aos nossos filhos, é sinal de sabedoria, não de limitação.

Conclusão

As análises que faço neste artigo são todas preliminares e têm o objetivo de dar luz aos pais de crianças que necessitam de ajuda. As situações reais são sempre mais complexas e podem envolver diversos tipos de aspectos em um caso apenas, por isso é sempre necessária uma análise clínica da criança na presença dos pais para que o auxílio venha da melhor forma possível e os resultados positivos no comportamento da criança sejam observados rapidamente. 

Aos pais que estejam vivendo essas situações, saibam que há sim uma luz no fim do túnel. A criança não é assim porque “tem uma psicologia própria e difícil” mas sim porque não recebeu ainda o auxílio necessário para tornar-se mais equilibrada, compassiva e capaz de vivenciar as realidades da vida.

Busquem ajuda profissional. No meu consultório tenho disponibilidade de horários especiais para crianças que precisam de ajuda, isso porque sou apaixonada por esse tipo de trabalho. Caso necessitem, entrem em contato comigo pelo Whatsapp clicando no próprio site. Caso não possam consultar comigo, tudo bem, mas não deixem de procurar o auxílio de um profissional capacitado, pois a mudança na vida da família é algo mágico quando há um trabalho psicoterapêutico bem feito com as crianças. Boa sorte!

Relacionamentos abusivos acontecem mais do que você imagina, saiba o porquê

Homem conversando com mulher de forma agressiva.

O ser humano é peça fundamental de qualquer sistema. Sofre pressões internas e externas, portanto está sempre agindo ou reagindo a essas pressões, mesmo que a omissão seja a sua escolha. Nossas ações e reações estão fundamentadas no desejo intrínseco à natureza humana de sermos superiores e dominantes em relação ao outro, por mais que isso seja difícil de admitir para muitos.

Nos relacionamentos isto perdura. Quando escolhemos alguém, somos guiados pela capacidade de concretização deste desejo. Essa relação nos oferece algo que, aos  nossos olhos, nos torna superiores.

O estranho é que o mesmo sentimento que nos leva a escolher com quem nos relacionamos é o que também nos faz permanecer em um relacionamento, mesmo que ele seja abusivo. 

Como surge um abusador?

Criança vivendo situação de pai abusivo em relação à mãe.

Quem deseja entender a razão da existência de um abusador, precisa compreender que o abuso só ocorre hoje porque lá atrás – nos primeiros anos de vida dos envolvidos, em seus relacionamentos familiares – houve uma vivência abusiva determinante em relação ao abusado e ao abusador. 

Alguém foi responsável pela formação do caráter que determina os comportamentos observados daquele que agride e do que se submete à agressão.

Ambos tiveram seu psiquismo comprometido devido a vivências de abuso. Foram observadores de situações abusivas de seus pais ou viveram o abuso em relação a si próprios.

Isto precisa ficar claro pois existem raríssimas exceções nestes contextos. 

Nenhum tipo de abuso deixará os envolvidos livres de sequelas. Crianças que vivenciam situações abusivas entre os pais desenvolvem comportamentos sintomáticos que lhes causarão sofrimentos muitas vezes vistos como inexplicáveis. Caso o abuso ocorra em relação a elas os sintomas serão ainda mais graves. Assim surgem as duas figuras: abusado e abusador.

Existem diferentes tipos de abuso

Mãe pressionando a filha a tocar um instrumento musical

Quando falamos em relacionamentos abusivos, logo traçamos um quadro mental de uma relação homem/mulher, quase sempre pensando em um marido abusivo que maltrata a esposa verbal ou a violenta fisicamente. Primeiramente é preciso desconstruir essa imagem, pois relacionamentos abusivos podem ocorrer em qualquer tipo de relação, até mesmo em amizades ou no trabalho. Quando se fala em crianças, alguns pais vêem como abuso somente agressões físicas ou sexuais, porém existem diversas outras formas de abuso tão prejudiciais quanto. 

Quando submeto uma criança a qualquer atividade que a prive de ser criança ela está sob abuso.

Muitos pais colocam os filhos em papéis incompatíveis com suas idades, transformando-os em pequenos adultos sem perceberem o mal que lhes causam. Darei alguns exemplos de situações que algumas pessoas podem considerar como “normais” mas que também se caracterizam em abuso:

  • Uma criança que é obrigada a cuidar dos irmãos, por exemplo, como se mãe deles fosse, está sofrendo abuso, pois terá sequelas psicológicas por toda a vida como consequência de ter queimado etapas. Esta é uma das piores formas de abuso e que passa despercebida a diversas mães; 
  • Transformar filhos em confidentes e ou parceiros ocupando o “lugar do homem” da casa também é abuso, a criança/adolescente não tem maturidade para este papel e também terá sequelas futuras;
  • Tentar se realizar através dos filhos guiando-os profissionalmente pelo nosso desejo destrói qualquer capacidade de realização que ele possa ter no futuro pois não terá prazer no que faz;
  • Transformar os filhos em eternas crianças pela presença impositiva como mães os leva ao não amadurecimento. Existem mulheres que continuam ocupando o lugar de mães na vida dos filhos mesmo quando já são adultos, não permitindo que eles se tornem adultos completos. Estão sempre presentes em suas vidas físicas ou psíquicas decidindo, opinando e direcionando suas escolhas. Elas os transformam em credores de uma dívida impagável pelo que  lhes ofereceram, pois o preço desta dívida é uma obediência velada disfarçada de gratidão. Perdem a consciência de que ser mãe é um papel limitado e finito que elas escolheram. Ele não teve opção de escolha e agora também não a tem. A única escolha que tem é ser filho e servil em tempo integral.  Ser filho eterno sobrepõe-se a todas as outras funções impedindo que ele amadureça. Isso também caracteriza abuso.

