Uma coisa que todos sabemos é: não é fácil nos comunicarmos com nossos filhos!
- Quando são muito novos, não sabemos se estão nos entendendo perfeitamente;
- Quando vão ficando adolescentes parece que não querem nos entender;
- E ao ficarem adultos, bem, aí é outra história não é? A conversa passa a ser de igual para igual e os desentendimentos podem aumentar ainda mais.
Saiba que há solução para este problema. Antes de comunicar-se com seus filhos, estejam eles em qualquer idade, você precisa compreender que a mente deles – assim como a sua e todas as outras – trabalha a partir de dois conceitos fundamentais que ocorrem em conjunto: resposta a estímulos e economia de energia.
A mente trabalhando com estímulos e economia de energia
Para que entre em funcionamento a mente precisa ser estimulada. Como um carro que precisa de partida, ela precisa de estímulos para funcionar. Os estímulos chegam até nós através dos sentidos e podem ser positivos ou negativos. Uma vez estimulada, para não gastar energia elaborando uma resposta, busca em seu banco de dados de memórias o que está registrado em relação àquele estímulo.
Então é preciso cuidado com o que falamos pois podemos abrir velhas feridas acionando velhas memórias e também criar novas memórias que serão arquivadas no “banco de dados” dos nossos filhos e saiba que, depois de arquivada, só mesmo o consultório para remover essas memórias negativas dali.
Essas memórias serão as responsáveis pelos seus comportamentos. Tomemos por exemplo uma criança que ouviu durante toda sua infância: você é feia. Quando adulta, mesmo que tenha se tornado muito bonita, todas as vezes que receber um elogio, sua mente buscará as memórias relacionadas a essa informação e ela se verá feia. É algo similar ao que ocorre com essas meninas que vemos na televisão com bulimia: por mais que sejam magérrimas (para não dizer esqueléticas) elas continuam se vendo gordas no espelho.
Esse tipo de acontecimento ocorre porque, independentemente da realidade, foi isto o que a mente registrou e o registro prevalece sobre a verdade. Parece algo torpe e sem sentido, mas é assim que acontece. Já vivenciei por inúmeras vezes em consultório situações semelhantes e, quando aprofundamos com o paciente, está lá a memória que atrapalha sua percepção de si mesmo e o deixa aquém do seu potencial. Por isso, tome cuidado com suas palavras.
O que ocorre é que a informação “arquivada” terá prioridade sobre a realidade, e talvez você não vá entender quando seu filho disser pra você que é “burro” mesmo tendo um QI acima da média.
Use linguagem positiva!
A maneira como falamos com nossos filhos muitas vezes fixa em suas mentes informações que não gostaríamos, pela maneira como usamos as palavras. Para termos uma resposta adequada de nossos filhos é preciso que o estímulo oferecido seja positivo. Estímulo positivo é aquele que desperta uma emoção positiva. Portanto, siga o mantra:
Além disso, vou deixar dicas práticas que podem ajudar você a despertar o melhor em em seu filho:
- Use o “não” sozinho ou no final das: a mente não o registra no início de frases. Quando você diz ao seu filho: “Não mexa aí!” O não no início da frase tem pouca importância e o que ele capta é: “Mexa aí!”. Por isso faz exatamente o contrário.
- Use as frases sempre com linguagem positiva: quando você diz por exemplo. “Você não é bobo”, a mente só recebe a informação: “você é bobo”. Neste caso, ao invés de utilizar uma frase com não use uma versão positiva da mesma frase: “Você é inteligente” ou “Você é muito esperto”. A sensação e a percepção que ele terá serão completamente diferentes;
- Use a palavra “mas” com parcimônia: é uma palavra perigosa que desqualifica tudo que vem antes dela e enfatiza o que vem depois. Use-o depois das críticas e antes dos elogios, nunca do contrário. Por exemplo:
Quando você diz: você foi bem em matemática mas foi horrível em português, ele registra apenas: “foi horrível em português”. Sendo assim, você deveria falar a mesma frase da seguinte maneira:
“Você foi mal em português mas foi muito bem em matemática”. Assim você vai continuar dizendo o que precisa porém de maneira positiva, e os efeitos serão positivos na mente do seu filho.
- Aprenda a usar o “porque”: a palavra porque alivia a tensão ao oferecer uma explicação. Porém a explicação deve ser lógica e coerente. Nada de dizer simplesmente: “porque eu estou mandando”. Isto não é explicação, é imposição. Quando ele indagar o porquê do que quer que seja diga a ele a verdade. Explicar é mostrar a real intenção que nos leva a tomar qualquer atitude.
A técnica especial que poucos conhecem: contar estórias!
Quando contamos uma estória a alguém a mente busca semelhanças entre o que ouve e o que experimenta (economia de energia novamente). A tendência é que tome para si as informações e conclua de acordo com o que ouve sem racionalizar. Você pode usar este caminho para fazer com que registre informações importantes.
Você deve contar estórias para o seu filhos cujos personagens sejam similares a ele e onde esteja embutida a informação que você deseja que ele registre. Se deseja que não fume – desnecessário dizer que você também não o faça – conte a ele uma estória sobre o filho de alguém, com a mesma idade dele que fumou e as consequências foram negativas. Finalize a estória sem fazer comparações tipo: “se você fumar vai acontecer o mesmo com você etc…”
Entenda que ele não precisa verbalizar esta conclusão. Confie em sua inteligência: ele vai concluir que se fizer o mesmo terá as mesmas consequências e então vai evitar fazer o mesmo. Vai registrar a informação como você quer porque a conclusão foi dele e não sua, diferente do que faria caso você simplesmente dissesse a ele para não fumar.
Concluindo
Portanto corrija o seu filho no particular. Comunicar-se com eficiência com nossos filhos requer paciência, dedicação e vontade. Policiar as palavras é importante, no entanto policiar os gestos e posturas é imprescindível. Vale lembrar que 70% de uma comunicação é transmitida de forma não verbal. É o conjunto de comportamentos que irá possibilitar uma comunicação eficiente.. O tom de voz é um dos fatores mais importantes. Gritos agridem os ouvidos, palavras mal ditas agridem a alma. Policie suas palavras e gestos mas nunca se esqueça de apurar também seus ouvidos para ouvir os clamores mais profundos do coração dele quando clamarem por você sem dizer qualquer palavra.