De repente, alguém pensou que a natureza estava errada, que os machos deveriam ser mais frágeis e as fêmeas mais masculinas. Decidiu-se então por se criar filhos sob novos parâmetros, para que não sofressem e não fizessem sofrer. Compramos a ideia e as famílias mudaram: os meninos foram sendo protegidos e moldados para serem homens fracos, afinal sofrimento é também fonte de aprendizados e força; enquanto as meninas foram sendo ensinadas a serem mais insensíveis, de modo a se protegerem do sofrimento que a sensibilidade poderia lhes gerar, tornando-se então mais masculinizadas e inseguras.
Quizeram modificar tudo muito rapidamente sem compreender que esta mudança requer um processo, pois a natureza não dá saltos. Quando forçada em uma direção errada, se rebela para se ajustar à origem a que pertence. Mudamos de direção produzindo uma nova geração de homens e mulheres transtornados, e agora colhemos os frutos dos erros das últimas décadas. Torna-se necessário compreender a nova realidade e encontrar uma direção mais equilibrada.
Os homens da nova geração
Os homens buscando fidelizar-se com os novos padrões, chegaram à idade adulta perdidos dentro de si. Se conectaram às crenças que lhes foram incutidas de que poderiam ser o que quisessem independente das próprias características. Por conta desta desconexão consigo mesmos, viram apenas dois caminhos a que poderiam seguir: o dos mansos e o dos agressivos.
Os mansos tornaram-se presas fáceis nas mãos de mulheres também perdidas dentro de si mesmas. Mulheres que confundem empoderamento com promiscuidade, poder com agressividade. Transformaram-se em objetos para elas, fazendo com que a sensação de poder dessas mulheres as fizesse permanecer na ilusão de serem verdadeiramente poderosas. Apenas uma ilusão, porque o poder só existe no autodomínio e não no dominar o outro. Os agressivos, fazendo da agressividade sinônimo de força, transformaram suas mulheres em objetos de poder.
As mulheres da nova geração
As mulheres desta nova geração esqueceram que são cíclicas. Que não podem exigir de seus corpos uma constância de emoções, sentimentos e sensações. A própria natureza de seu ciclo menstrual determina seus estados emocionais, produtivos e reprodutivos, inclusive sua prontidão sexual. Escolheram também dois caminhos, o das liberais e o das empoderadas.
As liberais, ensinadas que podem e devem fazer o que querem, optaram por usufruir do que ser do sexo masculino oferecia aos meninos no passado. Foram para as ruas e baladas, embaladas no engano de poderem afrontar a própria singularidade. Alucinadas, deliram entre frenesis sensuais, bebidas, danças e sexo casual. Entregam-se à ilusão da liberdade conquistada, que se resume apenas em fazer o que querem que elas façam. Perdem o autocontrole e nessa perda a felicidade.
As empoderadas têm se tornado verdadeiras “rotas alteradas”, tentando enganar o tempo e a percepção de si mesmas. Confusas entre sucesso e riqueza, prosperidade e liberdade, criam suas próprias prisões transformando-se em verdadeiras máquinas de trabalho. Vão em busca do dinheiro e do sucesso como sinônimos de liberdade e poder. Abandonam a feminilidade e a maternidade em prol do prazer momentâneo. Adoecidas, perdem o senso e o bom senso e, cultuando esse equívoco, levam outras ao mesmo sofrimento, influenciadas pela ilusão de serem essas as tais “mulheres empoderadas”.
Consequência maior? Relações tóxicas
De pessoas transtornadas e distantes da própria natureza é esperado que surjam relações estranhas, para não dizer tóxicas. Ainda no meio deste caos, os homens se lembraram ou foram ensinados que, para serem homens, precisavam ter “pegada”. Se confundiram mais uma vez e acreditaram que a pegada se exercia na cama. Aprenderam a dar tapa na bunda, puxão de cabelo e tapa na cara. A sensação de domínio que essas atividades geram lhes confundiu ainda mais, fazendo com que se sentissem poderosos.
As mulheres ao lado deles, tentaram se adaptar, acreditando que era uma nova maneira de amar. Que suportar a dor, a submissão nesses momentos com certo controle, era sinônimo de força. Este equívoco as tornaram presas fáceis na ilusão de ser este comportamento sinônimo de liberdade. Enganadas, tiveram como resultado apenas o fato de serem ainda mais vulgarizadas.
É preciso ter “pegada” sim, mas pegada na vida
Vivemos hoje um momento sombrio. Afinal, homens precisam sim ter pegada, mas em outros termos: estamos falando de ter “pegada” na vida. Precisam ter força masculina para proteger, suprir e conduzir. Proteger suas mulheres, suprir suas crias e conduzir suas famílias. O problema é que guiados por novos e confusos conceitos de masculinidade, não aprenderam a ter esta capacidade. Sem ela, querem sempre dominar, e quando o objeto não quer mais se submeter, se vêem sem saída: sua solução é agredir e destruir. Os agressivos agridem seu objeto de poder, os fracos destroem a si mesmos.
Verdadeiros homens precisam ter essa pegada poderosa que toda mulher necessita: cuidado, proteção e suprimento. Com a masculinidade roubada, muitos não conseguem entender o que excita verdadeiramente uma mulher. São incapazes de compreender que um “eu resolvo” vale muito mais do que um “eu sou foda na cama”.
Não sabem como resolver porque com a busca dos pais por não permitir que sofressem, tiveram todos os seus problemas resolvidos. Não tendo memórias para lhes nortear na solução de situações que sempre ocorrem na vida, não têm condições de superar os problemas. Sem essa condição, são capturados pela agressividade. A outra parcela, aqueles que adotam a submissão, também não sabem como resolver as situações e delegam essas obrigações às suas mulheres. Ambos são fracos e deixarão marcas em suas parceiras, algumas visíveis e outras ocultas.
Mulheres que vivem com homens fracos se transformam
Mulheres que se masculinizam o fazem em busca de liberdade e poder. Elas teimam, apesar de evidências contrárias, que não há nenhuma diferença entre os sexos, que podem e devem viver e agir como os homens viveriam e agiriam. Logo acabam convivendo com homes fracos. Homens incapazes de resolver, incapazes de proteger, suprir e conduzir.
Elas podem se tornar submissas ou cada vez mais agressivas e castradoras. A fraqueza dos homens tira delas ainda mais a possibilidade de usufruir da sua feminilidade. Nesse impasse, vemos uma geração perdida, onde o amor deixou de existir com a sua beleza de conquista e entrega, de dar e receber, enquanto as famílias, sem a definição de papéis que norteiam o olhar dos filhos, produzem uma sociedade sem rumo.
Nos resta esperar que a natureza feche esse ciclo e tudo se equilibre, criando uma geração mais feliz. Afinal tudo é impermanente e caminha para o equilíbrio. Que a lei da impermanência nos ajude e que cada um possa identificar em si esses erros e corrigí-los para que possamos ter uma sociedade melhor e mais equilibrada. Não posso deixar de dizer que a terapia é uma ferramenta excelente para encontrarmos esses hiatos em nossa criação e ficarmos livres deles de maneira leve e ao mesmo tempo direta.