Filhos de relações assim terão suas vidas ceifadas e limitadas. Por mais que tentem, apenas conseguirão uma vida paralela e secundária. Jamais serão adultos o suficiente para livrarem-se da dependência a que são submetidos. O que resultará dessas relações será sempre um sofrimento, mesmo que não seja claro, porque ninguém pode ser feliz sob abuso.

O abusado porque se sente pressionado, o abusador porque não é amado. Pode ser temido ou tolerado mas jamais amado.

Concluindo

Primeiramente é importante que você aprenda a identificar as várias situações de abuso que estão ocorrendo ao seu redor, ou pior ainda, em que você participa como abusado ou abusador. O primeiro passo para a solução desses problemas é identificar, aceitar sua existência. Por mais que eu tenha dado alguns exemplos, saiba que as situações de abuso são tão diversas e  complexas que é preciso ficar atento e analisar em sua vida se em algum momento você se sente privada em sua liberdade de:

  • Ser mulher;
  • De fazer/não fazer sexo;
  • De trabalhar;
  • De encontrar amigos;
  • De cuidar dos filhos;
  • De ir e vir;
  • E diversos outras liberdades.

E em relação aos seus filhos, é preciso que você verifique sempre se os estão privando de:

  • Viver cada fase da vida com alegria;
  • De ser aquilo que são;
  • De namorar e conhecer outras pessoas;
  • De estar com os amigos;
  • De fazer as próprias escolhas por mais básicas que sejam;
  • Para as crianças, de brincar com liberdade;
  • De conhecer o próprio corpo;
  • Etc, etc, etc.

Portanto, se você está vivendo qualquer situação que lhe cause sofrimento observe quem o provoca e saiba que você pode decidir por fim a este sofrimento porque “nem toda forma de amor vale a pena”. Se você está causando dor a alguém, perceba que por trás de sua atitude existe um prazer não revelado que no futuro cobrará o seu preço em dor. Liberte-se e liberte quem quer que seja que esteja provocando ou recebendo sua infelicidade.

Amar é, em primeiro lugar, querer o bem do outro. Se for um amor em relação a nossos filhos, muitas vezes o bem deles fala mais alto até mesmo do que o nosso próprio.

Para esse amor se manifestar, precisamos dar-lhes a liberdade de que tanto necessitam. Se o que está oferecendo ou recebendo causa dor a você ou ao outro, então não é amor.

Você briga muito com seu marido? Saiba que isso pode afetar seus filhos de maneira irreversível!

Pais brigando enquanto filhos ouvem e estão tristes

Seu casamento está em crise? Ou é  uma crise perpétua em forma de casamento? Talvez você já nem saiba bem. É aquilo que muitas de nós já vivemos:

  • As discussões acontecem por qualquer motivo ou mesmo sem que eles existam;
  • O amor é algo ausente e mesmo assim o relacionamento persiste;
  • Você não sabe  porquê permanece nesta relação e também não sabe como pôr um fim a ela. 

Se em você o sofrimento é quase insuportável, imagine para o seu filho.

Eu sei que, se esse for o seu caso, você já não sente amor, admiração ou qualquer outro sentimento positivo pelo homem que você tem ao seu lado, afinal ele “é apenas o seu “marido”, nada mais. Alguém que conheceu quando já era adulta, portanto não foi o seu “primeiro amor”. No entanto, é preciso que você entenda que para o seu filho ou filha a coisa é bem diferente.

As brigas dos pais aos olhos dos filhos

Criança com pais brigando atrás

Para o seu filho seu marido é alguém a quem ele ama tanto quanto ama você.

É um sentimento profundo, arraigado, e que não vai mudar com facilidade. Quando ele os vê brigando, não consegue se posicionar de um lado ou de outro, pois são duas pessoas que têm o mesmo grau de importância para ele.

A briga acontece fora, mas a luta acontece dentro do peito e da mente dele que tenta se proteger da dor de ter que dar razão a um dos dois. 

Ele se sente tão pressionado que pode adoecer fisicamente ou psicologicamente para se proteger dessa decisão. Se o adoecimento for físico, será perceptível imediatamente, mas se for psicológico haverão consequências graves, porém de longo prazo, que não serão tão perceptíveis no momento.

A dor que seu filho sente talvez seja inimaginável para você caso não tenha vivido a mesma situação em sua infância. Ele sofre frente a necessidade de escolha e posicionamento,  e pela incapacidade de pôr fim à briga. Sente-se impotente, fraco e sua autoestima acompanha essas emoções. 

Meu filho pode ficar traumatizado?

Criança triste assistindo seus pais brigarem.

Muito tem se falado sobre traumas e muitos pais até tornaram-se permissivos demais ante a possibilidade de traumatizarem seus filhos. Vêem o trauma como algo grave e portanto o vinculam a situações também graves. Fato é que o trauma acontece todas as vezes que vivemos uma situação sem gozo, sem prazer ou que nos cause dor. Acontece também quando existe o gozo mas seguido de culpa.

Nossa mente está sempre atenta para nos proteger da dor portanto busca prazer em todas as situações. 

Situações vivenciadas sem prazer são registradas como memórias dolorosas e  continuarão nos fazendo reviver a dor sofrida para que seja reestruturada. Esta memória é o trauma em si.

Portanto, um lar desajustado é uma fábrica de traumas para a criança.

Pense no seu filho ouvindo e sentindo todas as ofensas proferidas em relação às pessoas que ele mais ama e também originadas nessas mesmas pessoas. A mente dele não consegue processar isso e não tem como protegê-lo, uma vez que a proteção que poderia buscar está justamente nessas mesmas pessoas. É algo assustador. Sem saída ele então buscará uma causa para o conflito a fim de aplacá-lo, e a causa se voltará justamente para quem mais depende e sobrecarrega os pais: ele mesmo. 

Quais são as consequências na psicologia da criança ou adolescente?

Pais discutindo perto da filha

Um filho de pais conflituosos acaba se vendo como o causador, a fonte do conflito e passará a não gostar de si pois é o elemento que desencadeia dor em si e nos outros.

