Força, Poder e o Equilíbrio entre Homens e Mulheres

O tempo em que vivemos: desequilíbrio e transição

Vivemos um momento histórico de transição profunda entre homens e mulheres. As antigas estruturas de papéis sociais estão se desmanchando, e, diante desse cenário, deficiências emocionais e psicológicas tornam-se cada vez mais visíveis e insustentáveis.

Às mulheres, hoje, cobra-se um tipo de poder que muitas vezes não está em sua natureza biológica e psicológica. Isso gera confusão, sofrimento e, por vezes, a perda de referências. O feminino, em sua essência, busca cuidado, provisão e proteção. Quando essas necessidades não são reconhecidas ou atendidas, as mulheres acabam oscilando entre a agressividade e a submissão, confundindo força com poder.

Essa confusão, no entanto, não se restringe ao universo feminino. Também os homens, quando frágeis, tornam-se agressivos ou submissos. Estamos, portanto, diante de uma sociedade em que a troca e a perda de valores fazem a violência escalar de forma contínua.

“Quando não sabemos a diferença entre força e poder, acabamos escravos daquilo que nos falta e não senhores daquilo que já possuímos.”

Força e poder: diferenças que mudam destinos

É essencial compreender a distinção entre força e poder. O poder é sereno. Ele existe em si mesmo, não depende de fatores externos, não precisa ser sustentado. O poder simplesmente é. Ele não conhece contrapoder, porque nasce de uma autoridade interior, que não se perde mesmo em meio ao caos.

A força, por outro lado, precisa ser alimentada constantemente. Ela só existe enquanto encontra uma contraforça que a sustente em confronto. Por isso, os fracos tornam-se mais agressivos: usam a força para compensar a ausência do verdadeiro poder.

Nos relacionamentos, esse ciclo se manifesta de forma clara: o primeiro grito leva ao primeiro empurrão, que leva ao primeiro tapa, e, dali em diante, a violência escala. Quando não há poder verdadeiro, a força se impõe, mas sempre em direção à destruição.

Família, sociedade e o ciclo da violência

A família é o núcleo de toda a sociedade, e é nela que vemos de forma mais nítida a escalada da violência. Se homens e mulheres não encontram seus lugares de poder — e não apenas de força —, a tendência é que a agressividade se desdobre primeiro dentro de casa, atingindo mulheres e crianças, para depois se alastrar por toda a sociedade.

Nenhum programa social, lei ou campanha será suficiente para conter essa onda, se não houver uma mudança de percepção mais profunda: a de que o masculino e o feminino não são apenas construções sociais ou papéis estereotipados, mas expressões de um poder presente na própria criação.

Em toda forma de vida existe a junção do masculino e do feminino. É essa união que permite a geração de algo novo, de algo perfeito. O poder verdadeiro não está na dominação de um sobre o outro, mas no equilíbrio entre ambos.

Homens e mulheres fortes: uma nova visão

Homens fracos se apoiam na força para sentir que têm poder. Tornam-se cada vez mais agressivos, pois não conseguem sustentar aquilo que não está dentro deles. Homens fortes, ao contrário, carregam em si o poder: não precisam da violência, porque sabem proteger, cuidar e prover.

Da mesma forma, mulheres fortes não precisam ser submissas nem agressivas. Elas conhecem o seu lugar de poder e permanecem firmes nele. Isso as liberta para serem amadas, protegidas e cuidadas, sem que isso diminua seu valor ou sua dignidade.

Estar no poder não significa estar contra o outro gênero, mas em equilíbrio com ele. O verdadeiro poder nasce da união, nunca da competição.

O simbolismo do lilás e a lição do equilíbrio

Estamos no Agosto Lilás, mês de conscientização pelo fim da violência contra a mulher. Mas poucos sabem por que a cor lilás foi escolhida como símbolo dessa luta.

O lilás nasce da junção do azul, que representa o masculino, com o rosa, que representa o feminino. Ele é, portanto, a cor do equilíbrio. Esse detalhe aparentemente simples carrega uma grande lição: quando masculino e feminino se encontram em harmonia, nasce algo poderoso, belo e transformador. Mas quando se afastam ou se colocam em conflito, o que emerge é destrutivo.

Hoje, a violência contra a mulher nunca foi tão evidente. E surge, inevitavelmente, a pergunta: por que a agressividade parece aumentar na mesma medida em que cresce o empoderamento feminino?

Talvez a questão não esteja em buscar uma resposta definitiva, mas em refletir: se as mulheres estão mais livres, inclusive financeiramente, por que ainda se veem em tantos relacionamentos abusivos?

O que realmente precisamos equilibrar?

A resposta pode não estar apenas na força de leis ou campanhas, mas em uma mudança de consciência coletiva: redescobrir o verdadeiro poder que nasce da união equilibrada entre masculino e feminino.

Homens e mulheres não são opostos em guerra, mas forças complementares de um mesmo todo. Quando entendemos isso, deixamos de usar a força para nos afirmarmos e passamos a viver a partir do poder que já carregamos dentro de nós.

O lilás, com sua beleza e equilíbrio, nos lembra que o caminho não é de dominação, mas de união.
E a reflexão que deixo é: será que temos cultivado mais força ou mais poder em nossos relacionamentos, nossas famílias e em nossa própria vida?

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