Mãe com seus vários filhos, um ainda na barriga.

Irmãos são uma relação complexa e as vezes difícil, não é mesmo? Para nós que somos mães há momentos que nos sentimos em um beco sem saída. Claro que você já não presenciou uma cena assim na sua vida ou irá presenciar:

Sentados a mesa, durante um almoço de domingo, os filhos começam aquela velha discussão:

_ “Minha mãe gosta mais do nosso irmão mais velho!”, diz o caçula.

_ “Não, ela gosta mais é do irmão do meio.” retruca o mais velho.

_ “Que nada! Ela sempre gostou mais de você porque é o caçula. Comenta o do meio.

Sempre a mesma disputa por um amor que sugere um certo desamor e você, mãe, no meio de tudo tentando provar o contrário, tentando fazer com que acreditem que gosta de todos de igual maneira. 

O padrão ideal de mãe

Mãe e filhos representando um ideal

Aceitando  este papel, você acaba gastando sua energia para se enquadrar em um padrão de mãe, que lhe convenceram ser o da mãe ideal: santa e tão perfeita que é capaz de gostar de seres diferentes de igual maneira.

Vamos parar de mentir para nós mesmas e para outras mães que sofrem com a culpa pelo que realmente sentem. Somos seres limitados, comuns, imperfeitos e vulneráveis a situações e emoções, como todos os outros presentes neste planeta, portanto não precisamos nos enquadrar neste ideal.

Certa vez li um texto do qual transcrevo agora uma pequena parte. O texto é uma resposta que uma mãe, ao ser questionada sobre qual filho amaria mais, expressou:

_ “Amo mais ao que tenha fome até que seja alimentado. Amo mais aquele que sente frio até que seja aquecido. Amo mais ao que tem sede até que seja saciado. Amo mais aquele que se perdeu até que seja encontrado…. e assim ela nos brinda com grande sutileza enumerando todas as necessidades do filho mais amado até que chegue a necessidade do reencontro após a última separação.” 

Está é a resposta que ecoaria naturalmente de todas as mães, aquilo que está lá no fundo mas nem sempre sabemos falar. Somos programadas para proteger nossos filhos, portanto é natural que as mães estejam mais presentes na vida daquele filho que julguem mais precisar dela seja financeira, emocional ou psicologicamente. 

Gostar dos filhos de maneira diferente é natural

Mãe com filho "preferido" no colo

É o instinto natural de toda mãe. Os filhos, por não entenderem ser este um comportamento instintivo, o confundem com um amor desigual. É preciso porém que isto fique claro para as mães para que possam admitir para si mesmas seus sentimentos, pois o amor vai além dos instintos, das emoções e necessidades de auto proteção e preservação. 

Quando uma mãe se vê em uma situação onde a sobrevivência de um filho esteja em perigo, ela ultrapassa todos limites, inclusive colocando a própria vida em segundo plano em relação à vida do filho. Qualquer mãe oferecerá um órgão compatível a um dos filhos seja ele qual for, em caso de necessidade de um transplante, sem qualquer questionamento. Isto é amor. Pois é ação. É ato. O amor se traduz em atos que ultrapassam nossos padrões de auto amor e auto proteção. Acontece no campo da racionalidade da área mais sutil de nossa consciência. 

A diferença entre amar e gostar

Nunca se cobrem pelas emoções que experimentam pois as emoções transitam pelo campo do gostar. As mães amam igualmente cada filho mas gostam de forma diferente. O amor é genuíno, se apresenta de forma totalmente desvinculada dos instintos. O gostar é humano e está diretamente ligado as emoções. O amor é oferecido em igual proporção a cada filho uma vez que é infinito e imensurável. O gostar é proporcional as emoções que prevalecem nas relações, assim haverá um gostar mais acentuado em relação aquele filho que for mais presente, com o qual a mãe tiver maiores afinidades. Aquele que lhe der mais atenção e lhe fizer melhor companhia. 

Entenda a palavra companhia no sentido mais profundo, pois companhia é diferente de estar presente. É claramente possível, por exemplo, que um filho esteja presente na vida da mãe por questões financeiras e não lhe faça companhia genuína, o que permeará tal relação de emoções negativas.  Gostar de maneira individual de cada filho é presente em todas as mães. A tentativa de corresponder a uma figura ilusória de perfeição e de exigir está perfeição é que machuca, adoece e desequilibra as famílias.

Saibam filhos que são amados igualmente mas gostados de acordo com as emoções que despertam, com o que oferecem. O amor de mãe é incondicional o gostar não.

Se liberte da obrigação de ser perfeita

Mãe empoderada e se sentindo liberta

Mães, libertem-se da obrigação de serem perfeitas. Saibam que podem admitir todos os seus sentimentos em relação a seus filhos. Não precisam verbalizar e dizer claramente sobre suas preferências pois o falar pode machucar e deve ser evitado. Mas o saber que esses patamares são naturais evita o sofrimento por uma culpa sem sentido. Libertem-se desta culpa pois estes sentimentos são comuns em todas nós mesmo que a maioria tente nega-lo.

Quando encontrarem seus filhos disputando o seu amor, deixe que o façam pois isto tem haver  com eles. A maturidade também irá libertá-los da necessidade de serem os preferidos, mais queridos e escolhidos. Observe e fique tranquila, consciente de que o amor que sente por cada um deles é genuíno e o gostar merecido dentro da sua capacidade emocional. E mesmo que,aos olhos que a observam, você seja injusta por se manter mais junto a um ou outro, na sua infinita capacidade de se entregar por amor, você sabe que aquele filho necessita mais de voce devido as limitações que ele possui. Seja livre para ser a mãe que precisa ser.

Conclusão

O amor acontece no campo da razão e não das emoções. Não é sentimento. É traduzido em atos. Nos foi pedido que amássemos nossos inimigos e quando não entendemos o que é o amor isto se torna impossível. Podemos, mesmo sem gostar de alguém, praticar o amor adotanto atitudes corretas em relação a este alguém. Isto é o que chamamos “ato de amor”. Mas nos é impossível gostar de alguém que nos causa dor, algo natural dentro das nossas limitações humanas. Então, pratiquemos sempre o amor sem reservas em relação a todos principalmente aos nossos filhos, mas sejamos livres para gostar mais ou gostar menos daqueles que mereçam este sentimento.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Abrir bate-papo
Fale conosco!
Olá
Qual é a sua dúvida?