E então no futuro, você o verá um adulto completamente submisso ou altamente agressivo.

Serão os dois mecanismos de defesa mais presentes neste adulto:

  1. A submissão protege a criança frágil que não tinha forças para aplacar a própria dor e se submeteu a situação, encolhida apenas sofrendo;
  2. A agressividade o remete a criança que desejava pôr fim ao que vivia como um adulto forte e poderoso mas não tinha poder e força para fazê-lo. 

Agora esta criança no corpo do adulto e sem a capacidade de se proteger ante as dores que a vida lhe apresenta, tentará destruir as fontes que possam lhe proporcionar qualquer sofrimento, mesmo que esta possibilidade exista só na sua imaginação, pois até mesmo sua imaginação estará conectada às suas memórias da infância.

O que fazer para proteger o meu filho (a) se não consigo parar com essas brigas de casal?

Mãe protegendo sua filha

Sei que é difícil superar essas brigas. Muitos casais vivem anos, senão dezenas deles, sem conseguir superá-las. Por isso, não tenho a pretensão de, em um pequeno texto como este, tentar resolver o seu problema. No entanto, posso aqui te atentar para o que é mais importante: encontrar uma forma para vocês redirecionarem parte dessa energia que empregam nas brigas para uma direção focada no respeito

  • Respeite o seu futuro: pois você será mãe eternamente, e ver um filho em sofrimento é uma dor que nenhuma de nós deseja ou merece experimentar;
  • Respeite o presente e o futuro do seu filho: reveja seus valores e atitudes. Reavalie os seus relacionamentos e pense com clareza sobre as atitudes que está tomando.

Evite discussões com seu parceiro na frente dos seus filhos. 

Lembre-se que você pode dialogar sem ofensas e se isto não for possível repense sobre o casamento que você está preservando. Pois você poderá estar se casando dia após dia com a dor em nome de um amor que nunca existiu e o pior: estará ensinando ao seu filho que amor e dor são parceiros o que o levará a experiências deturpadas no futuro, limitando seu filho ou filha de viver um casamento de amor pleno quando for a época dele ou dela, ou condenando-os a solidão opcional em negação à possibilidade de viver exatamente o que viu você vivendo.

Você é o modelo dele (a) seja para seguir ou desprezar, e seja qual for a escolha que se faça estará escravo das suas memórias e não de suas próprias vontades, portanto, tome cuidado com o exemplo que você deixa para suas próximas gerações.

Meus filhos brigam o tempo todo. Como lidar com isso?

Mãe separando briga entre irmãos

O sol ainda nem brilhou e você já escuta aquele grito aterrorizante:  

“Mãe, olha o que o meu irmão tá fazendo aqui, vou bater nele.”

E o dia que se inicia igual a todos os outros, entre tapas e pontapés, com você sendo o juiz e sem chance de fazer valer a lei, pois na maioria das vezes, não há vitimas nessa história. 

Saiba que você não é a única, não foi “abençoada por Deus com filhos difíceis” como às vezes pensamos. A maioria das mães passavam e ainda passam pelo mesmo problema, dia após dia, ao longo de toda a história humana e isso naturalmente não vai ser diferente no futuro.

Outra coisa que eu não fico feliz em te dizer é que essa disputa é longa, vai perdurar por quase toda a vida, das mais diferentes formas. 

Por que meus filhos brigam tanto?

Mãe desolada com filhos brigando

Em toda relação haverá sempre dominante e dominado mesmo que isto não esteja muito claro, e com nossos filhos não é diferente. Eles brigam para conseguirem a posição de domínio, independente da idade que possuem.

A luta em todos os sistemas é a tentativa de mudar os papéis. No seio famíliar é evidente essa disputa pois, assim como no meio animal, há o início do treinamento para as disputas futuras. Você não é a responsável por esta competição, embora sempre seja colocada como:

  • “A causadora de tudo”;
  • “A que gosta mais de fulano ou beltrano”;
  • “Responsável por não fazer nada para evitar isso”.

E ainda pior, ser cobrada para dar um fim nas brigas mas não tendo o verdadeiro poder para tal.

Esta “briga” está inscrita na psicologia humana pois é ponto base da sobrevivência das espécies. Para os filhos você é o troféu desta disputa por ser a peça mais importante do jogo.

Ganhar a sua atenção é o objetivo, ser o mais forte e poderoso é o caminho.

Viver esse momento é desgastante e nos leva à beira loucura pois não há como ficarmos de um lado ou do outro já que normalmente nenhum lado possui a razão. 

O que você pode fazer é entender que isso faz parte da natureza humana. Ao entender isso, você passa a ser mais compassiva com eles e principalmente consigo mesma, de modo a se cobrar menos para encerrar algo que você não tem o poder total para fazê-lo.

Como nos sentimos em relação a essas brigas?

Mãe cansada

Por vezes percebemos a estupidez dos motivos ou ausência deles, então gritamos, usamos a força, os castigos e nada resolve. Entramos em pânico na maioria das vezes e com o tempo ficamos sem forças diante de tal problema. Surge em nós uma vontade de desaparecer, às vezes dá até um arrependimento por termos nos tornado mães e esses sentimentos causam em nós uma dor ainda maior – a culpa.

Sentimo-nos culpadas por termos nos sentido assim e perdemos ainda  mais a capacidade de lidar com a situação. 

Mas saiba que não está sozinha, está situação acontece em todas as famílias, algumas mais as claras em outras mais veladas, mas acontecem. Filhos são competidores em busca de autoafirmação. Faz parte da natureza humana a busca pelo poder pois o poder e o domínio determina a sobrevivência das espécies.

O que acontece entre os irmãos, o que os leva a brigar nada tem a ver com você. É o processo de amadurecimento deles. 

Eles precisam deste processo para prepará-los para os processos futuros. Sei que é desgastante mas vai passar a um patamar mais tranquilo, mais maduro, mas sempre haverá dentro deles este sentimento e então, quando estiveram bem mais velhos e você já avó, os verá contando histórias da infância em que foram melhores, mais espertos ou mais fortes que outro. 

Então vai perceber que a “briga” continua mas de maneira mais sofisticada. Você neste momento vai observar, sorrir e permitir que se entendam porque não há nada que você possa fazer, é a natureza seguindo o seu curso. 

O que posso fazer?

Mãe cansada e filhos brigando atrás

Evite que se machuquem mas permita que se entendam.

Deixe claro a eles que a sua atenção só é obtida em outros momentos. Procure ignorar essas demandas. Deixe que resolvam suas questões. Faça valer o correto mas não busque o certo e errado porque não existem. O certo e o errado se classificam de acordo com o olhar que observa e nossos olhos nos enganam porque são guiados segundo as nossas verdades, o que nem sempre corresponde à verdade real. A verdade real sobre todas as coisas está, na maioria das vezes, imperceptível a nós pois está ligada ao amor que nos une e muitas vezes nos separa em nome de algo maior: nossa evolução como seres humanos. 

Você fala, fala, mas parece que seu filho não te entende? Aprenda a conversar com ele de maneira eficaz

Mãe conversando com filho triste

Uma coisa que todos sabemos é: não é fácil nos comunicarmos com nossos filhos! 

  • Quando são muito novos, não sabemos se estão nos entendendo perfeitamente;
  • Quando vão ficando adolescentes parece que não querem nos entender;
  • E ao ficarem adultos, bem, aí é outra história não é? A conversa passa a ser de igual para igual e os desentendimentos podem aumentar ainda mais.

Saiba que há solução para este problema. Antes de comunicar-se com seus filhos, estejam eles em qualquer idade, você precisa compreender que a mente deles – assim como a sua e todas as outras – trabalha a partir de dois conceitos fundamentais que ocorrem em conjunto: resposta a estímulos e economia de energia.

A mente trabalhando com estímulos e economia de energia

Para que entre em funcionamento a mente precisa ser estimulada. Como um carro que precisa de partida, ela precisa de estímulos para funcionar. Os estímulos chegam até nós através dos sentidos e podem ser positivos ou negativos. Uma vez estimulada, para não gastar energia elaborando uma  resposta, busca em seu banco de dados de memórias o que está registrado em relação àquele estímulo.

As palavras são um dos estímulos mais poderosos para acionar a mente.

Então é preciso cuidado com o que falamos pois podemos abrir velhas feridas acionando velhas memórias e também criar novas memórias que serão arquivadas no “banco de dados” dos nossos filhos e saiba que, depois de arquivada, só mesmo o consultório para remover essas memórias negativas dali. 

Essas memórias serão as responsáveis pelos seus comportamentos. Tomemos por exemplo uma criança que ouviu durante toda sua infância: você é feia. Quando adulta, mesmo que tenha se tornado muito bonita, todas as vezes que receber um elogio, sua mente buscará as memórias relacionadas a essa informação e ela se verá feia. É algo similar ao que ocorre com essas meninas que vemos na televisão com bulimia: por mais que sejam magérrimas (para não dizer esqueléticas) elas continuam se vendo gordas no espelho.

Esse tipo de acontecimento ocorre porque, independentemente da realidade, foi isto o que a mente registrou e o registro prevalece sobre a verdade. Parece algo torpe e sem sentido, mas é assim que acontece. Já vivenciei por inúmeras vezes em consultório situações semelhantes e, quando aprofundamos com o paciente, está lá a memória que atrapalha sua percepção de si mesmo e o deixa aquém do seu potencial. Por isso, tome cuidado com suas palavras.

O que ocorre é que a informação “arquivada” terá prioridade sobre a realidade, e talvez você não vá entender quando seu filho disser pra você que é “burro” mesmo tendo um QI acima da média.

Use linguagem positiva!

A maneira como falamos com nossos filhos muitas vezes fixa em suas mentes  informações que não gostaríamos, pela maneira como usamos as palavras. Para termos uma resposta adequada de nossos filhos é preciso que o estímulo oferecido seja positivo. Estímulo positivo é aquele que desperta uma emoção positiva. Portanto, siga o mantra:

“Mais vale um elogio do que uma crítica, uma conversa do que um xingamento.”

Além disso, vou deixar dicas práticas que podem ajudar você a despertar o melhor em em seu filho:

  • Use o “não” sozinho ou no final das: a mente não o registra no início de frases. Quando você diz ao seu filho: “Não mexa aí!” O não no início da frase tem pouca importância e o que ele capta é: “Mexa aí!”. Por isso faz exatamente o contrário.
  • Use as frases sempre com linguagem positiva: quando você diz por exemplo. “Você não é bobo”, a mente só recebe a informação: “você é bobo”. Neste caso, ao invés de utilizar uma frase com não use uma versão positiva da mesma frase: “Você é inteligente” ou “Você é muito esperto”. A sensação e a percepção que ele terá serão completamente diferentes;
  • Use a palavra “mas” com parcimônia: é uma palavra perigosa que desqualifica tudo que vem antes dela e enfatiza o que vem depois. Use-o depois das críticas e antes dos elogios, nunca do contrário. Por exemplo:

Quando você diz: você foi bem em matemática mas foi horrível em português, ele registra apenas: “foi horrível em português”. Sendo assim, você deveria falar a mesma frase da seguinte maneira:
“Você foi mal em português mas foi muito bem em matemática”. Assim você vai continuar dizendo o que precisa porém de maneira positiva, e os efeitos serão positivos na mente do seu filho.

  • Aprenda a usar o “porque”: a palavra porque alivia a tensão ao oferecer uma explicação. Porém a explicação deve ser lógica e coerente. Nada de dizer simplesmente: “porque eu estou mandando”. Isto não é explicação, é imposição. Quando ele indagar o porquê do que quer que seja diga a ele a verdade. Explicar é mostrar a real intenção que nos leva a tomar qualquer atitude.

A técnica especial que poucos conhecem: contar estórias!

Quando contamos uma estória a alguém a mente busca semelhanças entre o que ouve e o que experimenta (economia de energia novamente). A tendência é que tome para si as informações e conclua de acordo com o que ouve sem racionalizar. Você pode usar este caminho para fazer com que registre informações importantes. 

Você deve contar estórias para o seu filhos cujos personagens sejam similares a ele e onde esteja embutida a informação que você deseja que ele registre. Se deseja que não fume –  desnecessário dizer que você também não o faça – conte a ele uma estória sobre o filho de alguém, com a mesma idade dele que fumou e as consequências foram negativas. Finalize a estória sem fazer comparações tipo: “se você fumar vai acontecer o mesmo com você etc…”

É preciso deixar que a mente dele faça as analogias. 

Entenda que ele não precisa verbalizar esta conclusão. Confie em sua inteligência: ele vai concluir que se fizer o mesmo terá as mesmas consequências e então vai evitar fazer o mesmo. Vai registrar a informação como você quer porque a conclusão foi dele e não sua, diferente do que faria caso você simplesmente dissesse a ele para não fumar.

Concluindo

Entenda também que repreensão é importante mas é diferente de xingamento. Repreensão é limitar, xingamento é humilhar.

Portanto corrija o seu filho no particular. Comunicar-se com eficiência com nossos filhos requer paciência, dedicação e vontade. Policiar as palavras é importante, no entanto policiar os gestos e posturas é imprescindível. Vale lembrar que 70% de uma comunicação é transmitida de forma não verbal. É o conjunto de comportamentos que irá possibilitar uma comunicação eficiente.. O tom de voz é um dos fatores mais importantes. Gritos agridem os ouvidos, palavras mal ditas agridem a alma. Policie suas palavras e gestos mas nunca se esqueça de apurar também seus ouvidos para ouvir os clamores mais profundos do coração dele quando clamarem por você sem dizer qualquer palavra.

Meu filho me pede algo. Dou ou não dou?

Menino chorando dentro do supermercado

Você provavelmente já observou que nos shoppings e grandes centros, uma parte significativa das mercadorias são voltadas ao público infanto-juvenil. Já presenciou também mães, tentando controlar seus filhos aos prantos ou com agressividade interpelando-as com o assustador: eu quero! E essas mães, sem saberem o que fazer, sucumbirem diante deles, satisfazendo seus desejos por completo. Por vezes contraindo dívidas desnecessárias quando o querer é maior que suas condições financeiras.

Mães e pais na sociedade atual se vêem forçados a se adequarem, ou melhor, adequarem seus filhos a um padrão desenfreado de consumo: 

  • brinquedos que se renovam com enorme rapidez;
  • roupas que servem ao consumismo das marcas;
  • celulares que ultrapassam qualquer patamar do usual para uma criança;
  • alimentos altamente viciantes e inadequados para a saúde. 

Tudo isso em nome do:

“quero dar para o meu filho o que eu não tive”,

outras vezes ao

“não quero que ele se sinta excluído quando perto dos amigos ou na escola”

e na pior delas:

“não consigo dizer não ao meu filho pois tenho medo que fique traumatizado”.

O mercado transforma pais em parceiros e filhos em consumidores

Mãe e adolescentes comprando

O mercado aproveita-se de todas essas emoções e faz hoje do público infantil e juvenil uma de suas maiores fatias, ou poderia eu dizer “presas fáceis” pois o mercado está a caça da maneira mais agressiva possível, e não se importa com a idade ou inconsciência de nossas crianças.

Transformam pais em parceiros e filhos em consumidores. As consequências? Crianças adoecidas pela incapacidade de satisfação, pois logo que se termina uma compra, volta-se novamente o vazio querendo algo mais para preencher este espaço. 

Existe sim um prazer no adquirir que não pode ser ignorado, o grande problema é que é preciso permanência desse gozo por um mínimo de tempo e hoje o mercado tem transformado nossas crianças em seres permanentemente desejantes, pois nada os satisfaz por um tempo maior do que algumas poucas horas (senão minutos). 

Nada pode aplacar a busca pelo novo, pelo diferente que está sempre presente. Tudo muda em uma fração mínima de tempo. Sempre há algo a desejar. Os pais são meras marionetes neste sistema. A peça chave entre o oferecer e o querer, aquele que tem o poder de compra, mas não o poder da decisão. O mercado oferece, meu filho quer e eu dou. O querer se transformou em negócio, em lucro. Todas as vezes que meu filho recebe um objeto desejado já lhe é apresentado outro e então

ele adoece porque perde a capacidade ter prazer com o que possui.

Isto causa adoecimento psíquico, ansiedade e frustração. Se seus filhos estão ansiosos como quase todas as crianças hoje estão, saiba que além das redes sociais, esta necessidade constante de consumo sem nunca se sentir satisfeito é sim uma das grandes causas.

O que fazer então? Como saber quando e o que dar a ele?  

Mãe conversando com filho

Antes de tudo você precisa observar a sua volta, enxergar a si mesma. Existem três caminhos a seguir quanto quando queremos comprar algo, você pode comprar:

  1. o que quer
  2. o que precisa ou 
  3. o que necessita

Certifique-se  quais destes requisitos você tem atendido. Se estiverem em desequilíbrio será preciso rever pois você já se curvou ao mercado e precisa começar primeiro consigo mesma, reequilibrando esses pontos.

Depois desta auto-avaliação faça o mesmo quanto ao que você dá ao seu filho. Você tem dado mais: o que ele quer, o que precisa ou o que necessita? O equilíbrio está no controle destas três vertentes. 

Como avaliar tudo isto? Simples. O que ele quer aplaca sua raiva e agressividade momentaneamente, o que ele precisa contribui com o seu desenvolvimento físico, o que necessita proporciona desenvolvimento mental e espiritual.

Devemos oferecer prontamente o que necessitam, com consciência o que precisam e com limites o que querem. 

Em resumo: limite-se em ferecer a ele o que ele quer, equilibre o que ele precisa e foque especialmente naquilo que ele necessita

Como conscientizar nossos filhos sobre gravidez na adolescência?

Adolescente com teste de gravidez positivo nas mãos

Observando através da janela do meu carro num dia quente de verão, avistei (quase nua) uma mulher ainda criança, pois não passava de seus quatorze anos. Mulher ou menina, não sei dizer, pois ainda na pouca idade estava gerando um bebê.

Confesso que não fiquei espantada porque aquele quadro era apenas mais um dentre tantos que já acompanhara nas minhas andanças diversas, principalmente por instituições filantrópicas.

Devido à fragilidade daquela garota, me senti compelida a entender o que tem levado tantas meninas a se tornarem mulheres antes da hora e mães fora do tempo.

A sexualização na idade errada como parte do problema

Sexualização infantil em filme do Netflix

Não sei se você sabe, mas no Brasil a taxa de gravidez na adolescência é maior do que no resto do mundo. Isso levou a ONU em 2019 a gerar um alerta sobre o problema para que nosso governo passasse a ficar atento e tomasse as devidas precauções. Aparte das questões socio-econômicas e educacionais que envolvem o tema, percebo que há um problema cultural importante de ser comentado:

as crianças e adolescentes, mesmo ainda muito jovens, têm sido levados a serem sexualizados muito cedo.

Sexualizar-se cedo ocorre quando você , por exemplo, ensina, permite ou incentiva que crianças e adolescentes:

  1. Usem roupas muito sensuais;
  2. Convivam em ambientes onde se manifestam detalhes e aspectos sexuais inapropriados para a idade delas; 
  3. Tenham contato com pornografia ou acesso ilimitado à redes sem controle;
  4. Se insinuem sexualmente e/ou utilizem um vocabulário inapropriado e de maneira constante;
  5. Se interessem demais por aspectos sexuais mesmo antes do despertar dos seus hormônios;
  6. Estejam tendo comportamentos definidos como “namoro” ainda muito jovens; 
  7. Presenciem momentos íntimos sem cautela.

Se um desses fatores puder  ser observado em sua casa ou em ambientes próximos, é um sinal que você pode estar contribuindo para a sexualização prematura de crianças e adolescentes próximas a você.

Menina dançando com roupa mais apropriada para adultos

A sexualização infantil e na adolescência é um dos fatores que aumentam a probabilidade de gravidez por razões óbvias. O problema é que uma criança ou adolescente sexualizado acaba se envolvendo com sexo antes de terem maturidade para respeitar o próprio corpo e o do outro. Não se respeitando e tendo ainda pouco conhecimento, não se previnem da gravidez. Caso ela ocorra, eles não possuem  maturidade para assumir o papel de pai ou mãe e daí em diante você já sabe tudo o que pode ocorrer: crianças mal cuidadas, avós assumindo papel de pais, adolescentes desperdiçando seu potencial e queimando as etapas da vida.

É dessa forma que a sexualização exacerbada na tenra idade torna-se uma das causas da desestruturação familiar e naturalmente vai agravar ou perpetuar esta desestruturação.

Somos uma tríade complexa. Temos em nós a mulher, a mãe e a fêmea (assim como o homem possui a tríade homem, pai e macho). O equilíbrio destas três instâncias é o que determina nossa maturidade. A capacidade que temos de transitar e assumir esses papéis é determinante para o nosso equilíbrio. Um adolescente está distante de ter alcançado este equilíbrio e por isso não deve despertar a fêmea ou o macho tão cedo em um período em que há tantos desequilíbrios, razões e porquês para se encontrar. 

O que posso fazer para conscientizar meu filho ou filha?

“Ensina teu filho o  caminho que deve andar e ele jamais se afastará dele”.

  • Se for mãe de menina, o importante é que você ensine sua filha que ser livre vai além usar roupas que exponham seu corpo.Ser empoderada é ser consciente de suas potencialidades e saber usufruir delas, que ser mulher é ir além da fêmea que também faz parte dela, mas não é ela.
  • Caso seja mãe de menino, ensine a ele que ser macho é insuficiente para torná-lo homem. Que ser homem é o seu objetivo de vida pois quando entender o que é ser homem entenderá que  vai além da masculidade, pois supera a capacidade de reprodução.
Mãe falando com adolescente sobre sexo

Dê abertura aos seus filhos para aprenderem com você sobre sexualidade e sexo, não torne isso um “assunto do qual não se pode falar”. Deixe claro a naturalidade e a importância de ambos e principalmente que existe um momento certo para usufruirem da sua natureza sexual.

Mostre a eles que o corpo precisa estar pronto e desenvolvido para que tudo aconteça de maneira plena e saudável.

  1. Deixe claro a eles que seus valores devem estar acima dos seus instintos;
  2. Deixe claro que você está aberta a orientá-los sem julgamentos cobranças;
  3. Deixe claro também que o sexo fará parte de suas vidas mas não precisa ser ponto de partida para se tornarem pais. Oriente-os quanto aos métodos contraceptivos mais eficientes com naturalidade, inclusive explicando seu funcionamento em detalhes.

Sexo não é tabu, mas também não pode ser vulgarizado como se tem visto atualmente. Ensine a sua filha que emponderar-se vai além do corpo passa pela capacidade de usufruir de todas as suas potencialidades principalmente a inteligência. E ensine a seu filho que somente se tornando um homem será capaz de atrair uma mulher e ser feliz com ela. Ensine-os que há um momento para tudo e que a sabedoria de saber esperar é o que traz integridade e a certeza de um futuro feliz e equilibrado para todos. 

Você também quer que seu filho “seja um sucesso”? Eu não pensaria assim se fosse você…

Criança parecendo um executivo de grande empresa

Muitos pais têm se preocupado em demasia com o futuro dos seus filhos. Assim fazem de seus filhos verdadeiros receptáculos de conhecimento na ilusão de estarem garantindo seu sucesso futuro. Vejo crianças e adolescentes com agendas dignas de grandes intelectuais, são horas de estudo, aprendizado de línguas, práticas esportivas e tantas outras atividades vistas como necessárias ao seu desempenho futuro. 

Crianças massacradas que não podem ser crianças em nome de um futuro de sucesso. O primeiro ponto que precisamos entender é o que verdadeiramente é ser uma pessoas bem sucedida. 

O erro de criar uma criança para o sucesso

Criança infeliz estudando

Assimila-se sucesso a capacidade das pessoas de possuírem bens materiais: casas, carros, viagens, fama ou prestígio.

Mas, o ter realmente me torna bem sucedida? O que tenho é capaz de me tornar feliz? Todos já sabemos a resposta, um grande e belo não

Ter conforto é necessário mas não é garantia de sucesso. Possuir riquezas é prazeroso mas não é passaporte para a felicidade. Ter fama faz com que nos sintamos “importantes”, não é garantia de ter valor. Muitos pais estão preparando seus filhos, guiando-os para profissões que podem lhes proporcionar riquezas mas não os tornarão pessoas de sucesso, pois sucesso é a capacidade de sentir-se pleno e realizado com a vida que se tem, é a capacidade de ter satisfação com o que se faz e uma vez se fazendo apenas por dinheiro esta satisfação não será alcançada. 

Esses pais  poderão ter filhos ricos, porém infelizes. A criança precisa ter espaço para ser criança para que seja um adulto saudável.

Se a obrigamos a cumprir tarefas que vão além de suas capacidades em nome de um futuro “brilhante” estamos fazendo com que queime etapas do seu  desenvolvimento e isso criará consequências desastrosas em sua mente,

pois memórias de sofrimento estarão sendo implantadas e estas memórias as impedirão de serem felizes no futuro.

Muitas vezes ficamos sem entender quando nos deparamos com notícias de pessoas famosas que perdem a vida por overdose de drogas ou medicamentos e outras vezes se matam. Como pode? Elas eram tão bem sucedidas?! Tinham tudo que se pode desejar: dinheiro, prestígio e fama. Isto nos mostra que sucesso está distante de tudo isto. 

É preciso viver cada fase da vida, tudo tem seu tempo…

Criança pulando e se divertindo

Sucesso é ter consciência do valor interno que se tem pois o que possuímos tem preço, mas o que somos tem valor.

Enquanto acharmos que o valor está no que possuímos estaremos perdidos em busca de algo inexistente. Devemos criar nossos filhos para que sejam felizes pois se eles vivenciarem este estado de plenitude reconhecerão seus valores e aquilo que tem preço será menos importante e menos necessário. 

  • Crianças precisam ser crianças, viverem esse momento com menos responsabilidades e mais prazer. 
  • Adolescentes precisam de espaço para serem adolescentes, precisam de liberdade para viverem além dos estudos e das tarefas que os escravizam em nome de uma carreira promissora. 
  • Jovens têm o direito a juventude que só se vive uma vez. São quase adultos mas ainda não o são. Devem ter a juventude respeitada como período de adaptação às responsabilidades futuras pois uma vez que essas se fizerem presentes jamais eles serão os mesmos, jamais serão livres. 

Precisamos entender que quando chegar a hora eles buscarão os seus melhores caminhos e cabe a nós apenas apoiá-los e orientá-los conforme suas próprias escolhas. 

Como devo atuar então?

Mãe ajudando a criança a estudar.

Jamais devemos direcioná-los abruptamente por um determinado caminho, pois na verdade estaremos escolhendo oportunidades que são melhores para nós, segundo as experiências que nós vivemos, tudo isso escondido por trás de nossas expectativas para eles, o que é sempre um mal.

Uma vez que as expectativas são nossas a probabilidade de não serem alcançadas por eles é infinitamente grande. Eles estarão sendo direcionados a cumprirem nossos desejos e vontades. Saiba que ninguém pode ser feliz distante dos seus próprios desejos e vontades, ninguém pode ser feliz cumprindo um caminho que é de um outro alguém.

Sejamos compassivos com nossos filhos. Permitamos que vivam suas próprias vidas sem que precisem viver a vida que “sonhamos” para eles.

O que devo despertar em meu filho? Medo ou respeito?

Criança com medo atrás da parede

Existem dúvidas entre a necessidade de despertar tais emoções nas relações entre pais e filhos. Uma grande parte dos pais, quase sempre por não saberem melhores caminhos, acaba optando por uma regra simples: instigam medo em seus filhos, acreditando que se a criança não sente medo, não vai respeitá-los. 

Pensam que é a partir do medo da surra, que vão deixar de fazer bagunça; do medo do desapontamento, que vão fazer o que mandaram quando estão fora da presença dos pais; do medo de serem expulsos de casa, que vão utilizar métodos anticoncepcionais ao transarem; do medo dos xingamentos que vão ser respeitosos com as pessoas mais velhas. Enfim, pensam que educação e medo andam juntos e acabam construindo uma relação a partir daí, solidificada em um alicerce de medos diversos que não resultam em nada mais do que uma criança/adolescente/adulto inseguro e incompleto.

Qual é a diferença entre medo e respeito?

Os contos de fada podem nos ajudar a entender esta diferença. O medo é tão desnecessário nos relacionamentos que quando presente os desarmoniza completamente. O respeito, pelo contrário, é a maior fonte de harmonia de todos os relacionamentos.

A diferença entre o medo e o respeito é clara: o medo é imposto, o respeito é conquistado.

O ser humano só é capaz de amar alguém que ele admire, não há amor onde há medo ou temor. 

Se nos reportamos ao clássico da Disney: “A Bela e a Fera” veremos claramente esta representação. A Bela é aprisionada no castelo por medo, então o único desejo que nutre em seu coração é o desejo de partir de deixar aquele lugar. Só não o faz pelo medo do que a Fera possa realizar em relação a ela e aos que ela deseja proteger. 

Com o passar do tempo, a medida em que a Fera se deixa conhecer e permitir que as virtudes que tem dentro de si sejam percebidas, essa relação vai se modificando e a Bela então vai substituindo o sentimento de medo por respeito à criatura que existe dentro do monstro. A Bela percebe que o monstro é apenas o produto de todas as pressões externas que a criatura enfrentou, mas que dentro daquele invólucro existe uma essência que desperta na Bela um sentimento de admiração.

Este novo sentimento transforma o desejo de partir em uma vontade de permanecer ao lado daquele ser. 

O medo gera vontade de separação e enfraquece a criança

Criança distante da mãe

Os contos nos levam a estas reflexões de forma muito simples e na relação entre pais e filhos o que ocorre é muito similar. O medo desperta vontade de separação porque não passa pelo caminho da admiração, estando sim sob o comando da opressão. Filhos que têm medo de pais agressivos, rígidos demais ou violentos, logo quando puderem irão deixá-los e vão evitar seguir os seus conselhos pela vontade imensa que têm dentro deles de não serem iguais aos seus pais. Sendo assim, é natural que evitem absorver seus ensinamentos por receio de se assemelharem a eles.

Tomemos por exemplo filhos de pais alcoólatras e agressores: eles têm muito medo das ações destes pais e este medo é confundido com respeito. Isto é ilusão. Eles podem até se comportar de acordo com o que lhes é imposto, mas é questão de tempo até se libertarem e agirem de outra forma, já que nunca lhes foi dado a oportunidade de entender os valores que deveriam permear tais comportamentos. Os comportamentos são adquiridos através de agressões e ameaças – claras ou veladas – que consequentemente enfraquecem a criança.

O respeito surge pela admiração e fortalece a criança

Criança admirando o pai

O respeito só pode ser despertado pela admiração. Admira-se os pais pelo que são e representam no contexto do relacionamento. Pela proteção que oferecem, pelo respeito com que tratam a criança e o cônjuge. Vale lembrar que quando você trata mal o seu parceiro você está tratando mal uma pessoa que a criança ama 

profundamente, portanto respeitar o parceiro é fundamental para despertar  a admiração que levará seu filho a respeitar você. 

O respeito surge dos sentimentos mais profundos da criança por isso a fortalecem.

Então quando ela tiver a oportunidade de driblar as regras não o fará para não perder a admiração daqueles que ela também admira.

O respeito gera na criança este equilíbrio interno que é suficiente para que ela mesma reflita nos momentos mais importantes e saiba se portar corretamente nos mais diversos ambientes para manter o equilíbrio familiar.

Ok, eu atuo errado, o que fazer daqui por diante?

Primeiramente não ceda à tentação de utilizar o medo como forma educacional sempre que se sentir acuada ou sem recursos. O medo parece ser mais efetivo no curto prazo mas saiba que a longo prazo ele é uma péssimo recurso. Quando utilizamos o medo para educar nossos filhos eles acabam atuando imediatamente como esperamos, e isto nos dá esta falsa sensação de que estamos fazendo o certo. O respeito, resultado da admiração, gera valores educacionais perenes e dá à criança um verdadeiro exemplo a ser seguido. Comece a observar os momentos em que utiliza o medo como método educacional e substitua por outras formas de atuação. Deixe-me dar alguns exemplos:

  1. Ao observar a criança gritando ou falando muito alto: primeiro veja se você não grita com ele sempre quando quer que faça algo, se você grita sempre, está aí uma provável origem. A criança vê que quando você quer algo utiliza este recurso e, por imitação, vai tentar fazer o mesmo. Comece parando de gritar (seja com ela ou com outras pessoas) quando necessitar de algo, se for em relação a ela, exija que ela o faça com firmeza mas sem utilizar o recurso do grito ou de incutir o medo;
  2. Seu filho adolescente teima com você em tudo o que fala: saiba que ele está no processo de se tornar pai e mãe de si mesmo por isso a rebeldia surge nos momentos mais improváveis. Lembre-se que isto vai passar. Seja firme. Posicione-se como a figura de poder que você é. Mostre a ele quem dita as regras. Não ameace fazer o que não vai cumprir. Cada palavra sua deve ser cumprida. Promessas não cumpridas são atestado de fraqueza. Se prometer, cumpra.  E o mais importante: evidencie as qualidades e acertos dele antes das críticas. O que alimentamos sempre é o que vai sobreviver. Alimente qualidades com suas palavras e os defeitos irão morrendo de inanição. Torne-se alguém que ele admire e possa confiar e então será você seu melhor amigo (a).

É importante lembrar que limites devem ser impostos e respeitados. Você precisa entender que se quer que seu filho o respeite, precisa respeitá-lo antes porque o aprendizado das crianças começa pela imitação. O “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço” é a desculpa que usamos para justificarmos nossos maus comportamentos.

Corrija o seu filho sempre que necessário mas o faça em particular. Você não precisa mostrar aos outros que é forte e sim a ele.

Todos os “erros” precisam ser corrigidos e as consequências evidenciadas. Corrigir em público, como muitos pais o fazem, gera baixa estima na criança e fortalece a agressividade pois correção em público se torna humilhação.

Despertar o respeito no seu filho é oferecer a ele um modelo a ser seguido e isso é libertador. É oferecer a ele as ferramentas necessárias para tornar-se respeitado e ser respeitado o livrará de situações constrangedoras e difíceis que o mundo nos oferece.